O vice-ministro das Rela��es Exteriores, Sun Weidong, convocou o embaixador do Jap�o na China, Hideo Tarumi, para uma declara��o oficial, logo ap�s o an�ncio do Jap�o, segundo um comunicado da Chancelaria.
"O oceano � propriedade de toda a humanidade, n�o � o lugar onde o Jap�o pode, arbitrariamente, lan�ar �gua contaminada", afirmou nesta ter�a-feira(22) o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.
O governo japon�s e a operadora central nuclear, TEPCO, afirmam, como o suporte da Ag�ncia Internacional de Energia At�mica (AIEA), que a �gua n�o representa riscos para a sa�de e o meio ambiente ap�s um tratamento que elimina a maioria das subst�ncias radioativas.
Mas a comunidade pesqueira local teme os danos � reputa��o de seus produtos. China e a cidade semi-aut�noma de Hong Kong anunciaram proibi��es � importa��o de alimentos japoneses.
O governo solicitar� � TEPCO, que "se prepare para o in�cio do despejo no oceano, com base no plano aprovado pela Autoridade de Regula��o Nuclear", anunciou o primeiro-ministro Fumio Kishida.
O in�cio do processo est� "programado para 24 de agosto, desde que as condi��es meteorol�gicas e mar�timas n�o o impe�am", acrescentou Kishida ap�s uma reuni�o do governo.
No que foi um dos piores desastres radioativos da hist�ria, a usina nuclear de Fukushima-Daiichi foi destru�da por um terremoto seguido por um tsunami que matou quase 18.000 pessoas em mar�o de 2011.
Desde ent�o, a operadora TEPCO acumulou mais de 1,3 milh�o de toneladas (equivalente � capacidade de 500 piscinas ol�mpicas) de �gua usada para resfriar os reatores ainda radioativos, misturada com �gua subterr�nea e de chuva que se infiltrou.
A TEPCO afirma que a �gua foi dilu�da e filtrada para eliminar todas as subst�ncias radioativas, exceto o tr�tio, que est� em n�veis muito inferiores ao que � considerado perigoso.
O plano prev� despejar a �gua a uma taxa m�xima de 500 mil litros por dia no Oceano Pac�fico, ao longo da costa nordeste do Jap�o.
- Manifesta��es e restri��es � importa��o -
A ONG de defesa do meio ambiente Greenpeace denunciou que o processo de filtra��o tem falhas e que uma quantidade "imensa" de material radioativo ser� dispersado no mar nas pr�ximas d�cadas.
Tony Hooker, especialista no setor nuclear da Universidade de Adelaide (Austr�lia), chamou a den�ncia de "alarmismo".
"O tr�tio foi liberado (por usinas nucleares) durante d�cadas sem evid�ncias de efeitos prejudiciais para o meio ambiente ou � sa�de", declarou � AFP.
A AIEA afirmou em julho que o despejo ter� um impacto "insignificante na popula��o e no meio ambiente".
O plano japon�s, no entanto, gera inquieta��o na regi�o.
Na Coreia do Sul foram registradas manifesta��es contra o projeto e alguns cidad�os, com medo, estocaram sal marinho pelo receio de que a �gua da qual o produto � obtido termine contaminada.
Por�m, o governo do presidente Yoon Suk Yeol, em plena campanha para melhorar as rela��es historicamente distantes com T�quio, n�o se op�s ao plano do Jap�o.
Pequim adotar� "as medidas necess�rias para proteger o ambiente marinho, a seguran�a alimentar e a sa�de p�blica", acrescentou.
O governo chin�s proibiu a importa��o de alimentos de 10 munic�pios japoneses e passou a aplicar controles de radia��o aos produtos do restante do arquip�lago.
A cidade semiaut�noma chinesa de Hong Kong, um mercado importante para as exporta��es mar�timas japonesas, tamb�m decretar� restri��es, anunciou John Lee, o chefe do Executivo local.
As restri��es geram preocupa��o na ind�stria pesqueira nip�nica, no momento em que o setor come�ava a registrar uma recupera��o mais de uma d�cada ap�s o desastre nuclear.
"Nada de libera��o de �gua nos beneficia", disse Haruo Ono, 71 anos. O pescador de terceira gera��o, que mora a 60 quil�metros da usina nuclear, perdeu um irm�o na cat�strofe de 2011.
James Brady, da consultoria de risco Teneo, considera que as preocupa��es chinesas podem ser sinceras, mas tamb�m observa um toque de rivalidade geopol�tica e econ�mica na rea��o.
"A natureza multifacetada da quest�o do despejo de �gua residual de Fukushima permite que Pequim explore o tema", disse Brady � AFP.
A China "pode exercer um certo grau de press�o econ�mica no eixo comercial, exacerbar as divis�es pol�ticas internas sobre esta quest�o dentro do Jap�o", acrescentou.
T�QUIO