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Estado de Minas BAMENO

'A floresta � minha casa', clama ind�gena contra a explora��o de petroleiras no Equador


03/08/2023 16:37
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Carregando uma longa zarabatana e dardos com curare, um veneno extra�do de plantas, Kominta Yate expressa sua vontade de lutar contra um gigante no cora��o da Amaz�nia equatoriana. "A selva � minha casa", alerta diante da presen�a de petroleiras que exploram a rica regi�o em que vive.

"A floresta � um lar gratuito para mim, � minha casa e n�o quero que estranhos entrem em meu territ�rio", disse � AFP este ca�ador anci�o waorani que mora no povoado de Bameno, na prov�ncia de Pastaza (sudeste do Equador e fronteira com o Peru).

Esta pequena comunidade, �s margens do rio Cononaco e na qual vivem cerca de 200 pessoas, se op�e �s atividades extrativistas em Yasun�, um parque nacional que faz parte de uma das reservas de biosfera mais diversas do mundo.

"N�o quero que uma petroleira chegue ao meu territ�rio. Quero viver livremente em um lugar saud�vel", afirma ele em sua l�ngua (wao terere).

A decis�o est� nas m�os dos equatorianos no dia 20 de agosto, data marcada para as elei��es gerais antecipadas e, tamb�m, para uma consulta popular que decidir� sobre uma poss�vel suspens�o da explora��o de petr�leo bruto no bloco estrat�gico ITT, localizado dentro do parque e do qual s�o extra�dos 12% dos 466 mil barris di�rios produzidos no pa�s.

O governo, que se op�e � consulta, prev� a perda de US$ 16,5 bilh�es (cerca de R$ 78 bilh�es, na cota��o atual) em 20 anos, caso a explora��o de petr�leo seja interrompida.

Os Waorani, com cerca de 4.800 membros e propriet�rios de cerca de 800.000 hectares nas prov�ncias amaz�nicas de Orellana, Pastaza e Napo, est�o divididos. Alguns apoiam as petrol�feras e outros as rejeitam, como em Bameno, que por enquanto est� longe da explora��o de hidrocarbonetos.

A Constitui��o do Equador reconhece que os povos origin�rios "t�m a propriedade coletiva da terra, como uma forma ancestral de organiza��o territorial", mas mant�m a autoridade do Estado sobre o subsolo.

- Lan�a a postos -

A ind�stria petrol�fera "destr�i o ambiente em que vivo", denuncia o anci�o atrav�s de Elisa Enqueri, uma jovem wao que trabalha como tradutora.

"Minha av� diz que lutaria com a lan�a. Ela tem energia e ainda se sente jovem (...) para n�o permitir que pessoas estranhas venham aqui", diz a ativista que defende a integridade do Yasun�.

O parque nacional tem um milh�o de hectares e abriga v�rios povos ind�genas, incluindo duas tribos relacionadas aos Wao que permanecem em isolamento volunt�rio.

Os Taromenane e Tagaeri, que evitam contato com estranhos, s�o rivais e j� entraram em conflito deixando v�timas entre as duas etnias. Tamb�m j� atacaram trabalhadores das petroleiras e madeireiros com lan�as.

A atividade de extra��o do petr�leo "afeta o seu modo de vida e coloca suas vidas em risco. H� um s�rio risco de etnoc�dio, de exterm�nio total dessas comunidades", disse Pedro Bermeo, advogado e porta-voz da Yasunidos, coaliz�o de organiza��es ambientalistas que promoveu o referendo sobre o ITT.

O Tribunal Constitucional endossou a consulta depois de a coliga��o ter consignado as assinaturas de apoio exigidas por lei.

De acordo com a Universidade de S�o Francisco de Quito, foram identificadas duas mil esp�cies de �rvores, 610 aves, 204 mam�feros, 150 anf�bios, 121 r�pteis e 100 mil artr�podes no Parque Nacional de Yasun�.

Moi Guiquita, outro jovem Wao, afirma que "tem sido cada vez (...) mais abrupta" a entrada das petroleiras no local, onde existem outros campos petrol�feros que est�o em opera��o desde antes do ITT, que come�ou a ser explorado em 2016.

"H� uns 60 anos eles estavam muito mais longe, mas cada vez est�o mais perto" de Bameno, acrescenta o ambientalista, lembrando que para escapar das consequ�ncias da atividade petrol�fera "n�o podemos ir mais longe porque j� n�o h� mais" �reas livres de extrativismo em sua regi�o.


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