No pal�cio presidencial onde Salvador Allende se suicidou em 11 de setembro de 1973, Boric falou para parentes de v�timas da ditadura e para os presidentes de Bol�via, M�xico, Col�mbia e Uruguai.
"N�s nos revoltamos quando nos dizem que n�o havia outra alternativa. Certamente havia! E amanh�, quando vivermos outra crise, sempre haver� outra alternativa que implique mais democracia, e n�o menos", disse Boric em discurso para convidados, entre eles a presidente da associa��o Av�s da Pra�a de Maio, Estela de Carlotto, o ex-presidente uruguaio Jos� Mujica, o ex-juiz espanhol Baltasar Garz�n e o guitarrista do Rage Against The Machine, Tom Morello.
Cinquenta anos ap�s o golpe, a elite pol�tica segue profundamente dividida. Nenhum representante dos partidos de direita compareceu ao ato no La Moneda. Tamb�m n�o participaram de uma declara��o em favor da democracia assinada na semana passada por Boric e os quatro ex-presidentes do per�odo democr�tico.
O partido de direita Uni�o Democrata Independente (UDI), que n�o participou do ato no pal�cio presidencial, divulgou um comunicado afirmando que a queda de Allende ocorreu devido � "situa��o extrema que o Chile vivia" e � "polariza��o severa provocada por um setor da esquerda chilena. "A ruptura" institucional e social "em 11 de setembro se transformou em algo inevit�vel", publicou o partido UDI.
"N�o h� como separar o golpe de Estado do que veio depois. Desde o mesmo momento, foram violados os direitos humanos dos chilenos", acrescentou o presidente chileno, 37, �nico presidente p�s-ditadura que n�o era nascido na �poca do golpe.
- Emo��o -
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, declarou nesta segunda-feira, em Washington, que os 50 anos do golpe s�o "uma oportunidade para homenagear as v�timas da repress�o que se seguiu" ao 11 de setembro de 1973, e evitou responder sobre a possibilidade de os Estados Unidos Estados se desculparem formalmente por seu apoio � revolta militar.
Miller ressaltou que o governo Biden "tentou ser transparente sobre o papel americano nesse cap�tulo da hist�ria chilena ao desclassificar recentemente documentos de 1973", atendendo a uma solicita��o do governo chileno.
Em Santiago, a cerim�nia teve momentos carregados de emo��o, como o minuto de sil�ncio observado �s 11h52, hora exata em que o Pal�cio de La Moneda foi bombardeado pela Aeron�utica h� 50 anos. Um total de 1.747 assassinatos e 1.469 desaparecimentos foram registrados durante a ditadura chilena.
A senadora socialista Isabel Allende, filha do presidente deposto, comoveu os participantes ao narrar sua experi�ncia h� 50 anos, seguida, na primeira fila, por Maya Fern�ndez, ministra da Defesa e neta de Salvador Allende.
A senadora lamentou o que chamou de retrocessos: "Os partidos de direita foram incapazes de assinar uma carta fortalecendo a democracia, dizendo que nunca mais, sob hip�tese alguma, poder� haver um golpe de Estado. Isso � muito doloroso. A Hist�ria ir� julgar."
- Divis�o -
Meio s�culo depois do golpe militar, o Chile segue dividido entre os que defendem e os que repudiam a ditadura. Um total de 49% da popula��o considera lembrar o golpe irrelevante, enquanto 48% afirmam que esses atos "afetam o conv�vio futuro", segundo a pesquisa Criteria.
"Isto n�o � para dividir as pessoas, e sim para faz�-las entender que os atos de viol�ncia jamais devem ser permitidos, em nenhuma parte, por nenhuma bandeira pol�tica. S�o coisas que n�o podem ser transgredidas", disse � AFP a fonoaudi�loga Kerty Olivares, 35.
Para esta noite estava prevista uma vig�lia � luz de velas no est�dio Nacional de Santiago, convertido em centro de deten��o e torturas durante a ditadura.
SANTIAGO