Mar�a Corina Machado, a opositora liberal que busca destronar Maduro

"Expropriar � roubar": a frase evoca diretamente Mar�a Corina Machado, a opositora irreverente que h� uma d�cada desafiou um intoc�vel Hugo Ch�vez e venceu as prim�rias de domingo da oposi��o venezuelana.

Ela era deputada quando ousou desafiar Ch�vez (1999-2013), cuja pol�tica econ�mica socialista inclu�a expropria��es de empresas, pr�dios e propriedades. Com estas palavras, catapultou o desprezo ao chavismo e acabou conquistando os opositores mais radicais.

Com 56 anos e fama de ser contundente e sem medir as palavras, Machado conquistou a lideran�a da oposi��o ao vencer as prim�rias de domingo, com a promessa de acabar com o socialismo que est� no poder e impor um pa�s liberal.

Mas sua vit�ria n�o se traduz necessariamente em uma candidatura contra o presidente Nicol�s Maduro, que busca a reelei��o, j� que Mar�a Corino � objeto de uma pena de inabilita��o pol�tica de 15 anos, condena��o que ela n�o reconhece.

"Essa luta � at� o fim!", repete como um mantra que permeia seus apoiadores, convencidos de que ela conseguir� reverter a san��o, participar das elei��es do pr�ximo ano e tomar o poder.

"Ela ficou com o monop�lio de uma oferta alternativa diferente da oposi��o cl�ssica", explica � AFP Luis Vicente Le�n, diretor da empresa de pesquisas Datan�lisis, que destaca uma imagem de "coer�ncia e consist�ncia" para os opositores, cansados dos fracassos acumulados na oposi��o tradicional.

- "Mar�a com ira" -

Diosdado Cabello, considerado o n�mero dois do chavismo, a chama de "Mar�a com ira" e "La sayona", uma animal do folclore venezuelano que, como Machado, tem pele branca e cabelos lisos e pretos.

Cabello sempre recorda sua desabilita��o, anunciada quando sua popularidade come�ou a disparar visando as elei��es presidenciais de 2024. A san��o, que inicialmente era de 12 meses e expirou em 2016, foi prorrogada para 15 anos em 30 de junho.

"Nunca recebi uma �nica notifica��o", diz Machado, que descarta contestar a san��o na Justi�a. "Se n�o h� crime, n�o h� procedimento e n�o h� decis�o, do que vou recorrer?".

As inabilita��es est�o na agenda do di�logo entre o governo e a oposi��o, que ela critica por considerar que busca apenas a conviv�ncia com o governo.

Para a opositora, a �nica coisa que precisa ser negociada � a "sa�da" de Maduro, embora tenha moderado o discurso nos �ltimos meses.

"Ela � uma mulher firme, corajosa, com um car�ter muito s�lido, mas muito gentil", afirma a secret�ria pol�tica do seu partido Vente Venezuela, Dinorah Hern�ndez.

- "�guia n�o ca�a moscas" -

Machado percorre o pa�s de carro porque as autoridades a impedem de viajar de avi�o. Quando seu carro � parado em postos policiais ou militares, o que acontece com frequ�ncia, ela aproveita para prometer um pa�s melhor aos soldados.

Com a recupera��o econ�mica, ela faz a promessa de reencontro familiar, ap�s a migra��o de mais de 7 milh�es de venezuelanos que fugiram da crise.

� uma realidade que a afeta diretamente, j� que os seus filhos, que a acompanharam no voto neste domingo, tamb�m vivem no exterior e ela est� proibida de sair do pa�s. Muitas vezes, uma videochamada � a �nica forma de comunica��o.

Seu in�cio na pol�tica aconteceu em 2002, quando criou a 'S�mate', organiza��o que estimulou um referendo para destituir Ch�vez. Ela foi eleita deputada do Parlamento em 2010, mas foi destitu�da em 2014 por participar como "embaixadora alternativa" do Panam� em uma reuni�o da OEA, na qual denunciou supostas viola��es dos direitos humanos durante os protestos daquele ano que pediam a "sa�da" de Maduro e que deixaram 40 mortos. Foi ent�o acusada de promover a viol�ncia.

A vit�ria de domingo a leva de volta ao 13 de janeiro de 2012, quando enfrentou Ch�vez. "Sugiro que voc� ganhe as prim�rias, porque est� fora do ranking para debater comigo", disse-lhe o presidente. "�guia n�o ca�a moscas".