"Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradi��es e imperfei��es, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa viol�ncia e da paz. Da pomba mil vezes rejeitada e mil vezes colocada em seu trono", escreveu Petro na rede social X, antigo Twitter.
Ap�s a deteriora��o de sua sa�de, Botero faleceu em M�naco �s 9h, hor�rio local, disse sua filha, Lina Botero.
"Estava em uma situa��o delicada de sa�de, h� v�rios anos com um Parkinson r�gido" e "desenvolveu uma pneumonia nos �ltimos cinco dias (...) Chegou um momento, em que estava ficando muito dif�cil respirar. Felizmente, morreu de forma tranquila", declarou a filha do artista � Blu R�dio da Col�mbia.
"Continuou pintando at� o final, mas n�o a �leo, porque lhe dava muito trabalho ficar de p�. Mas trabalhava com aquarela", acrescentou Lina.
Botero trabalhou pela �ltima vez no s�bado, em seu ateli� em M�naco, antes de sua doen�a respirat�ria piorar, acrescentou.
Nascido em 1932 em Medell�n, no centro da Col�mbia, ele � considerado um dos mais importantes artistas latino-americanos do s�culo XX.
O prefeito de sua cidade natal, Daniel Quintero, decretou sete dias de luto: "Lamentamos, profundamente, a morte do mestre Botero, um grande mestre da arte, da cultura, mas tamb�m por seu amor por Medell�n, por seu amor pela Col�mbia, por seu amor pela Am�rica Latina".
Artista latino-americano mais vendido em vida, Botero bateu seu pr�prio recorde em 2022, quando sua escultura "Hombre a Caballo" alcan�ou US$ 4,3 milh�es (R$ 22,43 milh�es na cota��o da �poca), em um leil�o da casa Christie's.
- Deixar este mundo -
"Penso com frequ�ncia sobre a morte e lamento deixar este mundo e n�o poder mais trabalhar porque tenho grande prazer trabalhando", disse ele em uma entrevista � AFP por ocasi�o do seu 80� anivers�rio, em 2012.
"Morreu um grande homem, deu um bom nome ao pa�s, enalteceu a cultura", escreveu o ex-presidente da Col�mbia �lvaro Uribe (2002-2010).
Com formas voluptuosas e levemente surrealistas, as obras de Botero se tornaram populares em todo o mundo, podendo ser vistas em museus e espa�os p�blicos de cidades como Bogot�, Madri, Paris, Barcelona, Singapura e Veneza.
Para o artista, as exposi��es em espa�os p�blicos s�o uma "forma revolucion�ria" de aproximar a arte do p�blico.
- Ao ar livre -
Ele doou cerca de 20 de suas enormes esculturas de bronze para sua cidade natal, Medell�n, em 2004. Expostas ao ar livre, na Plaza Botero, as obras foram vandalizadas em 2020 por desconhecidos que usaram "subst�ncias qu�micas" para descolorir o metal. O epis�dio gerou indigna��o.
Outra escultura instalada em uma pra�a de sua cidade foi parcialmente destru�da em 1995 por uma bomba que matou 23 pessoas, em plena guerra do Estado colombiano contra os cart�is do narcotr�fico e as guerrilhas de esquerda. Os autores do ataque n�o foram identificados, e os restos da obra "El P�jaro" permanecem no Parque de San Antonio.
Filho de um modesto trabalhador do com�rcio, Botero se iniciou na arte precocemente e contra a vontade da fam�lia. Aos 15 anos, vendia desenhos com temas de touradas na entrada da Plaza de Toros La Macarena.
Seu legado, que inclui mais de 3.000 pinturas e 300 esculturas, foi pautado por sua insaci�vel sede de cria��o. Nos �ltimos anos, trabalhou 10 horas por dia.
A mera ideia de abandonar os pinc�is "me aterroriza mais do que a morte", afirmou.
De Paris, a galerista Leonor Parra, fundadora do evento art�stico "Carr� Latin", disse � AFP que Botero "era, sem d�vida alguma, um dos artistas vivos mais importantes da Am�rica Latina. Sua preocupa��o com o volume marcou uma �poca da figura��o latino-americana. Mais do que um artista colombiano, ou latino-americano, � um artista mundial".
Durante anos, dividiu sua vida entre um vilarejo na Toscana (It�lia), Nova York, Medell�n e M�naco. Desde 1976, era casado com a artista grega Sophia Vari, que faleceu em maio deste ano.
"Desde que Sophia morreu, sua companheira de alma de 48 anos da vida, meu pai sofreu um baque muito duro, que produziu nele uma tristeza infinita", lamentou sua filha, Lina.
BOGOT�