Aranha-armadeira, uma aliada do homem contra a impot�ncia

Ela mede cerca de 15 cent�metros, tem oito patas peludas, e seu veneno � mortal: � primeira vista, a aranha-armadeira n�o parece ser a melhor amiga do homem.

Mas cientistas brasileiros se inspiraram em seu veneno para desenvolver uma mol�cula sint�tica que combate a disfun��o er�til.

"H� mais de 30 anos, um pesquisador, o professor Carlos Ribeiro Diniz, [...] criou um grupo de estudos para poder separar os componentes do veneno da aranha-armadeira [...] porque ele viu que os pacientes que chegavam na cl�nica e que tinham sido picados por essa aranha apresentavam um sintoma caracter�stico do priapismo, que � uma ere��o dolorosa e prolongada", explica � AFP Marcia Helena Borges, pesquisadora da Funda��o Ezequiel Dias (Funed) em Belo Horizonte.

A aranha-armadeira (Phoneutria nigriventer), uma das esp�cies mais venenosas do mundo, vive na Am�rica do Sul e � assim chamada por causa de sua posi��o de ataque, com as patas dianteiras levantadas. Mas, em Minas Gerais, ela � encontrada tanto em �reas rurais quanto urbanas.

No laborat�rio da Funed, uma bi�loga usa pin�as para manipular uma dessas aranhas, com cuidado, e extrai algumas gotas de veneno, estimulando suas quel�ceras - os ferr�es com os quais ela pica suas v�timas.

"O veneno s� foi usado para conhecer as propriedades da mol�cula [que causa o priapismo]. No laborat�rio, criamos uma mol�cula mais simples e bem menos t�xica", detalha a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Maria Elena de Lima, que estudou o veneno a partir de amostras fornecidas pela Funed.

A patente dessa nova mol�cula foi adquirida pela empresa farmac�utica Biozeus, que pretende comercializar um gel para corrigir problemas de ere��o.

- Combate ao c�ncer -

Esp�cie de pomada que deve ser aplicada no p�nis quando se deseja uma ere��o, os efeitos s�o sentidos em quest�o de minutos, garante a pesquisadora.

Segundo ela, essa pesquisa tamb�m pode ser �til no combate ao c�ncer de pr�stata, pois "h� uma grande resist�ncia dos homens em fazer a cirurgia radical de pr�stata (prostatectomia), por exemplo em caso de c�ncer, porque isso leva � disfun��o er�til".

Esses problemas ocorrem porque os nervos er�teis s�o danificados pela remo��o da pr�stata.

Aqui entra a mol�cula inspirada no veneno da aranha-armadeira. Ela ativa a produ��o de �xido n�trico, essencial para a ere��o, pois promove a vasodilata��o dos vasos sangu�neos. Essa mol�cula pode ser produzida pelos nervos, mas tamb�m por outras c�lulas, nas quais o gel age, explica Maria Elena de Lima.

A segunda das tr�s fases de testes necess�rias para a aprova��o pelas autoridades sanit�rias deve come�ar em breve. Ela servir� para medir os efeitos em pacientes que passaram por uma prostatectomia e outros volunt�rios.

"� uma pesquisa baseada na nossa biodiversidade, que tem que ser valorizada", e � "um apelo para que as pessoas n�o destruam os animais, mesmo os venenosos, porque ali tem uma verdadeira biblioteca de mol�culas que ainda s�o desconhecidas", conclui a pesquisadora.