"Formalizamos hoje este passo dentro da pol�tica de paz, dentro da pol�tica da vida: o passo da fase de di�logo", anunciou Danilo Rueda, alto comiss�rio para a Paz, perante os delegados do presidente colombiano, Gustavo Petro, e do chamado Estado-Maior Central (EMC), principal dissid�ncia das Farc.
Os delegados do presidente e l�deres guerrilheiros reuniram-se em Tib�, um dos munic�pios mais conflituosos do pa�s, localizado na fronteira com a Venezuela e cercado de narcocultivos.
"Em nome de todas e todos os guerrilheiros das Farc, ratificamos diante de todos voc�s nossos delegados na mesa de di�logo com o governo nacional", disse Andrey Avenda�o, l�der da delega��o das dissid�ncias das Farc.
Com o lan�amento oficial das negocia��es, come�a tamb�m um cessar-fogo bilateral nacional de tr�s meses "a partir da 0h de 17 de outubro de 2023, at� as 24h de 15 de janeiro de 2024", destaca decreto do Minist�rio da Defesa.
Camilo Gonz�lez Posso, l�der da delega��o do governo � mesa, ressaltou que o decreto de cessar-fogo visa a "respeitar a vida em todas as suas formas e evitar que a popula��o civil seja afetada".
- Mensagem de paz -
Horas antes da instala��o da mesa, Gustavo Petro publicou no X (antigo Twitter) que a Col�mbia "espera dar uma mensagem de paz". "N�o podemos enviar uma mensagem coerente de paz ao mundo se nos matamos entre n�s mesmos", ressaltou.
Participaram do encontro os escolhidos pelo primeiro presidente de esquerda da Col�mbia para dissolver o EMC por meio do di�logo. Liderados por N�stor Gregorio Vera, comandante conhecido como Iv�n Mordisco, esses rebeldes n�o quiseram assinar o acordo de 2016, que permitiu aos que o fizeram formar um partido pol�tico.
Os dissidentes n�o concordavam com alguns pontos sobre o desarmamento e alegavam que as �reas que ocupavam ficariam � merc� de outros grupos armados. Especialistas, no entanto, apontam que o motivo era proteger as economias ilegais que proporcionam uma receita milion�ria ao EMC, como o tr�fico de coca�na e a minera��o irregular.
Caso o EMC assine a paz, deixariam definitivamente a clandestinidade na Col�mbia os herdeiros dos camponeses que fundaram as Farc em 1964, no calor do comunismo, e as converteram em uma das guerrilhas mais poderosas da Am�rica Latina.
"Temos tr�s meses para ganhar o cora��o de muitos colombianos e colombianas c�ticos", resumiu Danilo Rueda sobre a tr�gua, que inclui, entre seus compromissos, o de permitir "o desenvolvimento livre das elei��es de 23 de outubro".
- Tens�o -
A instala��o da mesa foi precedida de tens�o e acusa��es m�tuas de ataques fatais. Esperava-se um cessar-fogo bilateral de dez meses, mas a guerrilha e o Ex�rcito tiveram fortes confrontos nos departamentos de Cauca e Valle del Cauca (sudoeste) nas �ltimas semanas, que geraram desconfian�a.
Esse n�o foi o �nico rev�s. Em maio, o presidente suspendeu o cessar-fogo declarado cinco meses antes, devido ao massacre cometido pelo EMC em uma comunidade ind�gena. No m�s passado, os departamentos do Cauca e Valle do Cauca foram palco de um derramamento de sangue de ambos os lados.
As partes n�o foram claras sobre que assuntos ser�o discutidos. Diferentemente das negocia��es de paz com as Farc, desta vez as conversas ser�o em territ�rio colombiano.
Meses atr�s, Andrey Avenda�o manifestou que a inten��o do EMC n�o � chegar ao Congresso, como estipulou o acordo de 2016 com os l�deres das Farc.
O EMC n�o � a �nica dissid�ncia, por�m � a maior e mais organizada. O presidente colombiano tamb�m dialoga desde novembro com o Ex�rcito de Liberta��o Nacional (ELN), outra guerrilha de inspira��o guevarista, ainda mais relutante em ceder em suas pretens�es pol�ticas e estrat�gicas.
Ambas as negocia��es s�o a carta de apresenta��o da Paz Total, uma das iniciativas mais ambiciosas do esquerdista Petro, que j� cumpriu mais de um quarto do seu mandato, que termina em 2026.
TIB�