"Justi�a para Nahel", diz o lema na camiseta branca que Mounia veste, em refer�ncia ao filho morto na ter�a-feira com um tiro disparado pela pol�cia quando se recusou a obedecer aos agentes durante uma blitz.
Aproximadamente 6.200 pessoas responderam ao chamado desta m�e que criou seu filho sozinha para participar dessa marcha celebrada em Nanterre e que degenerou em confrontos e em inc�ndios de carros e mobili�rio urbano.
"S�o sempre os mesmos os atacados, os negros e os �rabes, os bairros pobres. Matam um rapaz de 17 anos assim, sem motivo. Essa morte nos d� �dio", explica Ayoub, de 16 anos, vestido de preto.
Nem ele, nem seu amigo Rayane, de 17 anos, est�o surpresos pelos carros incendiados e o disparo de morteiros nas �ltimas duas noites em seus bairros. "As pessoas est�o fartas, as gera��es passam e sempre a mesma coisa, o que mudou desde 2005?", disse Ayoub.
O adolescente se refere aos dist�rbios que eclodiram naquele ano nos sub�rbios das grandes cidades francesas, depois que dois adolescentes perderam a vida eletrocutados quando fugiam da pol�cia em Clichy-sous-Bois, a nordeste da capital.
Apenas no ano passado, 13 pessoas morreram em blitzes e muitos eram negros ou de origem �rabe. Em meados de junho, um guineense de 19 anos perdeu a vida em Angoul�me (centro) em circunst�ncias semelhantes.
- "Era apenas um menino" -
Os ativistas est�o h� anos reclamando da linha dura da pol�cia nos sub�rbios multi�tnicos da Fran�a, mas os sindicatos de policias respondem que enfrentam uma tarefa imposs�vel nesses locais com altos �ndices de criminalidade e onde n�o s�o bem recebidos.
A mistura de �dio e medo est� presente na marcha que percorre a avenida Pablo Picasso at� a pra�a Nelson Mandela. "Pol�cia assassina", "Todo mundo odeia a pol�cia" e " A Rep�blica mata os nossos filhos", gritam os manifestantes.
Nahel "era apenas um menino. N�s o conhec�amos um pouco. Todo mundo se conhece por aqui", afirma Fanta Traore, funcion�ria de uma escola de 36 anos, que diz n�o acreditar na pol�cia e entender a indigna��o, mesmo depois que seu carro foi incendiado nos dist�rbios de quarta-feira.
"Pessoalmente, a pol�cia me d� medo", acrescenta Corinne, uma negra de 45 anos, moradora do local, que diz n�o aguentar mais. "A forma como falam com voc� � grosseira e a gente sempre sabe que as coisas podem sair do controle rapidamente".
As autoridades pediram calma e para se "evitar uma escalada", j� que as duas noites de dist�rbios j� deixaram escolas, prefeituras e delegacias, assim como carros e mobili�rio urbano incendiados por toda a Fran�a.
Corinne reconhece que "queimar coisas n�o � a solu��o". "Est�o destruindo a propriedade de outras pessoas em nossa comunidade. Mas talvez seja a �nica forma de sermos ouvidos e parece que est� dando certo", acrescenta.
NANTERRE