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Estado de Minas MONTEVID�U

Uruguai ratifica 'compromisso democr�tico' ao recordar 50 anos do golpe de Estado


27/06/2023 05:58
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O Uruguai ratificou na segunda-feira (26) o compromisso de preservar a democracia ao recordar os 50 anos do golpe de Estado que provocou a �ltima ditadura mo pa�s, um regime c�vico-militar que durou 12 anos, cujos ecos ainda s�o sentidos.

O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e os tr�s ex-presidentes da abertura democr�tica ainda vivos - Julio Mar�a Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000), Luis Lacalle Herrera (1990-1995) e Jos� Mujica (2010-2015) - participaram em um ato na sede do Poder Legislativo, que foi acompanhado por uma vig�lia nos arredores do pr�dio, organizada pela sociedade civil.

"H� 50 anos, a ditadura tentou calar os representantes do povo. Hoje queremos ratificar nosso compromisso democr�tico neste Parlamento eleito democraticamente pelos cidad�os", afirmou a vice-presidente, Beatriz Argim�n, na abertura da cerim�nia.

A �ltima sess�o do Senado antes da dissolu��o das duas C�maras, na madrugada de 27 de junho de 1973, foi recriada com imagens daquela noite projetadas na c�pula do edif�cio, enquanto foram ouvidos discursos emblem�ticos de legisladores da �poca.

A apresenta��o foi aplaudida pelos participantes, v�rios deles emocionados, que em seguida cantaram o hino nacional no majestoso Sal�o dos Passos Perdidos, invadido pelos militares h� cinco d�cadas.

A fachada do Pal�cio Legislativo foi iluminada com as cores da bandeira uruguaia e as palavras "Democracia para sempre", a frase escolhida para marcar a data.

Nos arredores do pr�dio, centenas de velas foram acesas para marcar o "dia de reflex�o", convocado pelo grupo Jacarand�, integrado por ativistas sociais e sindicatos.

- "Guerra interna" -

A �ltima ditadura no Uruguai come�ou em 27 de junho de 1973, quando o ent�o presidente, Juan Mar�a Bordaberry, decretou o fechamento do Parlamento com o apoio das For�as Armadas. Mas a ruptura institucional vinha sendo preparado desde fevereiro daquele ano, quando v�rios militares se insurgiram contra a nomea��o de um ministro.

O clima de "guerra interna" n�o era novidade.

Historiadores apontam como antecedentes a crise econ�mica em meados dos anos 1950 e a posterior deteriora��o social e econ�mica. Foi na d�cada de 1960 que surgiu a guerrilha urbana Movimento de Liberta��o Nacional-Tupamaros (MLN-T), entre outros grupos de esquerda radical inspirados na Revolu��o cubana.

As a��es de luta armada aumentaram o peso dos militares na vida pol�tica em um contexto de Guerra Fria, ao qual o Uruguai, assim como o restante do Cone Sul, n�o ficou alheio, afirmam analistas.

A abertura democr�tica da d�cada de 1980 na regi�o tamb�m ocorreu no Uruguai. Ap�s uma sa�da combinada com os militares, em 1� de mar�o de 1985 o pa�s encerrou um per�odo obscuro de sua Hist�ria, que deixou dezenas de milhares de opositores presos, proscritos e exilados.

Oficialmente, s�o contabilizadas 197 pessoas desaparecidas em a��es atribu�das ao Estado uruguaio entre 1968 e 1985, a grande maioria presos na Argentina no �mbito do Plano Condor de colabora��o entre os regimes militares da regi�o.

- Junho intenso -

No Uruguai foram identificados cinco presos desaparecidos enterrados em edif�cios militares. Os restos mortais de uma mulher, encontrados em 6 de junho em uma unidade do Ex�rcito, ainda est�o sob an�lise.

Em 2 de junho, dois militares reformados do Uruguai foram condenados a 12 anos de pris�o por crimes contra a humanidade, cometidos durante a ditadura contra militantes comunistas.

E no dia 15 de junho, a Justi�a argentina emitiu um apelo internacional para que seja preservado um avi�o encontrado em territ�rio uruguaio, que teria transportado presos durante o Plano Condor.

Em cumprimento a senten�as da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado uruguaio realizou dois reconhecimentos p�blicos de sua atua��o ileg�tima durante o regime.

O ato de repara��o mais recente ocorreu em 15 de junho, quando admitiu a execu��o extrajudicial das tr�s "Muchachas de abril" (Mo�as de abril), assim como dois desaparecimentos for�ados ligados a estes casos. Em 2012, o Estado assumiu sua responsabilidade no desaparecimento, em 1976, da argentina Mar�a Claudia Garc�a, nora do poeta Juan Gelman.

Bordaberry, que em 1976 foi substitu�do por presidentes militares, morreu em 2011. Ele estava em pris�o domiciliar desde 2007, processado por viola��es dos direitos humanos.

Gregorio "Goyo" �lvarez, o �ltimo militar que governou o Uruguai (1981-85), morreu em 2016, enquanto cumpria pena de 25 anos de pris�o pelo homic�dio de 37 pessoas no �mbito do Plano Condor. Ele foi um dos que entraram no Sal�o dos Passos Perdidos h� 50 anos.


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