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Estado de Minas BEIRUTE

Relat�rio exp�e os horrores de um hospital militar da S�ria


03/10/2023 17:00
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As autoridades s�rias abusaram e deixaram morrer detidos em um hospital militar de Damasco, que usaram para acobertar torturas aos presos, segundo den�ncias de um grupo de defesa dos direitos humanos e ex-prisioneiros de guerra deste centro prisional.

Os presos doentes enviados ao hospital militar Tishreen da capital s�ria raramente recebiam atendimento m�dico, segundo um relat�rio divulgado nesta ter�a pela Associa��o de Presos e Desaparecidos no Pres�dio de Sednaya (ADMSP), uma organiza��o sediada na Turquia.

Ao contr�rio, as for�as de seguran�a mobilizadas no hospital, mas tamb�m seu pessoal m�dico e administrativo, infligiam "torturas brutais" aos detentos, segundo um relat�rio intitulado "Enterrados em sil�ncio".

O estudo analisa os abusos cometidos desde o in�cio da guerra civil na S�ria, em 2011, at� 2020, mas seus autores asseguram que muitas destas pr�ticas persistem na atualidade.

Abu Hamza, de 43 anos, explica que foi enviado � pris�o do hospital Tishreen tr�s vezes durante o per�odo em que esteve detido, mas s� recebeu a visita de um m�dico uma vez.

"Os prisioneiros tinham medo de ir ao hospital porque muitos n�o voltaram", explica este homem, detido durante sete anos, parte deles na pris�o de Sednaya, nos arredores de Damasco.

"Os que estavam muito doentes eram deixados para morrer nos calabou�os do hospital", diz Abu Hamza que, assim como outros entrevistados pela AFP, usa apenas o primeiro nome ou um pseud�nimo, temendo repres�lias.

"Se consegu�amos andar, nos mandavam de volta para a pris�o", acrescenta.

A associa��o ADMSP foi fundada por ex-detentos de Sednaya, o maior pres�dio da S�ria, que virou sin�nimo de torturas e abusos do regime.

Seu �ltimo relat�rio se baseia em entrevistas com 32 pessoas entre ex-detentos e pessoal de seguran�a e m�dico, al�m de documentos vazados.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusam h� tempos o regime do presidente Bashar al Assad de torturar e executar prisioneiros sem julgamentos justos.

Segundo o Observat�rio S�rio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres e uma importante rede de contatos em toda a S�ria, um quinto das 500.000 mortes na guerra neste pa�s ocorreram em pres�dios controlados pelo governo.

- "Deixaram-no morrer" -

Abu Hamza assegura que os seguran�as da pris�o do hospital "entraram uma vez e mandaram que deit�ssemos no ch�o". Foram espancados durante 15 minutos antes de partirem, lembra.

Segundo o relat�rio da ADMSP, os presos mortos devido a torturas ou �s m�s condi��es da pris�o eram levados a este hospital e dali para "valas comuns" perto da capital.

Os presos doentes que chegavam ao hospital esperavam primeiro "no mesmo recinto onde recolhiam os cad�veres dos detentos" e eram obrigados a carreg�-los, diz o informe.

Abu Hamza conta que, descal�o e exposto a um frio extremo, precisou carregar por horas os corpos em um ve�culo na pris�o de Sednaya e descarreg�-los no vizinho hospital Tishreen.

Segundo o texto, n�o eram realizadas aut�psias e o hospital emitia "certid�es de �bito com informa��o falsa", citando com frequ�ncia causas como paradas card�acas, acidentes vasculares cerebrais ou problemas renais.

�s vezes, os presos "entre a vida e a morte" eram colocados em meio aos cad�veres e eram deixados para morrer ou, inclusive, eram mortos, diz o estudo.

Abu Hamza lembra de um detento que "lutava pela vida" na pris�o do hospital: "N�o trouxeram um m�dico. Ao inv�s disso, o colocaram entre os cad�veres. Deixaram-no morrer".

- Acordar "entre cad�veres" -

O hospital Tishreen desempenha "um papel central nos desaparecimentos, acobertando a tortura, falsificando as causas das mortes" e outros abusos que s�o "crimes contra a humanidade", diz o cofundador da ADMSP, Diab Serriya.

"O que acontece no hospital Tishreen e em outros hospitais militares � uma pol�tica sistem�tica" das autoridades, acrescenta.

Um m�dico s�rio � julgado atualmente na Alemanha por tortura, assassinato e crimes contra a humanidade, enquanto trabalhou em hospitais militares em seu pa�s.

Tamb�m h� den�ncias de tortura em outras partes da Europa, nos Estados Unidos e na Corte Internacional de Justi�a (CIJ) contra o governo e funcion�rios s�rios.

Mahmud tinha apenas 16 anos quando foi detido, em 2014, e enviado ao hospital Tishreen, onde afirma ter sido espancado violentamente pelos companheiros.

"Fui agarrado no ch�o, pisaram em mim, taparam a minha boca (at�) desmaiar", conta.

"Acordei um pouco depois e me vi entre cad�veres no canto da cela", diz Mahmud, que afirma ter sido mandado de volta � pris�o de Sednaya sem receber atendimento m�dico.

Ali, pegou tuberculose, mas n�o pediu cuidados m�dicos porque tinha muito medo.

"Chegou um momento em que n�o conseguia mastigar, mas n�o disse a ningu�m para que n�o me mandassem ao hospital Tishreen", garante.


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