Ele e seus companheiros reivindicam os dividendos de um fundo de poupan�a ao qual destinaram 3% de sua renda mensal ao longo de d�cadas para garantir uma "velhice digna".
A situa��o de Marlon, de 59 anos, reflete as limita��es enfrentadas por mais de 37 mil aposentados da Petr�leos de Venezuela (PDVSA, na sigla em espanhol), v�timas do colapso desta empresa estatal associada a m�ltiplos casos de corrup��o.
O momento atual � o oposto de uma �poca em que os petroleiros ganhavam altos sal�rios que possibilitavam uma vida de luxo, al�m de terem seguro de sa�de ilimitado e aposentadorias douradas.
Cada aposentado deveria receber cerca de 660 d�lares (em torno de R$ 3.319, na cota��o atual) por m�s de juros do fundo de aposentadoria, mas recebem apenas 180 (R$ 905).
"Esse dinheiro � nosso, n�o somos um fardo, nosso pagamento n�o tem nada a ver com a produ��o petrol�fera, foi um dinheiro que juntamos", protesta Berm�dez, fazendo refer�ncia � baixa oferta da ind�stria venezuelana, que passava de tr�s milh�es de barris por dia h� 10 anos, para cerca de 700.000 hoje.
Aposentado por "decis�o da PDVSA", este homem, que trabalhava no Complexo da Refinaria de Paraguan� (CRP), um dos maiores do mundo, lamenta a deteriora��o de sua qualidade de vida.
"Tenho uma casa boa que comprei gra�as ao meu trabalho e estou vendendo quase de gra�a (...) por que tenho uma casa grande se n�o consigo mant�-la?", lamenta.
Avaliada em 40 mil d�lares (R$ 201 mil), ele est� vendendo a propriedade por 15 mil d�lares (R$ 75 mil).
"Estou vendendo para comprar uma casa menor, para ter dinheiro sobrando para viver", completa.
- "Roubados" -
Julio Blanco, ex-capit�o das embarca��es petroleiras, relatou que funcion�rios da PDVSA concordaram em se reunir com eles ap�s uma greve de fome iniciada em 12 de setembro e mantida por 36 horas.
Mas retomaram-na no dia 25 de setembro, diante das negocia��es "infrut�feras", ap�s a PDVSA alegar que n�o tem dinheiro para "pagar os rendimentos do nosso fundo de pens�es", acrescentou.
Berm�dez questiona as alega��es da petrol�fera.
"Eles nos dizem que n�o h� dinheiro e de onde (Tareck) El Aissami roubou tanto dinheiro? � dif�cil para eles dizerem que n�o h� dinheiro quando (...) h� pessoas na pris�o porque o dinheiro foi roubado", diz ele, fazendo refer�ncia a um esc�ndalo que culminou com a demiss�o, em mar�o, do ent�o ministro do Petr�leo, cujo paradeiro � desconhecido desde o ocorrido.
Funcion�rios de alto escal�o, incluindo um deputado, foram detidos em uma "cruzada" contra a corrup��o que terminou com mais de 50 pris�es.
Desde 2017, a Justi�a venezuelana iniciou investiga��es no setor com mais de 200 detidos, incluindo os antigos ministros do Petr�leo, Eulogio del Pino e Nelson Mart�nez, este �ltimo morrendo sob cust�dia.
O fundo previdenci�rio destes aposentados tampouco escapou da corrup��o.
"Foi saqueado, foi roubado em 2014", disse � AFP Iv�n Freites, um sindicalista petrol�fero no ex�lio.
Wilfredo Molina, de 65 anos, aposentado em 2018 ap�s 28 anos no setor, viajou mais de 600 quil�metros de Lagunillas, estado de Zulia (oeste), para aderir � greve de fome pela segunda vez neste m�s.
"Vivemos mal", descreve ele, deitado em um corredor da Universidade Central da Venezuela, para onde se transferiram ap�s as autoridades de seguran�a isolarem a principal sede administrativa da PDVSA, onde haviam protestado antes.
"N�o somos traidores do pa�s, n�o somos terroristas nem sabotadores, somos um grupo de aposentados da PDVSA que exige que o governo nos d� o que � nosso e eles tiraram", refor�ou Berm�dez.
CARACAS