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Estado de Minas QUITO

Parque Yasun�, preservar ou explorar: debate clim�tico chega �s urnas no Equador


16/08/2023 17:47
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Para alguns, � uma "m�e machucada" em plena floresta amaz�nica; para outros, pe�a estrat�gica para a combalida economia equatoriana. O megadiverso parque Yasun� ser� protagonista, no pr�ximo domingo, de um plebiscito hist�rico sobre a suspens�o da explora��o de petr�leo, enquanto o mundo tenta reduzir o uso de combust�veis f�sseis e conter o aquecimento global.

Estrat�gico na luta contra as mudan�as clim�ticas, o parque Yasun� (leste) divide os equatorianos, que v�o decidir sobre a suspens�o da atividade petroleira no bloco 43, a joia da coroa da estatal Petroecuador.

O debate atraiu a aten��o de celebridades e ativistas internacionais, que acompanham de perto este exemplo pouco comum de democracia clim�tica.

"O Yasun� tem sido como uma m�e para o mundo (...) Precisamos elevar as vozes e erguer as m�os para que nossa m�e possa se recuperar, que n�o seja machucada, que n�o seja agredida", diz � AFP Alicia Cahuiya, dirigente waorani nascida no cora��o da floresta.

Este local, onde vivem waoranis, kichwas e tamb�m as etnias em isolamento volunt�rio tagaeri, taromenane e dugakaeri, � um "pulm�o para o mundo", acrescenta.

Situada entre as prov�ncias de Pastaza e Orellana, esta reserva da biosfera, com 2,7 milh�es de hectares, que inclui o parque de mesmo nome, captura carbono e em seguida libera oxig�nio e vapor d'�gua, que recarrega as fontes h�dricas.

"O valor d'�gua ajuda a manter a temperatura baixa no planeta, � como um ar condicionado" para a atmosfera, explica � AFP Gonzalo Rivas, diretor da esta��o cient�fica Tiputini, da Universidade San Francisco, em Quito.

O governo, por sua vez, estima em 16,47 bilh�es de d�lares (aproximadamente 82 bilh�es de reais, na cota��o atual) as perdas em 20 anos caso ven�a o "Sim" a deixar o petr�leo no subsolo.

- Floresta salva-vidas -

Julho foi o m�s mais quente registrado na Terra e as altas temperaturas superam as dos �ltimos 120 mil anos, segundo cientistas.

Segundo Rivas, a bacia amaz�nica, que inclui nove pa�ses, inclusive o Brasil, capturou "cerca de um quarto de todas as emiss�es de carbono desde a �poca industrial" e fornece entre "um quarto e um ter�o de todo o oxig�nio que utilizamos no planeta".

"Esta floresta tem nos permitido sobreviver at� agora", sentencia.

Ele detalha a riqueza do Yasun�: 600 esp�cies de aves, 220 de mam�feros, 120 de r�pteis e 120 de anf�bios. Em um hectare de floresta, os cientistas registraram mais de 100.000 esp�cies de invertebrados.

No entanto, especialistas alertam que a Amaz�nia se encaminha a um ponto de n�o retorno, que reduzir� sua capacidade de capturar carbono e emitir oxig�nio.

"O Equador poderia se tornar um exemplo de democratiza��o da pol�tica clim�tica, dando �s pessoas a oportunidade de votar pela floresta, pelos direitos dos ind�genas, o clima e o bem-estar do planeta", escreveu no Instagram o ator Leonardo Di Caprio.

A ativista sueca Greta Thunberg tamb�m comemorou a realiza��o da consulta, que qualificou de "hist�rica". "Disso trata a a��o pelo clima", destacou na mesma rede social.

Os atores Jason Momoa, Jada Pinkett Smith e Gael Garc�a Bernal se somam �s mensagens a favor do "Sim".

Pesquisas publicadas em agosto - proibidas �s v�speras da vota��o - davam uma pequena vantagem ao "Sim".

No domingo ser� realizada, ainda, uma consulta para evitar a explora��o mineral em seis localidades rurais de Quito, que formam o Choc� Andino, outra das sete reservas da biosfera situadas no Equador.

- "Para ontem" -

No outro lado da moeda, a discuss�o em torno do Yasun� tem se concentrado no impacto econ�mico do fim da explora��o iniciada em 2016 no bloco 43, que inclui os campos de Ishpingo, Tambococha e Tiputini (ITT) e que gera 12% dos 466.000 barris di�rios produzidos no pa�s.

Este campo novo "est� produzindo 57.000 barris di�rios e a proje��o � chegar ao pico de 90.000 em 2025", comentou � AFP Diego Navarrete, engenheiro da Petroecuador.

O rendimento atual do ITT � o quarto maior, depois dos campos antigos de Sacha (72.000 barris por dia), Auca (71.000) e Shushufindi (62.000), cujas produ��es est�o em decl�nio.

O governo argumenta que o bloco 43 ocupa apenas 80 hectares, frente ao milh�o de hectares de todo o parque Yasun�.

Para o economista Alberto Acosta Espinosa, defensor da reserva, as perdas podem ser mitigadas atrav�s da "cobran�a de d�vidas pendentes" em impostos aos grandes capitais.

Segundo seus c�lculos, o que se extrai do Yasun� aportou apenas 1% ao PIB do pa�s em 2021, de aproximadamente 100 bilh�es de d�lares (ou R$ 558 bilh�es de reais, na cota��o da �poca).

"O dinheiro existe (...) � quest�o de vontade pol�tica", afirma Acosta Espinosa, que considera o referendo uma "mensagem vigorosa" a favor dos povos em isolamento volunt�rio e da biodiversidade.

"N�o acho que haja filme, modelo matem�tico ou nada que nos prepare para o que aconteceria" se perdermos uma floresta como a do Yasun�, afirma Rivas, ressaltando a urg�ncia de "uma mudan�a que tem que ser para ontem".


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