Sem qualquer sinal de quando come�ar� a reduzir os juros, e apesar da press�o do governo Lula, o Copom manteve a taxa b�sica inalterada pela s�tima vez consecutiva, desde agosto de 2022.
A decis�o "� compat�vel" com a estrat�gia de converg�ncia da infla��o com a meta, que inclui o ano de 2024, assinalou o Copom na nota publicada ao final de sua quarta reuni�o do ano.
Mais de 120 institui��es financeiras e consultorias ouvidas pelo jornal econ�mico Valor projetavam que o comit� n�o mexeria na Selic, embora antecipando sinais de decl�nio desde agosto.
Contudo, a nota do Copom n�o oferece ind�cios claros de avan�os nesse sentido.
O comit� destacou que, "n�o obstante o arrefecimento recente dos �ndices de infla��o cheia ao consumidor, antecipa-se uma eleva��o da infla��o acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre".
Por isso, o cen�rio "segue demandando cautela e parcim�nia", segundo o Copom.
Desde a posse de Lula em janeiro, o governo vem defendendo uma redu��o da Selic, argumentando que os juros elevados encarecem o cr�dito, desestimulando o consumo e os investimentos, o que prejudica o crescimento econ�mico.
Ap�s numerosos embates com as autoridades do Banco Central, Lula insistiu na v�spera da reuni�o do Copom: "Apenas o juro precisa baixar, porque [o n�vel atual] tamb�m n�o tem explica��o", disse.
O pre�o da "carne baixou, em alguns lugares j� baixou 27% [...] As coisas est�o baixando, e precisam baixar muito mais. A infla��o est� baixando", justificou o presidente.
Em maio, a infla��o foi de 0,23%, e de 3,94% no acumulado em 12 meses, ficando abaixo do limite m�ximo da meta anual do Bacen (4,75%).
No entanto, o Copom mant�m os olhos voltado para as proje��es de infla��o do mercado para o fim deste ano, de 5,12%, segundo o boletim Focus do Banco Central. E as de 2024, por volta de 4%, com base no mesmo boletim.
- 'Paci�ncia' -
A taxa de juros real do Brasil, ou seja, descontando infla��o projetada para os pr�ximos 12 meses, � de 7,54%, a mais alta do mundo, segundo o site especializado MoneYou.
Al�m disso, a taxa nominal � a segunda maior do planeta, atr�s apenas da Argentina (97%).
Entretanto, o Bacen conduzir� a pol�tica monet�ria com "paci�ncia e serenidade", segundo o comunicado da entidade, baseando seus passos futuros em indicadores econ�micos e expectativas de longo prazo.
A Selic chegou a 13,75% ap�s uma s�rie de aumentos consecutivos desde mar�o de 2020, quando estava em um piso hist�rico de 2%, at� agosto de 2022.
Al�m das cr�ticas de Lula, o setor industrial voltou a manifestar descontentamento com o atual patamar da Selic.
A Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp) afirmou em nota que "nada justifica o Brasil seguir com o t�tulo de campe�o mundial de juros reais".
"Juros altos despropositados empobrecem o pa�s. Fam�lias e empresas est�o endividadas e o cr�dito est� caro e escasso. Esse ambiente hostil compromete o futuro do Brasil", onde "a din�mica inflacion�ria est� contida", declarou a Fiesp na nota assinada por seu presidente, Josu� Christiano Gomes da Silva.
No mesmo sentido se manifestou a Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), ao considerar "equivocada" a decis�o do Copom, que "imp�e riscos adicionais para atividade econ�mica".
O resultado do PIB surpreendeu no primeiro trimestre, com expans�o de 1,9%, indo contra os progn�sticos de crescimento baixo por conta dos juros altos.
A expectativa do PIB melhorou para 2,14% este ano, contra 1,20% h� um m�s, segundo o boletim Focus.
Al�m disso, o Copom destacou um clima "adverso" no ambiente externo.
Por exemplo, o Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed, banco central) interrompeu na semana passada seu ciclo de aumentos nas taxas de juros, que est�o na faixa entre 5 e 5,25%.
Mas o presidente do Fed, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira ao Congresso americano que espera continuar aumentando os juros, por�m de forma mais lenta.
BRAS�LIA