Entre os favoritos � honraria est�o a autora e cr�tica do Kremlin, Lyudmila Ulitskaya, conhecida por seus romances �picos muitas vezes centrados nos relacionamentos pessoais, al�m do brit�nico Salman Rushdie, que sobreviveu a um esfaqueamento no ano passado, ap�s viver escondido durante anos devido a uma senten�a de morte proferida pelo Ir� por seu romance "Os Versos Sat�nicos" (1988).
Para Lisa Irenius, editora cultural do jornal sueco Svenska Dagbladet, caso o Nobel de Literatura v� para Ulitskaya, que vive autoexilada na Alemanha, seria uma forma de indicar que "a literatura continua livre frente � pol�tica".
J� segundo Bjorn Wiman, editor cultural de outro jornal da Su�cia, o Dagens Nyheter, a premia��o desta autora russa representaria "uma mensagem muito pol�tica".
Wiman tamb�m acredita que h� chances para a americana-caribenha Jamaica Kincaid, cujos romances s�o baseados na vida de sua fam�lia e nas experi�ncias com o colonialismo e quest�es raciais. Mas seu favorito ao pr�mio � Rushdie.
"� a hora dele vencer e, se o fizer, tiro o chap�u para a Academia" por defender a liberdade de express�o que Rushdie personifica, disse o editor.
- "Impens�vel" -
A Academia sueca tem sido alvo de cr�ticas pelo predom�nio de autores ocidentais, brancos e masculinos entre os ganhadores. Desde a cria��o do Nobel de Literatura, apenas 17 mulheres venceram a categoria, de um total de 119 contemplados.
Abalada pelo esc�ndalo #MeToo em 2018, seguido da controversa indica��o do austr�aco Peter Handke - que se posicionava a favor do ex-presidente s�rvio Slobodan Milosevic, acusado de genoc�dio - ao Pr�mio Nobel de 2019, procurou mudar a sua imagem.
No ano passado, ela concedeu a honraria � �cone feminista francesa Annie Ernaux. No ano anterior, foi a vez do romancista brit�nico de origem tanzaniana Abdulrazak Gurnah ser reconhecido pelo seu trabalho que explora as mazelas do ex�lio, do colonialismo e do racismo.
"Nos �ltimos anos, h� mais consci�ncia de que n�o se pode permanecer com uma perspectiva euroc�ntrica, deve haver mais igualdade e o pr�mio precisa refletir o seu tempo", afirmou a professora de literatura da Universidade de Estocolmo, Carin Franzen.
V�rios membros da Academia, formada por autores, historiadores, fil�sofos e linguistas, participaram de debates pol�ticos e sociais, organizaram semin�rios sobre liberdade de express�o e igualdade e publicaram artigos de opini�o na imprensa sueca.
"Isso era impens�vel h� cinco anos", disse Wiman, fazendo refer�ncia � forma��o anterior, que era mais fechada.
Para honrar sua promessa de mais diversidade, a Academia passou a consultar especialistas externos para compreender melhor o �mbito dos trabalhos provenientes de locais distantes.
"Dada a promessa da Academia de olhar para outras regi�es geogr�ficas, temo que acabemos sem o conhecimento necess�rio para adivinhar o vencedor, mesmo que possua um doutorado em literatura", admitiu Victor Malm, editor de cultura do popular jornal Expressen.
Entre outros nomes especulados para a categoria est�o a escritora chinesa Can Xue, o autor romeno Mircea Cartarescu, os h�ngaros Peter Nadas e Laszlo Krasznahorkai, o alban�s Ismail Kadare, o queniano Ngugi wa Thiong'o e a canadense Margaret Atwood, autora do famoso romance "O Conto da Aia" (1985).
ESTOCOLMO