Banco Central Europeu comemora 25 anos em guerra contra a infla��o

Em plena guerra contra a infla��o, o Banco Central Europeu (BCE) comemora, nesta quarta-feira (24), seu primeiro quarto de s�culo, um per�odo marcado por crises, que obrigaram a institui��o a aumentar seu campo de a��o.

Cerca de 200 convidados s�o aguardados esta noite na torre de vidro e a�o do BCE, �s margens do rio Main, em Frankfurt.

No programa da noite, est�o previstos m�sica de Debussy e um bolo de anivers�rio, cortado pela presidente do banco, Christine Lagarde, e dois de seus antecessores, Jean-Claude Trichet e Mario Draghi.

A festa acontece, no entanto, enquanto a infla��o na zona do euro atinge um n�vel recorde, levando em conta que a institui��o, criada em 1� de junho de 1998, tem como miss�o principal control�-la dentro do poss�vel a um n�vel pr�ximo de 2%.

A infla��o atingiu 7% em abril, impulsionada pelos pre�os da energia e dos produtos importados.

"Garantiremos o retorno da infla��o para o nosso objetivo", assegurou Lagarde, nesta quarta, � imprensa europeia.

A infla��o anual foi de 2,05%, em m�dia, nos �ltimos 25 anos, durante os quais nove pa�ses entraram na zona do euro, que chegou, assim a 20 membros.

Al�m disso, o BCE assume, agora, a supervis�o dos grandes bancos europeus e o euro � a segunda moeda mundial, atr�s do d�lar.

- Crises existenciais -

Apesar da boa qualifica��o, o BCE tamb�m passou por momentos dif�ceis.

Precisou atravessar v�rias tempestades, como a amea�a de ver o euro implodir na d�cada de 2010, devido � crise das d�vidas p�blicas.

A uma longa fase de infla��o est�vel, seguiu-se uma forte acelera��o da alta dos pre�os, devido � guerra na Ucr�nia.

Pensando que seria um fen�meno passageiro, o BCE a princ�pio esperou antes de elevar as taxas b�sicas de juros a um n�vel in�dito de 3,75 pontos percentuais desde julho, correndo o risco de afetar um crescimento que j� era fr�gil.

Os juros ser�o "levados a n�veis suficientemente restritivos", o que ser� mantido "pelo tempo que for necess�rio" para que a infla��o retorne "o mais rapidamente poss�vel" � meta de 2%, acrescentou Lagarde.

As dificuldades enfrentadas pela zona do euro fizeram com que o arsenal monet�rio do BCE se estendesse para al�m da arma cl�ssica das taxas de juros: programas de compra de d�vidas p�blicas e privadas, flertando com a proibi��o que tem de financiar os pa�ses, e ondas de empr�stimos gigantescos aos bancos.

A institui��o tamb�m cometeu erros terr�veis. Em 2011, Jean-Claude Trichet elevou os juros quando uma crise estava em gesta��o. Seu sucessor, Mario Draghi, corrigiu a tend�ncia desde que assumiu o cargo e ganhou o apelido de "Super Mario", salvador da zona do euro.

Mas a gest�o solit�ria do italiano acabou por gerar uma desaven�a no conselho de governadores, onde trabalham os chefes dos bancos centrais nacionais, que t�m ideias divergentes.

- Euro digital -

Christine Lagarde ajudou a silenciar as vozes discordantes.

"Em um mundo inst�vel, o BCE tem garantido e continuar� fornecendo uma ancoragem confi�vel de estabilidade", escreveu a ex-diretora do FMI.

"Em cada crise pela qual passou, o BCE soube inovar e se adaptar, e � isso que deve ser lembrado antes de se destacar os erros ou as tens�es internas", disse Frederik Ducrozet, economista-chefe da Pictet Wealth Management.

Atualmente, o BCE emprega 4.200 pessoas, ou seja, dez vezes mais do que em 1999, e seu mandato continua evoluindo, ao querer dar um toque "verde" � pol�tica monet�ria frente ao imperativo do combate �s mudan�as clim�ticas.

Com rela��o ao euro, usado por cerca de 350 milh�es de europeus em 20 pa�ses, a moeda "sobreviver� por muitos anos mais no futuro", garantiu Lagarde.

A moeda tamb�m vai se transformar: o euro digital, como novo meio de pagamento em resposta ao 'boom' das criptomoedas, poder� ser lan�ado "em tr�s ou quatro anos", afirmou, nesta quarta, Fabio Panetta, membro da diretoria do BCE, em entrevista ao jornal franc�s Les Echos.