Embora sua identidade permane�a sob sigilo, os Estados Unidos descrevem-no, em um texto divulgado em agosto pelo Departamento de Justi�a, como um "funcion�rio de alto escal�o do Poder Executivo do governo colombiano aproximadamente entre 2010 e 2018", per�odo em que o Pr�mio Nobel da Paz de 2016 esteve no poder.
O documento afirma que o misterioso personagem recebeu propina de US$ 3,4 milh�es (R$ 16,9 milh�es na cota��o atual) em troca de favorecer a Odebrecht e seus parceiros colombianos.
O apelido foi-lhe atribu�do pela Justi�a desse pa�s sul-americano em um acordo de coopera��o com a Corficolombiana, uma empresa colombiana associada � construtora brasileira que reconheceu ter pagado subornos de US$ 23 milh�es (R$ 114,5 milh�es na cota��o atual) a funcion�rios para garantir v�rios contratos.
Jornalistas, um ex-presidente dessa companhia e at� o atual presidente, Gustavo Petro, aventuraram-se a apresentar suas hip�teses sobre a poderosa figura escondida por tr�s do "Colombian Official 3" ("Funcion�rio Colombiano3", na tradu��o literal).
Estas s�o as pistas reveladas at� agora:
- O que ele fez? -
Pelo acordo, essa pessoa se reuniu em maio de 2014 - na reta final do primeiro turno presidencial, em que Santos buscava a reelei��o - com um alto executivo da Odebrecht, e outro, da Corficolombiana.
Nessa reuni�o, os empres�rios concordaram em dar-lhe US$ 3,4 milh�es em troca da obten��o de um contrato para a constru��o de uma rodovia ligando os munic�pios de Oca�a e Gamarra (nordeste).
Entre 2014 e 2015, as filiais da Odebrecht e da Corficolombiana transferiram esse valor para o funcion�rio por meio de terceiros. Depois de ficar em segundo lugar no primeiro turno, em 25 de maio de 2014, Santos se recuperou no segundo turno e venceu Oscar Iv�n Zuluaga, em 15 de junho. Segundo a Promotoria colombiana, a campanha de Santos recebeu US$ 850 mil (R$ 4,2 milh�es na cota��o atual) da Odebrecht.
- O que se sabe? -
Diferentemente do ocorrido em outros pa�ses latino-americanos, na Col�mbia, funcion�rios de alto escal�o do governo n�o foram julgados pelo esc�ndalo da Odebrecht.
"Sabemos quem subornou" e "quem foram os intermedi�rios. Mas n�o sabemos para onde foi o dinheiro, porque chegou aos que est�o no poder pol�tico", resumiu o atual presidente Petro, ap�s tomar conhecimento do acordo de Corficolombiana nos Estados Unidos.
O "Funcion�rio 3" seria um dos altos comandos do governo favorecidos pelos subornos da Odebrecht.
Ainda � preciso determinar se o ent�o presidente e candidato Santos estava a par da entrega do dinheiro. Roberto Prieto, seu coordenador de campanha, esteve preso por esses acontecimentos entre 2019 e 2022.
- Poderia ser o ex-presidente Santos? -
Citando "uma fonte importante que conhece" o acordo entre a Corficolombiana e os Estados Unidos, a revista Semana garantiu que o ex-presidente Juan Manuel Santos "�, na verdade, o chamado 'Colombian Official 3'".
O ex-presidente - vencedor do Pr�mio Nobel da Paz por seus esfor�os para alcan�ar o acordo de 2016 que desarmou a guerrilha das Farc - descreveu esta vers�o como uma "fal�cia" e "uma cal�nia imprudente, infame e contraevidente", em uma publica��o na rede social X (antigo Twitter).
Questionado sobre esta vers�o, o procurador respons�vel pelas investiga��es do caso Odebrecht na Col�mbia, Gabriel Jaimes, respondeu: "N�o posso afirmar, nem posso negar, que seja Juan Manuel Santos".
- Outros nomes? -
Jos� El�as Melo, ex-presidente da Corficolombiana condenado em 2019 a 11 anos de pris�o por estes acontecimentos, disse, por sua vez, ao portal Cambio, que o misterioso funcion�rio "tinha de ter incid�ncia sobre a decis�o do contrato e, claro, sobre a campanha pol�tica".
Melo afirma ter sido um bode expiat�rio usado pelo dono da Corficolombiana e homem mais rico da Col�mbia, Luis Carlos Sarmiento, para fugir de suas responsabilidades, e negou ter estado na reuni�o descrita no texto.
Com base na hist�ria das autoridades americanas, ele se animou, contudo, a lan�ar tr�s nomes.
"Pode ser Juan Manuel Santos, pode ser Germ�n Vargas Lleras (ministro de Santos em diferentes minist�rios entre 2010 e 2013, e seu vice-presidente, entre 2014 e 2017), pode ser Mar�a Lorena Guti�rrez (que ocupou v�rios cargos de chefia na mesma administra��o e � a atual presidente da Corficolombiana). N�o sei", disse o executivo condenado.
Em resposta, Vargas garantiu que teria sido "imposs�vel", para ele, compactuar com a propina em maio de 2014, j� que, durante o primeiro semestre do referido ano, n�o ocupou qualquer cargo no governo.
Guti�rrez n�o se referiu publicamente a esta acusa��o.
O �ltimo a lan�ar sua hip�tese foi Petro, que, como senador, denunciou a corrup��o da Odebrecht. Interrogado pelo Cambio sobre a poss�vel identidade do "n�mero 3", mencionou "Javier Hern�ndez", vice-ministro dos Transportes e vice-presidente da Ag�ncia Nacional de Infraestruturas (estatal) entre 2012 e 2014.
BOGOT�