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Estado de Minas CANUDOS

Em risco de extin��o, arara-azul-de-lear freia projeto e�lico em Canudos


23/05/2023 10:16
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O parque e�lico em Canudos deveria abrir as portas � energia limpa na regi�o do sert�o baiano. Mas preocupa��es com outro tipo de impacto ambiental confrontam o projeto com moradores e protetores da arara-azul-de-lear, uma esp�cie em risco de extin��o.

Com ventos fortes e velocidade est�vel, a regi�o concentra mais de 90% da produ��o nacional de energia e�lica e o governo Lula pretende torn�-la o maior 'celeiro de renov�veis' do mundo.

A companhia francesa Voltalia obteve permiss�es e come�ou a construir, em 2021, um complexo e�lico com 28 turbinas com capacidade para produzir 99,4 megawatts no munic�pio de Canudos, no norte da Bahia, regi�o do semi�rido nordestino.

Mas rapidamente, o projeto se deparou com uma parede de cr�ticas ap�s a divulga��o de que as enormes torres de 90 metros, com aerogeradores de 120 metros, atravessam duas �reas onde a arara-azul-de-lear pernoita.

Assim nomeadas pelo nome do poeta e viajante ingl�s Edward Lear, que imortalizou estas aves em um de seus desenhos, no s�culo XIX, estas araras end�micas foram classificadas como esp�cie no fim dos anos 1970 e atualmente n�o h� mais de 2.000 exemplares na natureza.

"� muito arriscado e poder� aumentar consideravelmente os riscos de extin��o", diz � AFP Marlene Reis, do Projeto Jardins da Arara-de-lear, concentrado na preserva��o da esp�cie.

Para a especialista, o impacto do complexo e�lico "poder� ser irrevers�vel, especialmente para um bicho t�o emblem�tico como � o caso da arara, que habita e se reproduz, �nica e exclusivamente, naquela regi�o".

Em aten��o a estes argumentos, a justi�a federal paralisou, em meados de abril, a constru��o das turbinas (j� em fase final), derrubando as permiss�es dadas pelo estado da Bahia � Voltalia.

Segundo a decis�o, um complexo e�lico situado no territ�rio de esp�cies amea�adas ou em rotas de aves migrat�rias n�o pode ser considerado de baixo impacto ambiental.

A corte ordenou fazer estudos mais rigorosos, assim como consultar as popula��es locais.

A Voltalia, presente em quatro estados brasileiros e 20 pa�ses, denunciou a suspens�o "indevida" e recorreu da decis�o.

"As poss�veis consequ�ncias ambientais e sociais da implementa��o dos referidos empreendimentos foram exaustivamente tratadas", disse � AFP Nicolas Thouverez, gerente da empresa para o Brasil.

Estudos solicitados pelas autoridades do estado e a cargo de especialistas indicaram que a instala��o dos parques e�licos "de nenhum modo coloca a conserva��o da esp�cie em perigo e demostraram a viabilidade ambiental do projeto", acrescentou.

A empresa argumentou, ainda, que o impacto pode ser minimizado pintando as p�s das turbinas para aumentar sua visibilidade, colocando GPS nas aves ou instalando tecnologia que permite deter imediatamente as m�quinas ao detectar o sobrevoo das araras.

- "Em nome do progresso" -

O Brasil det�m o maior percentual de eletricidade limpa do G20 (89%) e � l�der na Am�rica Latina em gera��o de energia a partir de fontes renov�veis.

Segundo um relat�rio do Global Energy Monitor, as usinas e�licas e solares geram 27 gigawatts (21,5 e 5,4, respectivamente) e outros 217 gigawatts s�o esperados at� 2030.

O presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que assumiu a Presid�ncia em janeiro, prometeu impulsionar este potencial, ap�s quatro anos de deteriora��o das pol�ticas ambientais durante o governo de Jair Bolsonaro.

Lula quer transformar o nordeste, que abriga 725 dos 828 complexos e�licos do pa�s, "no maior celeiro de energia limpa e renov�vel do mundo", disse este m�s o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Silveira anunciou planos para instalar na regi�o at� 30 gigawatts de projetos de gera��o de energia limpa, especialmente e�lica e solar. Os investimentos podem chegar a 120 bilh�es de reais.

O complexo e�lico de Voltalia tamb�m suscita outras preocupa��es.

Nas zonas rurais em seu entorno, cerca de 7.500 pessoas ainda praticam uma ocupa��o comunit�ria da terra para agricultura e pecu�ria.

"O impacto � geral porque quebra todo o sistema e a cultura tradicional", diz � AFP Adelson Matos, de 65 anos, criador de cabras, ovelhas, vacas e galinhas, al�m de produtor de frut�feras na localidade vizinha de Alto Redondo.

O parque e�lico "quebra toda harmonia com o habitat natural", afirma, queixando-se do barulho, da circula��o de ve�culos dia e noite, altera��o do ciclo da chuva e vento com a infraestrutura gigantesca.

"Em nome do progresso, as pessoas acatam sem analisar", lamenta.

VOLTALIA


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