Neste pa�s laico e de maioria cat�lica, onde a viol�ncia do narcotr�fico domina o debate eleitoral, os candidatos seculares ficaram de fora do segundo turno de 15 de outubro.
Causas como a descriminaliza��o total do aborto - alvo de uma longa batalha entre os legisladores, ju�zes constitucionais e o poder Executivo - ficar�o �rf�s.
O assassinato, no in�cio de agosto, do presidenci�vel centrista Fernando Villavicencio - favor�vel ao aborto - e a derrota nas urnas do direitista Jan Topic - de tend�ncia liberal nas pautas sociais - obrigar�o o eleitor a escolher entre dois representantes dos valores tradicionais.
A direita � representada por Noboa, filho de um dos homens mais ricos do pa�s e acompanhado na chapa eleitoral por Abad, uma autoproclamada "mulher cl�ssica", cat�lica, descrente das lutas feministas e contr�ria � legaliza��o do aborto, da eutan�sia e das drogas.
Na cabe�a de chapa da candidatura esquerdista est� a evang�lica Gonz�lez, progressista na �rea econ�mica, mas com posturas socialmente conservadoras como a defesa da fam�lia tradicional e ferrenha oposi��o ao aborto, um legado de seu mentor, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).
Na Am�rica Latina � comum a participa��o das igrejas na vida p�blica, mas elas permeiam cada vez mais entre as correntes de esquerda com uma ret�rica h�brida entre conservadorismo e socialismo.
- Fora da agenda -
Abad tem sido alvo de cr�ticas por declara��es nas quais questiona dados de feminic�dio ou o sal�rio igualit�rio.
"Se eu escolhi ser m�e, eu vou ter que trabalhar menos porque meu papel de m�e vai me exigir mais tempo. Como posso querer ganhar igual a um homem?", disse em uma emissora.
Por sua vez, Gonz�lez � herdeira da ideologia "profundamente conservadora no social" de Correa que segue dominando a esquerda, explica � AFP Sim�n Pachano, pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais (Flacso) de Quito.
Em 2013, o ent�o presidente acusou de "trai��o ideol�gica" um grupo de legisladoras da base governista que promoveu a descriminaliza��o do aborto em casos de estupro. Seu partido as puniu com uma suspens�o de um m�s.
- Antiaborto -
Apesar de progressista, Gonz�lez prop�e uma agenda social "muito limitada e muito amb�gua em termos de direitos sociais e reprodutivos", expressou Cristina Vega, professora de Estudos de G�nero da Flasco, em uma entrevista � Wambra Radio.
Diferentemente da vizinha Col�mbia - onde os tribunais aprovaram a descriminaliza��o do aborto, da eutan�sia e do consumo de drogas sem maior oposi��o do Executivo -, no Equador "as autoridades fecharam o caminho" para essas transforma��es, apontou, por sua vez, Pachano.
"Permitir o aborto mediante estupro? N�o se enganem. Os que defendem isso, s�o (a favor) da total libera��o do aborto, e essa � a porta que querem deixar aberta", disse Correa durante seu governo.
� �poca, somente as mulheres estupradas com problemas mentais ou em risco de vida podiam interromper voluntariamente suas gravidezes. As demais eram expostas a at� dois anos de pris�o.
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QUITO
No Equador, esquerda e direita recorrem a candidatas religiosas
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