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Estado de Minas SAN FRANCISCO

Americanos negros exigem indeniza��o por racismo sist�mico


30/06/2023 10:07
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Lynette Mackey cresceu ouvindo m�sica na varanda de sua casa em Fillmore, um distrito predominantemente negro de San Francisco que sofreu com as pol�ticas urbanas descritas como "uma forma de apartheid" por vozes da popula��o negra.

Mackey olha para o passado e se junta a um grupo de centenas de ex-moradores que agora exigem indeniza��o pelo que acreditam ter sido danos materiais e emocionais.

Fillmore, que j� foi o epicentro do jazz na Calif�rnia, foi apelidado ap�s a Segunda Guerra Mundial de "Harlem do Oeste", em refer�ncia ao conhecido bairro de Nova York, na costa leste dos Estados Unidos.

Essa fama durou at� as d�cadas de 1960 e 1970, quando a cidade aprovou novas pol�ticas urbanas que pressionaram centenas de moradores, como a fam�lia Mackey, a leiloar suas propriedades a pre�os baix�ssimos.

"Foi um roubo (...). Agora vale milh�es", disse ela em entrevista � AFP.

Mas al�m do material, Mackey lamenta o dano emocional. "Eles destru�ram uma fam�lia feliz", contou esta mulher de 63 anos.

Seus irm�os e outros parentes se mudaram para cidades mais distantes da Calif�rnia, como Oakland e a capital Sacramento, a cerca de 140 quil�metros de Fillmore.

"� um exemplo perfeito de por que merecemos repara��es", acrescentou Lynette.

- Indeniza��o financeira -

Os Estados Unidos debatem h� d�cadas sobre repara��es, uma compensa��o financeira pelos danos causados pelo racismo sist�mico que decorre do sistema escravagista.

Mas em 2020, com o assassinato de George Floyd pelas m�os de um policial branco em Minnesota e os protestos em massa que abalaram as ruas, a discuss�o ganhou uma nova dimens�o.

A cidade de Evanston, em Illinois, foi a primeira a aprovar um plano de indeniza��o pela desigualdade racial.

Mas a Calif�rnia foi o primeiro estado a criar uma equipe multidisciplinar para avaliar formas de compensa��o por anos de escravid�o e o impacto econ�mico do racismo.

O grupo de trabalho entregou seu relat�rio hist�rico aos legisladores nesta quinta-feira (29). N�o levantou uma quantia espec�fica em dinheiro, mas prop�s uma f�rmula baseada em diversas vari�veis para calcular o valor das repara��es econ�micas.

Por exemplo, um afrodescendente de 70 anos poderia receber US$ 1,4 milh�o de indeniza��o (R$ 6,8 milh�es, na cota��o atual), segundo c�lculos do relat�rio.

No documento de mais de mil p�ginas, a equipe considera que os americanos negros sofreram expropria��o e discrimina��o sist�mica. Os n�meros tamb�m revelam taxas desproporcionais de encarceramento.

San Francisco tamb�m criou um comit� para tratar do assunto. Em mar�o de 2023, a inst�ncia prop�s pagar cinco milh�es de d�lares (24,2 milh�es de reais, na cota��o atual) a cada americano negro - que se qualificasse com condi��es espec�ficas - e 100.000 d�lares (485 mil reais, na cota��o atual) por ano durante 250 anos como repara��o pelo passado escravista.

Mas a proposta foi considerada invi�vel por pol�ticos como o l�der do Partido Republicano em San Francisco, John Dennis.

- "Uma forma de apartheid" -

Segundo especialistas, a redu��o da popula��o negra em San Francisco (de 13% em 1970 para 5% hoje) se deve �s pol�ticas discriminat�rias das autoridades locais.

A renova��o urbana "matou a nossa comunidade e nunca nos recuperamos", disse o m�sico de jazz, Sam Peoples.

Natural de Fillmore, Peoples viu sua fam�lia perder a loja e a casa, confiscadas pela prefeitura.

O pianista, de 76 anos, viveu para ver os restaurantes tradicionais desaparecerem gradualmente, assim como os clubes de jazz onde seu pai tocava saxofone e que eram frequentados por nomes como Duke Ellington, Billie Holiday e Ella Fitzgerald.

Onde estava um dos mais famosos, o Jimbo's Bop City, agora existe uma barbearia com cortes de cabelo que custam mais de 100 d�lares (485 reais, na cota��o atual).

"Perdemos o senso de comunidade. A espinha dorsal (do bairro) foi arrancada", lamentou.

"N�o foi a renova��o urbana, foi a expuls�o dos negros (...). Foi uma forma de apartheid", afirmou o pastor Amos Brown, que prega na igreja evang�lica do distrito desde 1976.

Para Brown, de 82 anos, que militou com Martin Luther King, os relat�rios das equipes de trabalho n�o devem ser arquivados por quest�es or�ament�rias.

"Se n�o temos todo o dinheiro (...) pelo menos comprometa-se, fa�a um pagamento inicial", pediu aos pol�ticos.

"Os Estados Unidos t�m que pagar sua d�vida com os negros", disse.


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