
Sem nenhum disparo e sem nenhum agente ferido, o brasileiro Danilo Cavalcante, de 34 anos, condenado � pris�o perp�tua nos Estados Unidos, foi finalmente capturado na quarta-feira, encerrando uma megaopera��o que envolveu diversas for�as policiais e durou duas semanas.
O desfecho positivo do caso contrasta com as estat�sticas de viol�ncia policial nos Estados Unidos.
A pol�cia americana, assim como a brasileira, � considerada uma das mais violentas do mundo.
Em 2022, segundo dados compilados pelo jornal americano The Washington Post, agentes mataram 1.176, o ano mais mortal j� registado em termos de viol�ncia policial desde 2013, desde que especialistas come�aram a monitorizar as mortes em todo o pa�s.
Mas no Brasil esse n�mero � bem maior: 6.430, queda de 1% em rela��o a 2021, de acordo com dados da 17ª edi��o do Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica.
Vale lembrar, contudo, que a pol�cia brasileira � tamb�m uma das que mais sofre com a viol�ncia. No ano passado, 173 perderam a vida.
J� na Inglaterra e no Pa�s de Gales, a pol�cia matou apenas tr�s pessoas no bi�nio 2022/2023.
As pol�cias brasileira e americana tamb�m t�m outra semelhan�a: o perfil da v�tima.
Em ambos os pa�ses, negros t�m quase tr�s vezes mais chances de serem mortos pela pol�cia do que brancos.
Sem for�a letal
Cavalcante foi encontrado gra�as � tecnologia de detec��o de calor e chegou inicialmente a resistir � pris�o.
A pol�cia soltou um cachorro chamado Yoda, um pastor-belga-malinois. O animal mordeu e imobilizou o fugitivo at� os policiais se aproximarem e algemarem o brasileiro.
Havia tens�o em rela��o ao desfecho porque os agentes estavam autorizados a usar for�a letal se Cavalcante n�o se rendesse voluntariamente. A pol�cia havia informado que ele estava armado e era "extremamente perigoso".
Questionado por que a for�a letal n�o foi usada, o tenente-coronel George Bivens, da Pol�cia Estadual da Pensilv�nia, disse a jornalistas em entrevista coletiva nesta quarta-feira que "essa op��o serve apenas para evitar a fuga de um indiv�duo muito perigoso."
Segundo ele, o uso do c�o policial, chamado em ingl�s de K-9, foi primordial para que os agentes n�o empregassem a for�a letal.
"Os K-9 desempenham um papel muito importante, n�o s� para rastrear, mas tamb�m para, tal como numa circunst�ncia como esta, capturar algu�m com seguran�a. � muito melhor que possamos libertar um c�o policial como este e faz�-los subjugar o indiv�duo do que usar for�a letal", disse Bivens.
"Nossa prefer�ncia � sempre utilizar outros meios. Os K-9 desempenham um papel muito importante."

Segundo Bivens, o c�o foi trazido pelo Servi�o de Alf�ndegas e Prote��o das Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, em ingl�s).
A equipe do CBP libertou o cachorro enquanto outros policiais da Pol�cia Estadual da Pensilv�nia cercavam Cavalcante, disse Bivens na entrevista coletiva.
"O cachorro o subjugou e os membros de ambas as equipes imediatamente avan�aram. Ele continuou a resistir, mas foi levado sob cust�dia � for�a. Ningu�m ficou ferido como resultado disso", disse Bivens.
"Ele sofreu um pequeno ferimento por mordida. T�nhamos pessoal m�dico no local e eles analisaram isso", acrescentou.
Os c�es policiais s�o treinados para deter um indiv�duo, disse Bivens, para n�o causar danos desnecess�rios.
O objetivo � que os policiais d�em um comando ao c�o, para que o c�o possa recuar e os agentes avancem para prender o indiv�duo.
"Eles n�o ficam apenas mordendo e soltando ou tentando causar ferimentos adicionais. Eles simplesmente agarram e tentam manter a pessoa no lugar at� que os policiais possam chegar l�", disse Bivens.
"� por isso que eles nunca s�o soltos, voc� sabe, a uma grande dist�ncia ou sem supervis�o. H� policiais por perto que podem ent�o se mover. O treinador pode puxar o c�o imediatamente para tr�s se eles lhe derem um comando, puxar o c�o para tr�s e ent�o os oficiais [se moverem]".