Os diplomatas reuniram-se na sede da Unesco para uma segunda etapa das negocia��es, das cinco agendadas para chegar a um acordo hist�rico sobre o ciclo de vida do pl�stico.
No encontro re�nem-se pa�ses com interesses divergentes, ONGs e tamb�m empresas dos setor pl�stico, para o desgosto dos ativistas ambientais, que tamb�m estar�o presentes nos debates.
O pontap� inicial foi dado na manh� desta segunda-feira pelo presidente da comiss�o, o peruano Gustavo Meza-Cuadra Vel�squez.
"O mundo est� nos observando", disse ele. "O desafio � enorme, todos n�s sabemos disso aqui, mas n�o � intranspon�vel", afirmou.
H� pouco mais de um ano, em Nair�bi (Qu�nia), foi alcan�ado um acordo de princ�pio para acabar com a polui��o com pl�sticos no mundo, com a ambi��o de desenvolver, at� o final de 2024, um tratado juridicamente vinculativo sob a �gide das Na��es Unidas.
Um grupo de ministros e representantes de cerca de 60 pa�ses se reuniu em Paris no s�bado para dar impulso �s negocia��es.
- "Bomba-rel�gio" -
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, pediu em um v�deo exibido na abertura da reuni�o nesta segunda-feira para "acabar com um modelo globalizado e insustent�vel" de produ��o e consumo de pl�stico, alertando para uma "bomba-rel�gio".
Os desafios s�o grandes, j� que a produ��o anual mais que dobrou em 20 anos, atingindo 460 milh�es de toneladas (Mt). Ainda pode triplicar at� 2060 se nada for feito.
No entanto, dois ter�os dessa produ��o global t�m uma vida �til curta e s�o descartados ap�s apenas um ou poucos usos; 22% s�o abandonados (lix�es, incinera��o ao ar livre ou descarga na natureza) e menos de 10% s�o reciclados.
"O objetivo principal deve ser reduzir a produ��o de novos pl�sticos e banir o quanto antes os produtos mais poluentes - como os pl�sticos descart�veis - e os mais perigosos para a sa�de", destacou Macron.
"H� um consenso sobre o que est� em jogo e h� uma vontade de agir", afirmou � AFP Diane Beaumenay-Joannet, da ONG Surfrider Foundation. Ela disse estar "muito otimista com o fato de estarmos avan�ando em um projeto de tratado", mas acredita que "sobre o conte�do preciso das obriga��es, ser� complicado, principalmente em rela��o � redu��o da produ��o".
- Retic�ncias -
A favor da redu��o, uma coaliz�o de pa�ses, liderada por Ruanda e Noruega, inclui, entre outros, a Uni�o Europeia (UE), o Canad� e v�rios pa�ses da Am�rica Latina, como M�xico, Peru e Chile. Seu objetivo � acabar com a polui��o pl�stica at� 2040.
Mas h� resist�ncia de outros pa�ses, que d�o maior �nfase � reciclagem ou � melhor gest�o de res�duos, como China, Estados Unidos, Ar�bia Saudita e em geral os pa�ses da Opep, que buscam proteger sua ind�stria petroqu�mica.
O pl�stico, derivado do petr�leo, � um material onipresente na vida cotidiana. Est� em embalagens, fibras de roupas, material de constru��o e instrumentos m�dicos.
Os res�duos v�o parar nos oceanos, nas calotas polares, no est�mago das aves e at� no topo das montanhas. Micropl�sticos tamb�m foram detectados no sangue, leite materno e em placentas.
"Os pa�ses desenvolvidos s�o os maiores consumidores e os que mais poluem. Eles produzem em outros pa�ses e enviam seus res�duos de volta para outros pa�ses", aponta Diane Beaumenay-Joannet.
Outra quest�o no problema da polui��o com pl�stico � seu papel no aquecimento global: em 2019 o problema gerou 1,8 bilh�o de toneladas de gases de efeito estufa, ou seja, 3,4% das emiss�es globais, n�mero que pode dobrar at� 2060, segundo a Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE).
PARIS