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Estado de Minas AUSTIN

'Por que quase morri?': mulher narra impacto da restri��o do aborto nos EUA


19/06/2023 12:36
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Amanda Zurawski quase morreu esperando um aborto que ela n�o deseja, mas que era desesperadamente necess�rio.

"Meu marido e eu sempre soubemos que quer�amos ter filhos (...) nossa beb� foi muito, mas muito desejada", conta Zurawski, que ap�s 18 meses de tratamentos de fertilidade celebrava a t�o esperada gravidez em junho de 2022, justo quando a Suprema Corte dos Estados Unidos tornou o procedimento ilegal.

Dois meses depois, "tudo mudou", no momento em que Amanda planejava seu ch� de beb�.

A mulher de 36 anos estava com 18 semanas de gesta��o, e os m�dicos informaram que seu beb� n�o sobreviveria.

O pesadelo estava apenas come�ando para ela e seu marido no Texas, um estado conservador do sul do pa�s que, ap�s a decis�o da Suprema Corte, proibiu o aborto com rar�ssimas exce��es.

"O cora��o do beb� ainda estava batendo. Ent�o as leis do Texas proibiam os m�dicos de me darem o cuidado m�dico de que eu precisava, que era um aborto", contou ela em entrevista � AFP, de sua casa, na cidade de Austin.

"Quando nos disseram que a perda era inevit�vel, eu s� queria seguir em frente. Mas tive que esperar at� que minha vida estivesse em risco para que os m�dicos pudessem intervir (...) Foi assustador", enfatizou.

Tr�s dias depois de seu diagn�stico, ela entrou em choque s�ptico.

"Durante esses tr�s dias, eu n�o estava apenas de luto pela perda do meu beb�. Tamb�m estava aterrorizada, porque n�o sabia o que ia acontecer", disse.

Quando finalmente foi internada, Zurawski passou mais tr�s dias na UTI em estado cr�tico. Depois, voltou para casa, mas com cicatrizes f�sicas e emocionais que amea�am seu sonho de ser m�e.

"A sepse gerou tanto tecido fibroso no meu �tero que ele teve que ser removido cirurgicamente e cobriu por completo uma das minhas trompas de fal�pio. N�o sei se poderei engravidar novamente", indicou.

- Guerra cultural -

A discuss�o sobre o acesso ao aborto deve ter um papel importante na elei��o presidencial de 2024. H� anos, divide a sociedade americana e se tornou, nas �ltimas d�cadas, uma ferramenta para mobilizar, principalmente, o eleitorado republicano, apelando para valores culturais e religiosos.

Esse direito foi amparado constitucionalmente com a decis�o da Suprema Corte, em 1973, no caso conhecido como "Roe v. Wade". No ano passado, entretanto, a institui��o, hoje de maioria conservadora, reverteu a hist�rica decis�o.

Como resultado, embora diferentes pesquisas reflitam que a maioria dos americanos � a favor da legaliza��o do aborto, v�rios estados proibiram sua pr�tica, e outros impuseram restri��es severas.

No Texas, no �mbito de um estrito marco legal, m�dicos e pacientes correm o risco de sofrerem puni��es financeiras e pris�o.

"� como voltar no tempo (...) � quase surreal", opinou Zurawski.

Ela nunca imaginou que abra�aria o direito ao aborto como uma causa, mas, nos �ltimos meses, tem-se dedicado de corpo e alma a exigir mudan�as e a contar sua experi�ncia.

Junto com outras quatro mulheres, ela processou o estado do Texas em mar�o, devido ao calv�rio que sofreu. Em abril, confrontou os republicanos em uma comiss�o judicial do Senado, em Washington.

"O que aconteceu comigo foi horr�vel, mas � uma consequ�ncia direta das pol�ticas que eles apoiam", disse a eles, referindo-se � omiss�o de dois senadores do Texas, os republicanos John Cornyn e Ted Cruz.

"Eles dizem que s�o a favor da vida, mas o que isso tem a ver com estar a favor da vida? Por que quase morri? Por que meus futuros filhos est�o em perigo? N�o h� nada pr�-vida nisso", expressou.

- Willow -

Zurawski, que assim como seu marido trabalha na ind�stria de tecnologia, decidiu contar sua hist�ria para enfatizar que as pol�ticas de sa�de n�o podem ser moldadas por valores religiosos.

Branca, casada, profissional e com um robusto plano de sa�de, ela acredita que incomoda os conservadores por seu perfil.

"Eles tentam retratar as pessoas que precisam de aborto como jovens negras, solteiras, sem educa��o (...) Eu me vejo como o perfil demogr�fico que eles acreditam que nunca precisar� de um aborto", afirmou.

Consciente de sua posi��o privilegiada por ter estabilidade financeira e apoio emocional, ela usa sua voz para dar destaque �s mulheres que n�o t�m os mesmos recursos.

"H� pessoas que v�o morrer por causa disso, se ainda n�o morreram", ressaltou.

Amanda e Josh haviam chamado sua beb� de Willow, porque "representa resist�ncia diante da adversidade".

"Gosto de pensar que suas ra�zes nos ajudar�o a construir nossa fam�lia".

Mas, depois de v�rias rodadas de fertiliza��o in vitro sem sucesso, o mart�rio que ela enfrentou ainda a assombra. "Continuo lidando com o trauma, a depress�o, o estresse p�s-traum�tico. N�o consigo nem imaginar como tudo isso me afetar� se eu conseguir engravidar novamente".

"No Texas, nada mudou. Quem pode garantir que isso n�o vai acontecer de novo?", questionou.


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