"It's Pablo-matic: Picasso According to Hannah Gadsby (� Pablo-m�tico: Picasso segundo Hannah Gadsby, em tradu��o livre)", de 2 de junho a 24 de setembro, � uma das mostras mais esperadas entre os muitos eventos, com o apoio de Fran�a e Espanha, que lembram os 50 anos da morte do pintor de "Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon)" (1907) e "Guernica" (1937).
Picasso (1881-1973) continua sendo um dos artistas mais influentes da arte moderna, considerado um g�nio. Mas em meio ao movimento #MeToo, a figura deste 'workaholic' com extensa produ��o � afetada por acusa��es de controle, �s vezes violento, que pode ter exercido sobre as mulheres com quem compartilhou sua vida e inspiraram sua obra.
Separar o homem do artista? A humorista australiana Gadsby se nega a faz�-lo nos coment�rios escritos e em �udio que acompanham as obras no Museu do Brooklyn com sinais de misoginia. Como exemplo, cita um p�nis no centro da tela "O escultor" (1931), segundo ela, uma prova de que Picasso "n�o era capaz de separar a si mesmo de sua arte em suas obras".
- "Admira��o e raiva" -
Catherine Morris, curadora principal do centro para a arte feminista do museu e cocuradora de "Pablo-matic", prop�e uma leitura mais moderada.
"Estamos diante de uma situa��o realmente complexa e com nuances de um artista que indiscutivelmente � um g�nio, mas tamb�m um ser humano imperfeito", explica Morris � AFP durante uma apresenta��o para a imprensa da qual Gadsby n�o participou.
"A admira��o e a raiva podem coexistir", adverte tamb�m o pre�mbulo da exposi��o, organizada com a colabora��o do Museu Picasso, em Paris, e que busca revisitar sua obra sob um olhar feminista.
Portanto, retrata Picasso entre mulheres, n�o as que representou em suas obras, mas as artistas de sua �poca. Elas "n�o tiveram o mesmo apoio e acesso �s estruturas institucionais que favoreceram o 'g�nio' Picasso", destaca Lisa Small, curadora principal de arte europeia no Museu do Brooklyn.
O visitante pode apreciar os desenhos de nus dos anos 1930 da americana Louise Nevelson (1899-1988), "totalmente revolucion�rios na �poca porque era muito dif�cil mulheres serem admitidas em cursos de desenho", explica Morris. Tamb�m pode apreciar a obra de K�the Kollwitz (1867-1945), figura do expressionismo alem�o "incrivelmente talentosa, tanto no plano t�cnico como no plano emocional", afirma Small.
A mostra inclui ainda figuras do movimento americano de arte feminista, liderado pelo Museu do Brooklyn, como a afro-americana Faith Ringgold e as Guerilla Girls.
Este movimento, encarnado no ensaio da historiadora de arte americana Linda Nochlin, "Why Have There Been No Great Women Artists? (Por que n�o houve grandes mulheres artistas?)", de 1971, teve seu auge nos anos anos 70, d�cada da morte de Picasso.
Cinquenta anos depois, "h� obras (de Picasso) incr�veis nesta exposi��o que continuam encantando", disse Morris. "O que lamento, � que Picasso foi, em grande parte, o �nico artista moderno que me ensinaram. H� uma hist�ria muito mais rica a explorar, da qual ele pode fazer parte", afirma a especialista.
NOVA YORK