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Estado de Minas MILTON

Lago Crawford: um 'ponto de ouro' do Antropoceno no Canad�


11/07/2023 14:28
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� primeira vista, ele se parece com qualquer outro pequeno lago no Canad� - um dos milhares espalhados por esse enorme pa�s. Mas a vis�o abaixo da superf�cie do lago Crawford, nos arredores de Toronto, conta uma hist�ria bastante diferente.

Cientistas acreditam que as camadas de sedimento bem preservadas do lago servem como um ponto de refer�ncia para um novo cap�tulo geol�gico na hist�ria do planeta, definido pelas enormes mudan�as forjadas pela atividade humana: o Antropoceno.

Por anos, ge�logos tentaram encontrar o assim chamado "golden spike" (ponto de ouro em tradu��o literal) do Antropoceno - o local na Terra com as melhores evid�ncias dessa transforma��o global.

E o lago Crawford - localizado na prov�ncia de Ont�rio, na regi�o da grande Toronto - � esse local, de acordo com a International Comission on Stratigraphy do Grupo de Trabalho do Antropoceno, que revelou sua decis�o nesta ter�a-feira.

Uma lenda local diz que o lago � sem fundo, mas na verdade, � exatamente o oposto - suas profundezas possuem riquezas incompar�veis.

Os sedimentos impecavelmente preservados mostram, melhor do que qualquer outra coisa na Terra, que humanos irrevogavelmente mudaram o planeta em todos os n�veis, inclusive sua composi��o f�sica.

"� muito profundo, mas n�o � muito grande. Ent�o isso significa que as �guas n�o se misturam at� o fundo", explica Francine McCarthy, professora da Brock University, que liderou a pesquisa no lago Crawford.

"E assim os sedimentos que acumulam no lago n�o s�o afetados", disse ela � AFP em abril, quando amostras foram coletadas pelo ICS do Grupo de Trabalho do Antropoceno.

- "Impress�o digital distinta" -

Por s�culos, o lago Crawford vem lentamente absorvendo sinais de mudan�a. Tudo o que antes flutuava na superf�cie agora est� incorporado de alguma forma aos seus sedimentos.

Os primeiros humanos que deixaram suas marcas no lago foram a tribo dos Iroquois, que construiu casas ao longo da costa. Os sedimentos mostraram ent�o a crescente influ�ncia dos colonizadores europeus na paisagem, como �rvores que desapareceram e novas esp�cies que surgiram.

Ent�o, no s�culo XX, cinzas negras pelo uso de carv�o e outros combust�veis f�sseis assentaram-se no lago, � medida que as cidades se desenvolviam e se tornavam mais industrializadas. Metais pesados, como o cobre e o chumbo, tamb�m come�aram a aparecer progressivamente nas camadas.

"N�s podemos ver a perturba��o local. Ou n�s podemos ver os efeitos regionais (como) polui��o", diz Paul Hamilton, pesquisador do Museu Canadense da Natureza.

Os sedimentos do lago tamb�m conseguem documentar a mudan�a global, diz ele, como a "acumula��o atmosf�rica de qu�micos."

Para McCarthy, os outros locais em disputa para ser um "golden spike" do Antropoceno n�o tiveram uma "impress�o digital t�o distinta do que cada n�cleo e ano parecem".

"Cada ano tem sua pr�pria personalidade, como as pessoas", afirmou.

- "Tudo mudou" -

Extrair amostras do lago Crawford que podem servir como marcadores para um novo per�odo geol�gico requer habilidade, precis�o e velocidade.

Tim Patterson, pesquisador da Universidade de Carleton no Canad�, e sua equipe s�o especialistas. Para recuperar os sedimentos das profundezas do lago Crawford sem danific�-los, eles preenchem enormes tubos de metal com gelo seco e �lcool.

Os tubos - de aproximadamente 2 metros de comprimento e 15 cent�metros de largura - s�o ent�o plugados no lago por 30 minutos, para que os sedimentos possam congelar, formando uma s�rie de linhas distintas para cada ano, como os an�is de uma �rvore.

Em abril, o que mais interessou a Patterson foram os tra�os de plut�nio.

O in�cio do Antropoceno foi definido em 1950 "para pegar algo que foi absolutamente �nico na hist�ria do mundo. Foi um teste nuclear no ar", explicou ele.

"Humanos nunca tinham feito isso antes. E isso deixou uma marca, n�o apenas regionalmente, mas ao redor do mundo".

McCarthy, que trabalha no lago Crawford h� quase quatro d�cadas, disse que 1950 tamb�m marca o per�odo em que a humanidade entrou em um aparentemente ciclo sem fim de consumo, produ��o e polui��o.

"Ent�o durante 12.000 anos isso aconteceu da mesma maneira. Ent�o de repente, muito de repente, em quest�o de poucos anos, tudo mudou", disse ela � AFP.

Mas McCarthy, no entanto, mant�m-se esperan�osa sobre o futuro.

"Se ge�logos, que afinal s�o as pessoas que encontraram o plut�nio e o petr�leo nas rochas, aceitaram que h� uma mudan�a fundamental que � devida aos seres humanos, ent�o talvez medidas sejam tomadas", afirmou.


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