Sem apoio no Legislativo e prestes a ser destitu�do em um julgamento por corrup��o, o presidente preferiu se antecipar e dissolver o Congresso, eliminando pela raiz os planos de seu maior inimigo, o poderoso corre�smo (as for�as ligadas ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017)), que era maioria na casa.
Com isso, Lasso tamb�m estabeleceu um prazo de validade para o seu governo, que seguir� vigorando enquanto o Equador, em um prazo de tr�s meses, elege um novo presidente.
Conservador, mas, sobretudo, anticorre�sta, o ex-banqueiro assumiu o cargo para um mandato de quatro anos em maio de 2021, ap�s duas derrotas nas urnas. Chegou ao poder com uma mensagem de mudan�a, mas caiu rapidamente em desgra�a: mais de uma dezena de massacres em pris�es, o crescimento da inseguran�a e do tr�fico de drogas e protestos sociais violentos devido ao alto custo de vida colocaram uma corda em seu pesco�o.
Em junho passado, no entanto, ele escapou de uma primeira tentativa da Assembleia Nacional de destitu�-lo, em meio a manifesta��es lideradas por ind�genas, que deixaram seis mortos.
- Renova��o -
Lasso tomou posse com uma mensagem de renova��o, ap�s a d�cada do "socialismo do s�culo XXI" promovido por Correa, que, ao encerrar seu mandato, mudou-se para a B�lgica, onde permanece asilado. Popular ao longo de sua gest�o, o esquerdista acabou envolvido em esc�ndalos de corrup��o.
J� no cargo, a figura pessoal de Lasso voltou a ser a de um ex-banqueiro formal, r�gido. Manteve seu �mpeto contra o corre�smo, que, em troca, colocou-o contra as cordas no julgamento pol�tico, inconclusivo.
Em seus dois anos de governo, o presidente perdeu rapidamente legitimidade, a ponto de "nove a cada dez equatorianos n�o acreditarem nele e de ser suspeito de corrup��o", disse � AFP Paulina Recalde, que dirige o instituto de pesquisas Perfiles de Opini�n.
A credibilidade do presidente passou de 70% no come�o de seu governo para 10%. A queda ficou evidente quando ele convocou uma consulta popular em fevereiro, com a qual pretendia instaurar a extradi��o para combater a criminalidade.
Os eleitores deram as costas a esta e a outras sete propostas, que inclu�am temas como a redu��o do n�mero de deputados e o pagamento de indeniza��es para quem proteger o meio ambiente.
- Passado desconfort�vel -
Apontado por organiza��es sociais como distante dos problemas reais dos equatorianos, Lasso tem priorizado em seu governo os acordos de livre-com�rcio, como o assinado recentemente com a China.
� "um governo que nunca considerou a necessidade de construir um Estado que resguarde direitos e servi�os", comentou Santiago Cahuasqu�, cientista pol�tico da Universidade SEK, em Quito.
Casado com Mar�a de Lourdes Alc�var e pai de cinco filhos, Lasso viu sua sa�de se deteriorar ao longo de seu mandato: cirurgias devido a um cisto na coluna, c�ncer de pele e uma fratura na perna.
Embora o chefe de Estado n�o tenha conclu�do seus estudos de Economia, ele � um empres�rio experiente, que se orgulha de ter trabalhado desde os 15 anos para financiar seus estudos em uma escola cat�lica.
Nascido em uma fam�lia de classe m�dia, Lasso � o mais novo de 11 irm�os e ganhou fama como banqueiro, chegando � presid�ncia do Banco de Guayaquil, um dos mais importantes do Equador. Afastou-se do banco em 2012, quando fundou o movimento Criando Oportunidades (Creo), que contou com o apoio da direita tradicional.
No fim da d�cada de 1990, Lasso foi secret�rio de Estado (superministro) de Economia do ex-presidente Jamil Mahuad (1998-2000), deposto em meio a uma crise financeira nacional que levou centenas de milhares de equatorianos a migrar para Estados Unidos, Espanha e It�lia, principalmente.
QUITO