Milei, um economista de 52 anos eleito deputado apenas em 2021, abalou o tabuleiro pol�tico nas prim�rias de agosto, quando foi o candidato mais votado, � frente de Massa, do governista Uni�o pela P�tria, e de Bullrich, do Partido Juntos pela Mudan�a.
Com o discurso extremista, com a promessa de dolarizar a economia, acabar com o Banco Central, ou eliminar o Minist�rio da Mulher, Milei ganhou popularidade entre um eleitorado exausto por anos de estagna��o econ�mica e uma infla��o em forte alta, que alcan�a quase 140% em termos anuais.
"Os eleitores est�o muito frustrados e acreditam que n�o pode ficar pior", explica o cientista pol�tico Juan Negri, da Universidade Torcuato di Tella.
"Estamos no per�odo da antipol�tica. Come�a um per�odo de instabilidade, teremos anos de muito conflito. Estamos vivendo de maneira muito complicada o fim de uma etapa", acrescentou.
- Estagna��o e pobreza -
Terceira maior economia da Am�rica Latina, historicamente a sociedade argentina tem orgulho de sua ampla classe m�dia. Por�m, a economia n�o cresce h� mais de uma d�cada, e a pobreza disparou, afetando mais de 40% da popula��o.
A Argentina tem um compromisso com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) para um programa de cr�dito de US$ 44 bilh�es (R$ 223,9 bilh�es na cota��o do dia) que exige uma redu��o significativa do d�ficit fiscal.
Nas semanas anteriores � elei��o, o pa�s registrou uma corrida fren�tica no mercado cambial, que elevou para mais de 1.000 pesos a cota��o do "d�lar blue", como � conhecida a taxa de c�mbio informal, contra uma taxa oficial de 365 pesos por d�lar.
A moeda americana � o ref�gio habitual dos poupadores na Argentina. Quem tinha condi��es, tamb�m comprou algum produto eletr�nico, temendo aumento de pre�os ap�s a elei��o.
"� uma incerteza total. Voc� nunca sabe se o aluguel ser� renovado, em quanto v�o aumentar a mensalidade da universidade, ou os pre�os dos supermercados", reclama Valent�n Figuera, um estudante de 20 anos do bairro nobre de Palermo, em Buenos Aires.
Nem o governo atual do peronista de centro-esquerda Alberto Fern�ndez (2019-2023), nem a administra��o de seu antecessor, o direitista Mauricio Macri (2015-2019), conseguiram mudar a tend�ncia de deteriora��o econ�mica.
- "Campanhas negativas" -
Massa, ministro da Economia h� 14 meses, e Bullrich, que foi ministra da Seguran�a no governo Macri, enfrentam dificuldades para estabelecer uma dist�ncia da imagem ruim das duas administra��es.
"A candidatura de Massa se deteriora ao ritmo da economia", explicou Negri. E, para Bullrich, que projeta "uma imagem de linha dura, � dif�cil fazer campanha contra Milei".
No atual cen�rio, Milei insiste em que pode vencer no primeiro turno no domingo (22). Para concretizar a meta, ele precisa de 45% dos votos, ou de 40%, mas com uma vantagem de 10 pontos em rela��o ao segundo mais votado.
Um eventual segundo turno acontecer� em 19 de novembro.
"As elei��es me preocupam porque est� dif�cil. N�o h� nenhum candidato em quem voc� declare voto e pronto", disse Nelly Quintana, comerciante de 38 anos.
A diretora da empresa de consultoria Zub�n, C�rdoba e Associados, Paola Zub�n, considera que as "campanhas foram muito negativas. N�o se vota mais no menos ruim, mas naquele que pode evitar que o outro ven�a", destaca.
"Foi uma campanha marcada pelo medo, pela frustra��o e pelo cansa�o", resumiu.
A Argentina, que em 2023 comemora 40 anos de retorno � democracia, tamb�m votar� para definir metade das cadeiras da C�mara dos Deputados e um ter�o do Senado. As pesquisas indicam que nenhum partido conquistar� a maioria parlamentar.
O novo presidente assumir� o cargo em 10 de dezembro para um mandato de quatro anos. O pa�s tem 35,8 milh�es de eleitores registrados.
BUENOS AIRES