O pedido de readmiss�o foi aprovado durante uma confer�ncia geral extraordin�ria da organiza��o por 132 votos a favor, 10 contra e 15 absten��es.
"A resolu��o foi adotada", proclamou o presidente da assembleia, o brasileiro Santiago Irazabal Mour�o, seguido de uma salva de palmas.
"Estamos realmente felizes com este apoio (...) � muito importante para n�s fazer parte desta organiza��o multilateral", disse � AFP a embaixadora dos Estados Unidos na Fran�a, Denise Bauer.
"� um grande dia, um momento hist�rico", comemorou a diretora-geral da Unesco, Audray Azoulay, destacando "uma resposta extremamente clara, favor�vel para mais de 90% dos Estados votantes e presentes".
V�rios pa�ses expressaram satisfa��o ap�s a vota��o. "Todos dentro (da Unesco), muito melhor", reagiu uma diplomata argentina. "Este retorno refor�a o multilateralismo" e as finan�as da organiza��o, afirmou um diplomata espanhol.
Entre os pa�ses que votaram contra est�o Ir�, S�ria, China e, sobretudo, R�ssia, que multiplicou os procedimentos e as emendas para atrasar a vota��o.
- Voto contra da China -
Os Estados Unidos anunciaram, em outubro de 2017, sua sa�da da organiza��o, denunciando seu "persistente vi�s anti-israelense". Sua sa�da, juntamente com a de Israel, foi efetivada em dezembro de 2018.
Washington j� havia congelado sua contribui��o financeira � Unesco desde 2011, sob a presid�ncia de Barack Obama, quando a Palestina ingressou na ag�ncia.
Foi um duro golpe financeiro para a entidade, ao priv�-la de 22% de seu or�amento anual.
Mas este m�s o governo de Joe Biden prop�s, em carta � diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, "um plano" de reintegra��o na organiza��o, que tem sede em Paris.
Essa mudan�a ocorre em um contexto de crescente rivalidade com a China, que aspira consolidar sua emerg�ncia como protagonista de uma nova ordem mundial multilateral, processo no qual a Unesco desempenha um papel de destaque.
O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, garantiu em mar�o que a aus�ncia de seu pa�s na ag�ncia permitiu � China impor com mais facilidade seus crit�rios em quest�es cruciais como a Intelig�ncia Artificial (IA).
A Unesco emitiu uma recomenda��o sobre a �tica da IA em 2021.
"Realmente acho que dever�amos voltar para a Unesco. N�o para fazer um favor, mas porque o que acontece na Unesco � importante", declarou.
Pequim, que inicialmente disse que n�o se oporia ao retorno dos Estados Unidos ap�s uma aparente melhora recente nas rela��es bilaterais, acabou votando contra.
- D�vida de 619 milh�es de d�lares -
A d�vida americana contra�da entre 2011 e 2018 com a Unesco chega atualmente a 619 milh�es de d�lares (aproximadamente R$ 3 bilh�es na cota��o atual), um montante superior ao or�amento anual da organiza��o, avaliado em 534 milh�es de d�lares (aproximadamente R$ 2,6 bilh�es).
Washington informou em sua carta a Azoulay que pediu ao Congresso americano o pagamento de 150 milh�es de d�lares (aproximadamente R$ 730 milh�es) para o exerc�cio fiscal de 2024 e a manuten��o dessa contribui��o nos pr�ximos anos "at� a liquida��o dos atrasos" com a organiza��o.
Um diplomata russo expressou sua decep��o pelo retorno dos EUA � entidade.
"Estar�amos dispostos a acolher favoravelmente a vontade de Washington", que "permitiria refor�ar nossa organiza��o", mas "consideramos que tentam nos arrastar para um mundo paralelo, que supera todas as descri��es absurdas dos livros de Lewis Carroll", o autor de "Alice no pa�s das maravilhas", declarou.
"Nesse espa�o deformado, quem defende a democracia e a primazia do direito tenta nos arrastar para uma viola��o das regras e se apropriar de direitos privilegiados", acrescentou, avaliando que Washington deveria pagar toda sua d�vida com a Unesco antes de ser readmitido.
Os Estados Unidos deixaram a Unesco pela primeira vez em 1984, sob a presid�ncia de Ronald Reagan, devido � sua suposta inutilidade e excessos or�ament�rios, mas retornaram em outubro de 2003.
"Os Estados Unidos j� se retiraram duas vezes da organiza��o. N�o sabemos quantas vezes mais teremos que 'dar-lhes as boas-vindas'", ironizou um diplomata norte-coreano.
PARIS