A morte de Nahel, 17 anos, ap�s se negar a parar em uma barreira policial comoveu o pa�s e foi condenada por autoridades, pol�ticos e celebridades. Tamb�m gerou dist�rbios em Nanterre, que voltaram a acontecer na madrugada desta quinta-feira (29), apesar da mobiliza��o anunciada de 2.000 policiais do batalh�o de choque.
Mais de uma dezena de ve�culos e mobili�rio urbano foram queimados naquela cidade, onde tamb�m foram erguidas barricadas. A pol�cia efetuou 77 pris�es nesta segunda noite, em Paris e regi�o. Os dist�rbios se estenderam a outras regi�es da Fran�a, como Lyon, Toulouse e Lille.
O incidente ocorreu na manh� de ter�a-feira. Inicialmente, fontes policiais disseram que um agente abriu fogo quando o motorista do ve�culo tentou atropelar dois membros da pol�cia motorizada em Nanterre. No entanto, um v�deo publicado nas redes sociais, cuja autenticidade foi comprovada pela AFP, mostra o momento em que um agente aponta uma arma para o motorista e atira � queima-roupa quando ele acelera com o ve�culo.
Na grava��o, � poss�vel ouvir a frase: "Voc� vai levar um tiro na cabe�a", mas n�o fica claro quem a pronuncia.
A fuga do jovem terminou metros � frente, quando o carro bateu contra um poste. A v�tima morreu pouco depois de ser atingida por um tiro no t�rax.
O agente de 38 anos que atirou contra o jovem est� sob cust�dia da pol�cia como parte da investiga��o de homic�dio doloso por parte de um funcion�rio p�blico, anunciou o Minist�rio P�blico. "Nada justifica a morte de um jovem", disse o presidente franc�s.
O porta-voz do governo, Olivier V�ran, pediu "calma" em um contexto de "emo��o muito forte".
"As imagens sugerem que o procedimento da opera��o legal n�o foi respeitado", declarou a primeira-ministra Elisabeth Borne.
"A pena de morte n�o existe mais na Fran�a. Nenhum policial tem o direito de matar, exceto em caso de leg�tima defesa", tuitou o pol�tico de esquerda Jean-Luc M�lenchon.
"Estou sofrendo pela minha Fran�a. Uma situa��o inaceit�vel", tuitou o atacante Kylian Mbapp�, do Paris Saint-Germain (PSG), que em 2020 tamb�m reagiu ao espancamento de policiais a um produtor musical negro, Michel Zecler, em Paris.
Essas declara��es foram criticadas por um dos principais sindicatos policiais, Alliance, e por dirigentes da extrema direita.
Alliance considerou "inconceb�vel que o presidente da Rep�blica, assim como alguns dirigentes pol�ticos, artistas e outros desconsiderem a separa��o de poderes e a independ�ncia da Justi�a condenando nossos colegas antes que se pronunciem".
A ex-candidata presidencial Marine Le Pen, l�der do Reagrupamento Nacional (RN, extrema direita), denunciou uma rea��o "irrespons�vel" por parte de Macron.
- Passeata em homenagem -
A primeira noite de dist�rbios na regi�o de Paris, concentrados, principalmente, em Nanterre, terminou com mais de 40 carros incendiados, 31 pessoas detidas e 24 policiais levemente feridos.
"Nossa cidade acordou em choque, abalada, marcada e preocupada com esta onda de viol�ncia", disse o prefeito da localidade, Patrick Jarry, que tamb�m fez um apelo por calma e pediu "justi�a para Nahel".
A m�e do adolescente convocou, em uma mensagem na rede social TikTok, uma passeata em homenagem a Nahel, na tarde de quinta-feira, perto do local da morte. "� uma revolta por meu filho".
As for�as de seguran�a na Fran�a s�o acusadas com frequ�ncia de abusos ou uso excessivo da for�a, como durante a ca�tica final da Liga dos Campe�es em 2022 e nos protestos recentes contra a reforma da Previd�ncia.
Por�m, a trag�dia mais recente provocou uma onda de indigna��o. A Fran�a registrou 13 mortes em 2022 durante incidentes similares. Em meados de junho, um guineense foi morto perto de Angouleme (centro) por um tiro de um agente.
Em maio, v�rios pa�ses expressaram �s Na��es Unidas sua preocupa��o com a viol�ncia policial e a discrimina��o racial na Fran�a, durante uma avalia��o peri�dica � qual se submetem a cada quatro anos os pa�ses da ONU.
PARIS