Das cinco col�nias observadas na regi�o do Mar de Bellingshausen, no oeste da Ant�rtica, quatro sofreram uma perda "catastr�fica" de 100% dos filhotes, que morreram afogados ou de frio quando o gelo cedeu debaixo deles.
Eles ainda n�o estavam maduros o suficiente para lidar com as duras condi��es clim�ticas da regi�o, explicam os pesquisadores no estudo publicado nesta quinta-feira (24) na revista Communications: Earth & Environment, da Springer Nature.
"Este � o primeiro grande fracasso reprodutivo de pinguins-imperadores em v�rias col�nias ao mesmo tempo, devido ao derretimento do gelo marinho, e � provavelmente um sinal do que est� por vir", disse � AFP o principal autor do estudo, Peter Fretwell, pesquisador do British Antarctic Survey.
"J� t�nhamos previsto isto h� algum tempo, mas ver acontecer de fato � assustador", lamentou.
- Fr�gil-
Durante a primavera do ano passado no hemisf�rio sul, o gelo marinho da Ant�rtica, formado pelo congelamento da �gua salgada do oceano, atingiu taxas de derretimento recorde, antes de cair em fevereiro para o seu n�vel mais baixo desde que as medi��es por sat�lite come�aram, h� 45 anos.
Esse degelo precoce ocorreu no meio da temporada de reprodu��o desta esp�cie, por si s� j� complexa e fr�gil.
Estas aves marinhas se reproduzem no inverno, a partir de junho, quando as temperaturas s�o mais rigorosas. Os ovos eclodem em setembro, antes da chegada da primavera, e os filhotes atingem sua autonomia por volta de janeiro-fevereiro.
A popula��o de pinguins-imperadores, tamb�m conhecidos como Aptenodytes forsteri, consistia em cerca de 250 mil casais reprodutores, todos na Ant�rtica, de acordo com um estudo de 2020.
As col�nias do mar de Bellingshausen representam menos de 5% desse total. "Mas, globalmente, 30% de todas as col�nias foram afetadas pelo degelo no ano passado, e por isso haver� muitos filhotes que n�o sobreviveram", alerta Fretwell.
Todos os anos, a partir de mar�o, os adultos embarcam em uma viagem de at� mais de cem quil�metros para chegar aos locais de reprodu��o no gelo, que s�o sempre os mesmos.
As f�meas p�em um �nico ovo e o deixam aos cuidados do macho enquanto saem em busca de alimento, chegando a percorrer v�rias centenas de quil�metros.
Os machos mant�m os ovos aquecidos, equilibrados sobre suas patas e cobertos por dobras da pele que formam uma bolsa incubadora. Tudo isso sem se mover, nem comer, enquanto aguardam o retorno das f�meas.
- Extin��o at� 2100? -
Esse ritual imut�vel, retratado no document�rio franc�s "La Marche de l'empereur" ("A Marcha dos Pinguins" no Brasil), sofre os efeitos do aquecimento global.
Apesar da sua capacidade de procurar locais de reprodu��o alternativos, os recordes de degelo desde 2016 amea�am exceder as suas capacidades de adapta��o, acreditam os cientistas.
O pinguim-imperador foi recentemente listado como esp�cie em risco de extin��o pela autoridade de prote��o da fauna nos Estados Unidos.
Al�m do risco para seus locais de reprodu��o, o pinguim-imperador tamb�m sofre com a acidifica��o dos oceanos, outro efeito do aquecimento global, que amea�a certos crust�ceos dos quais se alimenta.
O British Antarctic Survey estima que, no ritmo atual das mudan�as clim�ticas, praticamente toda esta esp�cie poder� ter desaparecido ao final do s�culo.
PARIS