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Estado de Minas BUENOS AIRES

Como Milei repeliu as mulheres na Argentina da 'mar� verde' feminista


24/10/2023 20:13
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N�o foi apenas a economia. Os eleitores da Argentina tamb�m est�o envoltos em um debate sobre o poderoso movimento feminista, ap�s o candidato antissistema libert�rio Javier Milei prometer reverter os direitos das mulheres que colocam o pa�s na vanguarda sobre o tema na Am�rica do Sul.

"Houve uma mobiliza��o muito forte das mulheres contra Milei", cuja ret�rica "n�o s� era antifeminista, mas tamb�m anti-mulher", disse nesta ter�a-feira (24) � AFP o cientista pol�tico Iv�n Schuliaquer, da Universidade San Mart�n, de Buenos Aires.

Milei, o segundo candidato mais votado nas elei��es presidenciais de domingo, depois do peronista Sergio Massa, � conhecido por sua forte oposi��o ao aborto, seu compromisso de eliminar o Minist�rio da Mulher e sua nega��o da disparidade salarial entre homens e mulheres.

Pesquisas de opini�o indicam que seus eleitores s�o homens, na maioria.

Enquanto alguns o acusam de ser uma "rea��o patriarcal" aos movimentos feministas, outros veem-no como um porta-voz da "maioria silenciosa", que tinha se "entrincheirado" diante do avan�o dos direitos das mulheres.

"H� muito de rea��o patriarcal nas ideias de Milei", afirmou a candidata de esquerda, Myriam Bregman. "No m�nimo, sentem que seus privil�gios est�o sendo questionados".

Em contraste, no com�cio de encerramento de campanha, no qual Milei foi recebido como uma estrela de rock com imagens de explos�es ao fundo, um de seus apoiadores disse � AFP que as feministas "t�m um discurso gravado".

"Eu n�o concordo com a modifica��o da l�ngua espanhola", disse Mois�s Achee, um oper�rio de 57 anos, referindo-se ao uso da linguagem inclusiva. "Nem que me imponham certas coisas que, se eu n�o aceito, parece que sou eu quem exclui as pessoas. N�o concordo em nada com certas ideias. Ent�o, vamos com Javier Milei!".

O candidato de 53 anos convenceu seus apoiadores de que seria seu defensor diante destas inconformidades. "N�o vou ficar pedindo perd�o por ter p�nis!", exclamou durante uma entrevista no ano passado.

- Dos len�os verdes para as trincheiras -

Em 2015, as argentinas lan�aram o movimento Ni Una Menos (Nem uma a menos) para denunciar os feminic�dios como a m�xima express�o da viol�ncia de g�nero.

A agita��o deste movimento de reivindica��es no pa�s culminou em discuss�es sobre o direito ao aborto, que come�aram em 2018 e foram promulgadas em janeiro de 2021, ap�s uma segunda tentativa.

Durante este per�odo, os len�os verdes das "pibas" - uma adapta��o feminista dos len�os brancos das M�es da Pra�a de Maio - foram adotados por mulheres em todo o mundo.

Soledad Vallejos, jornalista especializada em quest�es de g�nero e cofundadora da campanha Ni Una Menos, afirma: "A Argentina � a porta que abre as lutas por direitos na regi�o, e quem mostra esse vi�s na pol�tica contempor�nea".

"Se os setores conservadores conseguirem influenciar a sociedade argentina nisso, eles expandir�o sua influ�ncia por toda a regi�o", alertou Vallejos.

Enquanto a "mar� verde" ganhava for�a, a rea��o de homens que se sentiam injustamente questionados tamb�m nascia em grupos de WhatsApp e redes sociais.

Agust�n Romo, na �poca um influenciador e agora diretor de comunica��o digital de Milei, afirma que "houve um exagero do feminismo, onde voc� era culpado apenas por ser homem".

"Gerou uma rea��o significativa, inclusive entre homens e mulheres n�o ideologizadas. Ou em mulheres que inclusive se deram conta de que estava fora de controle", de acordo com declara��es de Romo ao elDiarioAR, em agosto.

Ele diz que "nesse momento", entre 2017 e 2019, "um amigo me colocou em um grupo de WhatsApp. E era uma trincheira" para os que se sentiam amea�ados pelo crescimento do feminismo argentino.

- A ascens�o de Milei -

Em paralelo � forma��o dessas "trincheiras" nas redes sociais, um economista libert�rio era frequentemente convidado na televis�o da Argentina, devido ao seu estilo exc�ntrico e a sua ret�rica antissistema que atra�am grande audi�ncia. Era Javier Milei.

O confinamento provocado pela pandemia da covid-19 contribuiu para criar um ambiente prop�cio para esse movimento de rea��o - que se enxerga como rebelde e libertador.

E, na Argentina do Ni Una Menos estava em evid�ncia no pa�s, Milei come�ou a clamar por "igualdade perante a lei" quando se trata de feminic�dios. Ou seja, ele prop�e a elimina��o do agravante do c�digo penal quando o motivo do crime fosse uma quest�o de g�nero.

Em entrevista � revista "Perfil", o fil�sofo Ricardo Forster observou que Milei "tem um discurso que parece rebelde, mas, na verdade, � profundamente reacion�rio em termos de valores tradicionais".

"H� uma quest�o de masculinidade em jogo, um ressentimento em rela��o � masculinidade que se expressa no crescimento da extrema direita em muitas partes do mundo", continuou Forster, relacionando o fen�meno Milei com o de Donald Trump nos Estados Unidos, e o de Jair Bolsonaro, no Brasil.

Para Schuliaquer, enquanto a divis�o entre os partidos rivais tradicionais da Argentina costumava ser de classe, agora, a contenda pol�tica pendente entre Milei e o peronismo ser� "de g�nero e de gera��o".


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