Prevendo outra noite turbulenta, o governo mobilizou 40.000 agentes em todo o pa�s, que, por volta das 3h locais, j� haviam efetuado 421 deten��es, segundo o entorno do ministro do Interior. A maioria dos detidos tem de 14 a 18 anos, segundo as fontes.
A viol�ncia come�ou na �ltima ter�a-feira, nos arredores de Paris, e se estendeu a outras partes da Fran�a, depois da morte de Nahel, 17 anos. O adolescente foi atingido por um disparo � queima-roupa efetuado por um agente durante uma blitz, registrado em v�deo.
Em um relat�rio interno, os corpos de seguran�a previam "uma generaliza��o" da viol�ncia nas pr�ximas noites, com "a��es voltadas contra as for�as da ordem e os s�mbolos do Estado", disse uma fonte policial.
"N�o culpo a pol�cia, culpo uma pessoa: a que tirou a vida de meu filho", disse ao canal France 5 Mounia, m�e de Nahel, em sua primeira entrevista desde o ocorrido. Segundo ela, o agente "viu um rosto �rabe, um pequeno rapaz, e quis tirar sua vida".
Durante o dia, Mounia liderou uma marcha de protesto em sua cidade, Nanterre, a oeste de Paris, que terminou com confrontos com a pol�cia, destrui��o de mobili�rio urbano e muito g�s lacrimog�neo.
- Saques no centro de Paris -
Ao cair da noite, a viol�ncia emergiu com mais for�a. Em Paris, lojas no centro comercial Halles e na rua Rivoli, que leva ao Museu do Louvre, foram "vandalizadas", "saqueadas" ou "incendiadas", segundo uma fonte policial.
Em Pau, no sudoeste, manifestantes atiraram um coquetel molotov contra uma delegacia, informou a prefeitura. Em Lille, no norte, uma reparti��o distrital foi incendiada, e outra, apedrejada, segundo a prefeitura.
Na noite anterior, delegacias, prefeituras, escolas e carros foram incendiados em v�rias cidades, com um balan�o de 180 detidos e 170 membros das for�as de seguran�a feridos.
O presidente Emmanuel Macron criticou os epis�dios de viol�ncia "injustific�veis" contra "as institui��es e a Rep�blica", e sua primeira-ministra, �lisabeth Borne, fez um apelo para "evitar uma escalada".
Tr�s cidades pr�ximas da capital decretaram toque de recolher noturno. Na regi�o de Paris, �nibus e bondes deixaram de circular �s 21h locais.
- Agente pede perd�o -
Ap�s a onda de protestos gerada pela reforma do sistema previdenci�rio, entre janeiro e maio, a Fran�a vive um epis�dio semelhante pela morte de Nahel, que se negou a obedecer �s ordens de dois agentes durante uma blitz de tr�nsito em Nanterre.
Um v�deo publicado nas redes sociais, cuja autenticidade foi comprovada pela AFP, mostra o momento em que um agente aponta uma arma para o motorista e atira � queima-roupa quando ele acelera com o ve�culo.
A fuga do jovem, que j� havia sido fichado na pol�cia por atos similares e tampouco tinha idade para dirigir, terminou poucos metros � frente, quando o carro bateu contra um poste. Ele morreu pouco depois pelo disparo no t�rax.
Nesta quinta-feira, a Justi�a decretou a pris�o preventiva por homic�dio doloso do policial de 38 anos suspeito de ter atirado no adolescente, segundo o Minist�rio P�blico, que considerou que o uso de sua arma n�o foi legalmente justific�vel.
Seu advogado garantiu que o agente pediu perd�o � fam�lia e que estava "extremamente comovido" com a viol�ncia do v�deo veiculado com o ocorrido.
"As primeiras palavras que ele pronunciou eram para pedir perd�o, e as �ltimas, para pedir perd�o � fam�lia", declarou Laurent-Franck Li�nard ao canal BFMTV.
"Ele est� destru�do. N�o acorda de manh� para matar gente. N�o quis matar", acrescentou.
- Mesmos atacados -
O drama gerou indigna��o generalizada, do presidente Macron ao jogador de futebol Kylian Mbapp�, especialmente no momento em que a viol�ncia policial � um tema recorrente na Fran�a, onde 13 pessoas morreram em situa��es similares � de Nahel em 2022.
"Sempre os mesmos s�o atacados, os negros e os �rabes, os bairros pobres. Matam um menino de 17 anos assim, sem motivo. Esta morte nos causa muito �dio", declarou � AFP Ayoub, de 16 anos, vestido de preto, durante a marcha em Nanterre.
Na mem�ria coletiva dos franceses ainda est�o os tumultos que explodiram em 2005 nas periferias das grandes cidades, depois que dois adolescentes morreram eletrocutados quando fugiam da pol�cia em Clichy-sous-Bois, nordeste da capital.
O governo do ent�o presidente conservador Jacques Chirac decretou estado de emerg�ncia, uma medida que tanto a direita quanto a extrema direita pedem neste momento, mas que, por ora, n�o est� sendo cogitada pelas autoridades.
O governo enfrenta uma situa��o delicada, em particular porque as cr�ticas feitas ontem geraram mal-estar entre as associa��es de policiais. Agora, o Executivo tenta combinar firmeza diante dos dist�rbios com um apaziguamento para evitar o agravamento da tens�o.
PARIS