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Estado de Minas WASHINGTON

Estudo revela que Groenl�ndia passou por fase de degelo e alerta para risco futuro


20/07/2023 22:18
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Uma camada de gelo com um quil�metro e meio de espessura desapareceu na Groenl�ndia cerca de 416.000 anos atr�s, durante um per�odo de aquecimento natural moderado, o que causou o aumento do n�vel do mar a limites que hoje seriam uma cat�strofe para as regi�es costeiras, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (20).

Os resultados contradizem a vis�o de longa data de que a maior ilha do mundo foi uma fortaleza de gelo impenetr�vel nos �ltimos 2,5 milh�es de anos e mostram, ao contr�rio, que ser� muito mais vulner�vel do que se pensava �s mudan�as clim�ticas causadas pelo homem.

"Se queremos entender o futuro, precisamos entender o passado", disse � AFP Paul Bierman, cientista da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e co-diretor do artigo publicado na revista Science.

A pesquisa foi baseada em um n�cleo de gelo extra�do 1.390 metros abaixo da superf�cie do noroeste da Groenl�ndia por cientistas de Camp Century, uma base militar secreta em funcionamento na d�cada de 1960.

O tubo de terra e rocha, com 3,6 metros de comprimento, ficou esquecido em um freezer at� ser redescoberto em 2017.

Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que ele continha n�o apenas sedimentos, mas tamb�m folhas e musgos, evid�ncia irrefut�vel de uma paisagem sem gelo, talvez coberta por uma antiga floresta onde mamutes lanosos vagavam.

- Uma Groenl�ndia verde -

Embora os pesquisadores tenham sido privados de acesso � amostra durante d�cadas, Bierman afirmou que, de certa forma, isso foi "providencial", pois as t�cnicas mais precisas usadas para datar o n�cleo s�o muito recentes.

Entre elas, destaca-se a "data��o por luminesc�ncia", que permitiu aos cientistas determinar a �ltima vez que o sedimento enterrado sob a superf�cie terrestre foi exposto � luz solar.

"Conforme o sedimento � enterrado, a radia��o de fundo do solo preenche pequenos orif�cios ou imperfei��es de minerais como quartzo ou feldspato, acumulando ao longo do tempo o que chamamos de sinal de luminesc�ncia", explicou � AFP Drew Christ, coautor do estudo.

Em um quarto escuro, os cientistas cortaram tiras internas do n�cleo de gelo e as expuseram � luz azul-verde ou infravermelha, liberando os el�trons presos que formam uma esp�cie de rel�gio antigo, mostrando a �ltima vez que estiveram expostos � luz, o que apaga o sinal de luminesc�ncia.

"E a �nica maneira de fazer isso em Camp Century � remover um quil�metro e meio de gelo", explicou Tammy Rittenour, outra coautora da pesquisa, da Universidade Estadual de Utah. "Al�m disso, para ter plantas, � preciso ter luz".

A data��o por luminesc�ncia forneceu o ponto final do per�odo sem gelo, enquanto o ponto inicial veio de outra t�cnica.

Dentro do quartzo encontrado no n�cleo de Camp Century, acumulam-se formas raras - chamadas is�topos - dos elementos ber�lio e alum�nio quando o sedimento � exposto ao c�u e aos raios c�smicos.

Ao observar a propor��o entre as formas normais desses elementos e os is�topos raros, os cientistas puderam deduzir quanto tempo as rochas estiveram na superf�cie e quanto tempo permaneceram enterradas.

Eles descobriram que os sedimentos ficaram expostos por menos de 14.000 anos, o que significa que esse foi o tempo que a �rea ficou sem gelo.

- Cidades costeiras em perigo -

O n�cleo de Camp Century foi retirado a apenas 1.200 quil�metros do Polo Norte e seu estudo mostrou que toda a regi�o teria sido coberta por vegeta��o.

Isso ocorreu em um per�odo de aquecimento natural chamado per�odo interglacial, quando as temperaturas eram semelhantes �s atuais, cerca de 1-1,5�C mais quentes do que na era pr�-industrial.

A simula��o feita pela equipe de pesquisa mostrou que o derretimento da camada de gelo teria causado um aumento no n�vel do mar entre 1,5 e 6 metros naquela �poca.

Isso sugere que todas as regi�es costeiras do mundo, lar de v�rias popula��es mundiais, correm o risco de ficar submersas nos pr�ximos s�culos.

Joseph MacGregor, cientista clim�tico da Nasa, que n�o participou do estudo, apontou que o per�odo interglacial que aqueceu a Groenl�ndia durante esse per�odo durou dezenas de milhares de anos, muito mais do que o ser humano induziu at� agora.

No entanto, "ultrapassamos em muito a magnitude do efeito indutor dos gases de efeito estufa daquela �poca", disse ele.

Os n�veis de di�xido de carbono na atmosfera, que ret�m o calor, atualmente s�o de 420 partes por milh�o (ppm), em compara��o com os 280 ppm do per�odo sem gelo da Groenl�ndia, e permanecer�o nos c�us por milhares de anos.

"Estamos fazendo um experimento gigantesco na atmosfera da Terra e n�o conhecemos os resultados", comentou Bierman. "N�o vejo isso como 'Meu Deus, o c�u est� caindo', vejo como um chamado a agir".


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