Ao completar 20 anos desde que subiu pela primeira vez na tribuna da Assembleia Geral da ONU, Lula lembrou que o conflito na Ucr�nia mostra "nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os prop�sitos e princ�pios da Carta da ONU".
"N�o subestimamos as dificuldades para alcan�ar a paz", disse. "Mas nenhuma solu��o ser� duradoura se n�o for baseada no di�logo" e por isso � necess�rio "criar espa�o para negocia��es", afirmou Lula, que se reunir� pela primeira vez com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na quarta-feira.
As rela��es est�o tensas entre os dois presidentes, depois que Lula afirmou que Zelensky � t�o respons�vel pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin, e se recusou a se unir �s na��es ocidentais na imposi��o de san��es � R�ssia, assim como no fornecimento de armas � Ucr�nia.
Lula tenta posicionar o Brasil como potencial mediador do conflito, junto com outros pa�ses "neutros", incluindo China, �ndia e Indon�sia.
"Os conflitos armados s�o uma afronta � racionalidade humana", disse Lula da tribuna da Assembleia Geral em um discurso muito pol�tico, interrompido v�rias vezes por aplausos.
Lula lembrou que, no ano passado, os gastos militares somaram mais de US$ 2 trilh�es (cerca de R$ 10 trilh�es na cota��o da �poca) e em armamento nuclear chegaram a 83 bilh�es de d�lares (aproximadamente R$ 462 bilh�es), um valor 20 vezes maior ao do or�amento da ONU, enquanto as injusti�as persistem em um mundo onde a fome afeta 735 milh�es de pessoas, que "v�o dormir esta noite sem saber se ter�o o que comer amanh�".
- Vencer a resigna��o -
Durante a presid�ncia rotativa do Brasil no G20, no ano que vem, o combate �s desigualdades dominar� a agenda do grupo, anunciou Lula.
A crise clim�tica "bate � nossa porta, destr�i nossas casas, nossas cidades, nossos pa�ses e imp�e perda e sofrimento aos nossos irm�os, sobretudo aos mais pobres", alertou.
No entanto, a a��o mais ambiciosa da ONU para corrigir estas desigualdades, a agenda 2030 com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustent�vel (ODS) pode virar seu maior fracasso, alertou.
"Falta vontade pol�tica daqueles que governam o mundo" para eliminar as desigualdades, disse, antes de lembrar que os 10 maiores milion�rios do planeta det�m mais riqueza que os 40% mais pobres.
� preciso, afirmou, vencer a resigna��o que torna aceit�vel esta desigualdade como algo natural.
Na avalia��o do presidente, a desigualdade est� na "raiz" das "crises m�ltiplas e simult�neas" que o planeta vive, como a pandemia de covid-19, a crise clim�tica e a inseguran�a alimentar, que s�o "os principais desafios mundiais".
"Reduzir as desigualdades dentro dos pa�ses requer incluir os pobres nos or�amentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrim�nio", acrescentou.
- A Amaz�nia por si mesma -
Lula assegurou que durante seu mandato, a preserva��o da floresta amaz�nica ser� uma prioridade. Nos primeiro oito meses de seu governo, o desmatamento foi reduzido em 48%, lembrou.
Cerca de 50 milh�es de pessoas em nove pa�ses vivem na maior floresta tropical do planeta, cujo futuro depende de a��o decisiva e coordenada, lembrou.
Juntamente com outros pa�ses que abrigam florestas tropicais, como na �frica e na �sia, os Estados amaz�nicos querem chegar � COP28, em Dubai, com uma vis�o conjunta que reflita, sem tutelas, as prioridades da preserva��o das bacias amaz�nica, do Congo e de Borneo-Mekong.
"O mundo inteiro sempre falou da Amaz�nia. Agora � a Amaz�nia que est� falando por si mesma", concluiu Lula.
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