Jair Bolsonaro, o pol�mico ex-presidente fora de combate (por enquanto)

Ap�s um governo marcado pelo estilo provocador em um mandato salpicado por uma s�rie de esc�ndalos, Jair Bolsonaro est� fora do combate pol�tico ao ser declarado ineleg�vel pelo TSE, embora n�o tenha a inten��o de se afastar de quase metade do eleitorado brasileiro que votou nele em outubro.

Este ex-capit�o do Ex�rcito, de 68 anos, foi declarado ineleg�vel por oito anos nesta sexta-feira (30), por fazer ataques sem provas �s urnas eletr�nicas meses antes de perder as elei��es para seu advers�rio pol�tico, Luiz In�cio Lula da Silva.

"N�o vou me desesperar" se for condenado. "Vou continuar fazendo a minha parte", disse Bolsonaro dias antes do veredicto, convencido de sua import�ncia como l�der da direita.

Desde que voltou de uma temporada de tr�s meses nos Estados Unidos, em 30 de mar�o, o ex-presidente tem se mantido ativo nos bastidores pol�ticos, com reuni�es em Bras�lia com membros do Partido Liberal (PL), ao qual � filiado e que � majorit�rio no Congresso.

Seu mandato (2019-2022) foi marcado por esc�ndalos e crises, da gest�o que seu governo fez da pandemia de covid-19 a suas acusa��es infundadas de fraude eleitoral.

- "Trump dos tr�picos" -

Conhecido por seu estilo provocador e divisivo que lhe rendeu o apelido de "Trump dos tr�picos", Bolsonaro emergiu no cen�rio nacional como candidato � Presid�ncia em 2018.

Com um discurso sedutor anticorrup��o e de "azar�o", ele cativou muitos brasileiros durante a campanha, cansados dos partidos tradicionais envolvidos em esc�ndalos.

Ele sobreviveu a uma facada durante um com�cio de campanha em Juiz de Fora (MG), o que apenas aumentou a f� de seus apoiadores em seu "Messias".

Com sua linguagem popular, Bolsonaro incendiou o fervor dos conservadores com seus ataques ao "comunismo", � "ideologia de g�nero" e � corrup��o na pol�tica.

E ele contou com o apoio de influentes grupos lobistas, como das armas, do agroneg�cio e do vasto eleitorado evang�lico.

Seus cr�ticos, por outro lado, o acusaram de racismo, machismo e homofobia.

Ele sofreu um desgaste especialmente por seu gerenciamento da pandemia do coronav�rus, que deixou 700.000 mortos no pa�s, ficando atr�s apenas dos Estados Unidos em n�meros absolutos.

Bolsonaro minimizou a gravidade da covid-19, desafiou dados cient�ficos para combat�-la, zombou do uso de m�scaras e alertou, em tom ir�nico, que as vacinas poderiam transformar as pessoas em "jacar�s".

Internacionalmente, ele foi alvo de cr�ticas pelo desmatamento na Amaz�nia, que aumentou mais de 70% durante seu mandato em rela��o � m�dia anual da d�cada anterior.

- Sumido das redes sociais -

As pol�micas continuaram at� os �ltimos dias de seu mandato e al�m.

Ap�s perder as elei��es por uma margem estreita, Bolsonaro se recusou a parabenizar o presidente eleito Lula e a admitir abertamente sua derrota. Ele mergulhou em um sil�ncio in�dito, at� mesmo em suas redes sociais, onde costumava ser hiperativo.

Bolsonaro viajou para os Estados Unidos dois dias antes do fim de seu mandato e n�o compareceu � posse do rival, em 1� de janeiro.

Uma semana depois, milhares de seus apoiadores invadiram e vandalizaram as sedes dos Tr�s Poderes, em Bras�lia, em uma tentativa fracassada de derrubar Lula.

De volta ao Brasil, o ex-presidente enfrenta cinco processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que poderiam lev�-lo � pris�o. O mais recente investiga se ele instigou os ataques de 8 de janeiro.

Ele tamb�m � investigado pela Pol�cia Federal e pelas autoridades fiscais por supostamente tentar entrar no pa�s com joias n�o declaradas avaliadas em milh�es de reais que ele e sua esposa, Michelle, receberam da Ar�bia Saudita.

- Insubordina��o -

Nascido em 1955 em Campinas, interior de S�o Paulo, em uma fam�lia de origem italiana, Jair Messias Bolsonaro seguiu uma carreira militar marcada por epis�dios de insubordina��o.

Abertamente nost�lgico da ditadura militar (1964-1985), ele iniciou sua carreira pol�tica como vereador pelo Rio de Janeiro em 1988. Dois anos depois, foi eleito para a C�mara dos Deputados, onde permaneceu at� se tornar presidente.

Desde o in�cio de sua carreira pol�tica, ele ficou conhecido principalmente pelas seguidas controv�rsias.

Em 2011, Bolsonaro disse � revista Playboy que preferia ter um filho "morto em um acidente" do que homossexual.

E em 2014, provocou um esc�ndalo ao declarar que a deputada federal Maria do Ros�rio (PT-RS) "n�o merecia" ser estuprada por ser "muito feia".

Casado tr�s vezes, esse defensor da fam�lia, que se diz cat�lico, tem quatro filhos homens - tr�s deles tamb�m pol�ticos - e uma filha, fruto, segundo ele pr�prio, de uma "fraquejada".