
"Eu n�o entendo o ponto [dos EUA]. Eles v�o bombardear o L�bano ou o qu�?", afirmou Putin em um evento sobre energia em Moscou.
Ele se refere ao deslocamento para a regi�o de um grupo liderado pelo mais moderno porta-avi�es de propuls�o nuclear americano, o USS Gerald Ford, o maior navio de guerra do mundo hoje. Ele chegou a Israel na ter�a (10/10).
A medida do governo de Joe Biden visou passar um recado para os vizinhos regionais de Israel que apoiam o Hamas e outros grupos que defendem o fim de Israel, como a Jihad Isl�mica, notadamente o Ir� —que os financiou ao longo dos anos.
"Ou ser� que eles [os americanos] s� decidiram tentar amedrontar algu�m? H� pessoas l� que n�o t�m mais medo de nada. Este n�o � o caminho para solucionar o problema. � preciso olhar para solu��es de compromisso. Claro, estas a��es est�o inflamando a situa��o", disse.
Presidente da Turquia de maioria mu�ulmana e pr�ximo de Putin, com quem conversou na ter�a (10/10), Recep Tayyip Erdogan tamb�m criticou a abordagem americana. E, nesta quarta, afirmou que a rea��o de Israel contra Gaza equivale a "um massacre", oferecendo-se para mediar o conflito.
Desde que Tel Aviv declarou guerra ao Hamas, h� trocas di�rias de fogo entre suas posi��es de artilharia no norte do pa�s e as for�as do Hizbullah, mil�cia xiita que � o principal ator militar do L�bano, tendo travado diversas guerras pontuais com Israel.
Por ora, essa troca visa delimitar territ�rios, mas h� sempre o risco de uma escalada regional. O Hizbullah tem muito mais capacidade militar do que o Hamas, e seu estoque de foguetes � estimado por especialistas entre 100 mil e 150 mil unidades, o que d� margem para ataques devastadores, em especial se combinado com as barragens que seguem vindo de Gaza apesar do bombardeio israelense.
Al�m disso, h� a quest�o iraniana. O pa�s tem uma for�a militar consider�vel, mas n�o as cerca de 90 ogivas nucleares � disposi��o de Israel segundo a referencial Federa��o dos Cientista Americanos. Com efeito, ante as acusa��es que se multiplicam na m�dia que Teer� organizou o ataque de s�bado, at� o l�der supremo Ali Khamenei foi a p�blico para negar a hip�tese.
Ao longo dos �ltimos anos, os governos de Binyamin Netanyahu apostaram no namoro com os �rabes, que seria consolidado com um acordo com os l�deres do grupo, os sauditas, como forma de driblar a quest�o palestina.
De fato, na etapa inicial da normaliza��o, em 2020 com Emirados �rabes Unidos � frente, os palestinos foram rifados na pr�tica. Ao mesmo tempo, Netanyahu apostou em enfraquecer a lideran�a reconhecida pela ONU da Palestina, sediada em Ramallah (Cisjord�nia), o que fortaleceu seus rivais do Hamas em Gaza.
O resultado foi o ac�mulo de uma quantidade enorme de m�sseis pelos terroristas e o tempo para orquestrar uma a��o militar �nica em 50 anos contra Israel, que s� viu tamanho apag�o de preparo quando se viu invadido por duas frentes na Guerra do Yom Kippur —na qual quase recorreu � bomba at�mica, segundo a historiografia n�o admitida por Tel Aviv, para evitar a derrota que acabou n�o vindo.
Analistas mais s�brios apontam o fato de que o Hamas toma suas pr�prias decis�es, inclusive as de cunho suicida: pode ter criado o horror do s�bado apenas para melar o jogo regional e tentar for�ar uma solu��o negociada que, ante as cenas e relatos que se sucedem de brutalidade contra civis israelenses, � basicamente improv�vel.
Na linha oposta, o sacrif�cio de sua popula��o civil em Gaza pelo poderio militar esmagador de Israel seria uma ficha de barganha, por elevar o risco de uma conflagra��o regional.
A�, a posi��o ora confort�vel de cr�tico de Putin se complica, pois ele � uma aliado do Ir� e da S�ria, pa�s em guerra civil onde mant�m bases militares. E, com todo seu foco na Guerra da Ucr�nia, tudo o que o russo n�o precisa � de um conflito em que tenha algo a dizer —seu desengajamento no C�ucaso, onde os arm�nios de Nagorno-Karabakh foram expulsos ap�s tr�s d�cadas de apoio russo pelos azeris, j� sinalizou isso.
Por outro lado, Putin tem boa rela��o com Netanyahu, apesar de desgastes, e coordena a��es com o israelense e os turcos na S�ria. Pesa nisso tamb�m a popula��o de judeus russos que emigraram depois do fim da Uni�o Sovi�tica em 1991, hoje 15% dos 9,8 milh�es de israelenses.
Evidentemente, as trocas de artilharia e m�sseis na fronteira israelo-libanesa sempre podem sair de controle. O tamanho da rea��o de Israel, o que parece ser a aposta do Hamas, � o fator que dever� determinar se o risco de escalada pode se tornar uma profecia autorrealiz�vel ou se ficar� no campo da especula��o.