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Estado de Minas CART� SUGDUPU

Ind�genas se despedem de sua ilha no Caribe antes de ser engolida pelo mar


05/09/2023 18:00
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Uma comunidade ind�gena come�ou a se despedir de sua min�scula ilha no Caribe panamenho antes de se mudar para a terra firme: seus membros vivem amontoados, sem �gua pot�vel ou saneamento em Cart� Sugdupu, que ser� engolida pelo mar em alguns anos por causa das mudan�as clim�ticas.

Cart� Sugdupu � uma das 365 ilhas do arquip�lago da comarca ind�gena de Guna Yala. Seus habitantes vivem da pesca, do turismo e da produ��o de mandioca e banana, que colhem no continente.

A vida ali n�o � f�cil. Ao calor intenso e � falta de servi�os p�blicos, soma-se a superlota��o de mais de mil pessoas vivendo nesta ilha do tamanho de cinco campos de futebol. A popula��o enfrenta, ainda, a eleva��o constante do n�vel do mar, que regularmente inunda suas casas.

Magdalena Mart�nez, uma professora aposentada de 73 anos, borda um tucano em uma mola colorida, artesanato t�xtil tradicional dos guna, na casa da fam�lia que decidiu abandonar.

"Temos visto que a mar� subiu um pouco mais", diz ela � AFP.

"Pensamos que vamos afundar, sabemos que vai acontecer, mas faltam muitos anos, ent�o pensamos nos nossos filhos, temos que buscar algo (...) onde eles possam viver tranquilos", acrescenta.

O governo constata em Cart� Sugdupu "problemas com a eleva��o do n�vel do mar, causada pelo aquecimento global, que o pa�s todo sofre", assim como a "superlota��o", explica Marcos Suira, diretor do minist�rio da Habita��o.

O governo e a comunidade trabalham h� mais de uma d�cada em um plano para transferir 300 fam�lias para um terreno em terra firme que pertence aos guna.

- Ilhas abandonadas -

V�rias ilhas de Guna Yala correm o risco de desaparecer sob as �guas. As 49 ilhas habitadas ficam apenas entre 50 cm e um metro acima do n�vel do mar.

"O fato � que com o aumento do n�vel do mar por consequ�ncia direta das mudan�as clim�ticas, quase todas as ilhas ser�o abandonadas at� o final deste s�culo", prev� Steven Paton, cientista do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI), com sede no Panam�.

"Algumas das ilhas mais baixas (...) ficam inundadas a cada m�s com a mar� alta", acrescenta.

O governo estima que Cart� Sugdupu ser� engolida pelo mar por volta de 2050.

A temporada de chuvas piora a situa��o.

"Chega o tempo de novembro e dezembro e a eleva��o da mar� nos ferra aqui, a ilha fica quase flutuando, tem inunda��es, afeta sobretudo quem vive nas margens", afirma Braulio Navarro, professor do ensino fundamental.

- Sem �gua e com luz limitada -

Em Cart� Sugdupu, as resid�ncias s�o extremamente prec�rias, com ch�o de terra batida e paredes e telhados feitos de cana, madeira e folhas de zinco.

N�o h� �gua pot�vel. Os ind�genas precisam sair de lancha para busc�-la nos rios ou compr�-la em lojas no continente.

A maioria n�o t�m luz el�trica de forma cont�nua. Os ilh�us dependem de um gerador p�blico que � ligado algumas horas � noite, embora alguns usem pain�is solares e geradores privados.

Os banheiros s�o coletivos: cub�culos nos p�eres onde t�buas de madeira atravessadas sobre o mar servem de sanit�rios.

Al�m disso, a superlota��o tamb�m � um problema. Um relat�rio recente da ONG Human Rights Watch denunciou que "n�o h� espa�o para ampliar as resid�ncias, nem mesmo para as crian�as brincarem".

"As inunda��es e as tempestades dificultam ainda mais a vida na ilha, afetando a moradia, a �gua, a sa�de e a educa��o", acrescentou.

Navarro, que deixar� a ilha juntamente com sua fam�lia, conta que aos 62 anos precisa se levantar de madrugada e atravessar todo o povoado para ir ao banheiro p�blico.

"Por isso, for�osamente tenho que ir embora para buscar melhor qualidade de vida", diz. "Aqui � um lugar muito quente, gostaria de ir embora r�pido porque sei que l� temos luz 24 horas, vai ter ventiladores, ar condicionado, vai haver um benef�cio muito grande para minha fam�lia", acrescenta.

- "Viver dignamente" -

Se o governo n�o adiar novamente a mudan�a, os guna v�o se instalar no fim do ano ou no come�o de 2024 na nova comunidade de 22 hectares em terra firme, a 15 minutos de lancha da ilha.

A nova urbaniza��o � constru�da em uma colina tropical que foi talada. Os futuros moradores querem cham�-la de Isber Yala, ou Nespereira.

Em seu novo lar, cada fam�lia ter� � disposi��o um terreno de 300 m�, com casa de 49 m� com dois quartos, banheiro, sala de jantar e cozinha, al�m de �gua pot�vel e luz el�trica. Quem quiser, poder� ampliar a casa ou plantar uma horta.

"Estamos contentes" com a mudan�a, garante � AFP Nelson Morgan, a m�xima autoridade ind�gena do povoado.

Mart�nez sonha com "um lar para viver dignamente", com �gua e luz todo dia.

Ao visitar sua futura casa, ela mostra onde pensa colocar a pia, a geladeira e o fog�o. Ela diz que pretende ampliar a casa para cozinhar mais confortavelmente, plantar uma horta e rosas no jardim.

"Eu me sinto bem, mas tamb�m sinto saudades porque aprendi a viver na ilha e deixo l� muitos sonhos e muitas l�grimas", diz.


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