As barracas foram montadas pela Ag�ncia das Na��es Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em ingl�s) no oeste de Khan Yunis, uma cidade no sul do enclave.
Najjar, de 38 anos, conta que andou 30 quil�metros com sua fam�lia depois de Israel ter ordenado a evacua��o da parte norte da Faixa, h� uma semana.
"Deixamos nossa casa �s dez da manh� e chegamos �s oito da noite", relata essa m�e de sete filhos. "Tentamos descansar no caminho, mas os bombardeios eram intensos, ent�o come�amos a correr".
O territ�rio, onde vivem 2,4 milh�es de palestinos, foi intensamente bombardeado por Israel em resposta � ofensiva do Hamas em solo israelense em 7 de outubro.
Os habitantes de Gaza aguardam a chegada da ajuda humanit�ria pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, o que n�o acontecer� antes de s�bado, segundo a ONU. Ao mesmo tempo, continuam a temer uma invas�o terrestre por parte do ex�rcito israelense.
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) estimou, na quinta-feira (19), que o n�mero total de pessoas deslocadas dentro da Faixa "poderia ter alcan�ado um milh�o". A ag�ncia das Na��es Unidas teme, seriamente, a escassez de alimentos e de �gua pot�vel.
- Bombardeios -
Fadwa al Najjar diz que deixou sua casa, junto com cerca de 90 familiares que vivem em um edif�cio residencial. Como n�o tinham dinheiro para pagar os cerca de US$ 250 (R$ 1.265 na cota��o do dia) exigidos por um motorista de �nibus, resignaram-se a caminhar.
"Israel bombardeou carros � nossa frente, nos quais havia deslocados. Vimos cad�veres", e "rezamos, achando que a gente ia morrer", desabafa Fadwa al Najjar.
Israel nega ter atacado civis que fugiam para o sul e acusa o Hamas de usar a popula��o como "escudos humanos", o que o movimento isl�mico palestino nega.
"Houve bombardeios sobre nossas cabe�as durante todo o caminho. Teria preferido n�o ir embora e ficar em casa e morrer l�", diz a filha de Fadwa al Najjar, Malak. Sua m�e diz que n�o consegue tomar banho "desde o primeiro dia da guerra".
Mais de 4.137 palestinos, a maioria civis, morreram em bombardeios israelenses na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, segundo autoridades locais desse territ�rio governado pelo Hamas.
Desde essa data, mais de 1.400 pessoas morreram em Israel, a maioria civis baleados, queimados vivos, ou mutilados, no primeiro dia do ataque do movimento isl�mico, segundo as autoridades israelenses. O Hamas tamb�m sequestrou cerca de 200 pessoas.
- "Nem cobertores nem colch�es" -
Sentada em sua barraca, Um Bahaa Abu Jarad, de 37 anos, morava em Beit Lahia, no norte da Faixa, em um pr�dio com "cerca de 150 pessoas que agora est�o dispersas entre Rafah [na fronteira com o Egito] e Khan Yunis", afirmou.
"Pegamos uma carro�a puxada por burros para chegar � cidade de Gaza [no norte da Faixa, abaixo de Beit Lahia] por 30 shekels", o equivalente a US$ 8 (R$ 40,70 na cota��o do dia), "e depois pagamos 400 shekels [US$ 100, ou R$ 509, na cota��o do dia] por um carro que nos levaria a Khan Yunis", explica.
"� uma quantia significativa e tem gente que aproveita", reclama.
Antes de conseguir uma barraca, Um Bahaa Abu Jarad e outras 27 pessoas passaram cinco dias dormindo na rua, no p�tio de um edif�cio de escrit�rios da UNRWA.
"Estava muito quente durante o dia e muito frio � noite", acrescentou.
A mulher mostra um xarope que comprou para a tosse do filho, que pegou um resfriado.
"N�o h� cobertores, nem colch�es", diz, mostrando erup��es cut�neas causadas por falta de higiene.
"Temos que esperar na fila em frente aos banheiros junto com dezenas de outras pessoas, e pode levar uma hora at� chegar a nossa vez", desabafa.
- Fuga em um caminh�o de gado -
Uma de suas primas, Faten Abu Jarad, m�e de sete filhos, diz que caminhava por uma estrada na Cidade de Gaza quando ocorreram os bombardeios israelenses.
"Come�amos a correr", at� alcan�ar um caminh�o de gado. "Imploramos ao motorista que nos levasse para o sul e tivemos que pagar 400 shekels", conta.
"Est�vamos todos amontoados, jovens e velhos, com esterco de vaca, e chegamos aqui num estado lament�vel", completou.
Hanaa Abu Sharj lava sua roupa e a de sua fam�lia em um balde, depois de conseguir alguns litros de �gua.
"N�o temos roupa limpa, e uso a �gua com muito cuidado para n�o desperdi��-la", finaliza.
KHAN YUNIS