A ajuda internacional chega a conta-gotas em Gaza. � apenas "uma gota em um oceano de necessidades", alertou o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, na ter�a-feira, quando pediu um "cessar-fogo humanit�rio imediato", condenando as "claras viola��es do direito humanit�rio" em Gaza.
Seu apelo provocou a ira de Israel. "Senhor secret�rio-geral, em que mundo voc� vive?", perguntou o ministro das Rela��es Exteriores de Israel, Eli Cohen. "Certamente n�o � o nosso", acrescentou, ao mostrar fotos de ataques do Hamas contra civis.
A incurs�o do Hamas deixou mais de 1.400 mortos, a maioria deles civis, segundo as autoridades israelenses. Quase 220 ref�ns israelenses, estrangeiros ou com dupla nacionalidade, foram levados para Gaza. Quatro foram libertados.
De acordo com o Hamas, dentro da Faixa de Gaza, mais de 6.500 pessoas, a maioria civis, foram mortas em bombardeios incessantes de retalia��o.
- Opera��es sem anestesia -
A ONU solicita combust�vel com urg�ncia para alimentar os geradores dos hospitais. Seis estabelecimentos na Faixa de Gaza j� tiveram que fechar por falta de combust�vel, segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de.
Ahmad Abdul Hadi, cirurgi�o ortop�dico do hospital Nasser, disse � AFP que teve que operar v�rios feridos sem anestesia. "N�o h� produtos anest�sicos suficientes (...), os feridos est�o sofrendo muito e n�o podemos esperar para oper�-los", explicou.
Segundo Mohammed Abu Selmeya, diretor do hospital Shifa, "10 hospitais est�o fora de servi�o" e "mais de 90% dos medicamentos e produtos est�o esgotados".
Mas para os Estados Unidos, um cessar-fogo "neste momento beneficiaria apenas o Hamas". Em vez disso, a Casa Branca sugeriu "pausas" para facilitar a entrega de ajuda humanit�ria.
A Faixa de Gaza, um territ�rio onde 2,4 milh�es de pessoas vivem em superlota��o, tem sido alvo de um bloqueio israelense por terra, mar e ar desde que o Hamas assumiu o poder, em 2007. Desde 9 de outubro, Israel cortou o abastecimento de �gua, energia el�trica e alimentos.
- "O tempo est� se esgotando" -
Na ter�a-feira, um quarto comboio de oito caminh�es de ajuda entrou em Gaza procedente do Egito, atrav�s da passagem fronteiri�a de Rafah, mas seriam necess�rios pelo menos 100 ve�culos por dia, segundo a ONU.
"O tempo est� se esgotando. Precisamos urgentemente de combust�vel", afirmou Juliette Touma, chefe da ag�ncia da ONU para os refugiados palestinos.
Mas Israel se recusa a permitir a entrada de combust�vel, alegando que isso beneficiaria o Hamas.
"N�o, no momento n�o temos interesse em que a m�quina militar do Hamas receba mais combust�vel e n�o autorizamos nenhum combust�vel", disse o conselheiro de Netanyahu, Mark Regev, � CNN.
Desde 15 de outubro, o Ex�rcito de Israel pede � popula��o do norte da Faixa de Gaza, onde os bombardeios s�o mais intensos, que se retirem para o sul. Segundo a ONU, pelo menos 1,4 milh�o de palestinos fugiram de suas casas.
"� meia-noite, enquanto dorm�amos, sentimos pedras caindo sobre n�s", disse Amin Abu Jazar, um refugiado em Rafah, nesta quarta-feira. "Onde est�o as Na��es Unidas e o mundo inteiro?".
- "Ataques em larga escala" -
Al�m disso, Israel concentra dezenas de milhares de soldados nos arredores de Gaza com o objetivo de "esmagar" o Hamas.
Mas uma ofensiva terrestre seria extremamente perigosa neste territ�rio densamente povoado, repleto de t�neis e na presen�a de ref�ns. "H� muitos obst�culos", admitiu um soldado israelense de uma unidade de engenharia, que n�o revelou seu nome.
"O inimigo est� nos bombardeando com foguetes e outras coisas que n�o posso detalhar, para nos impedir de avan�ar".
- Ataques contra a S�ria -
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, est� no Cairo para se reunir com o presidente do Egito, depois de visitar Israel, os Territ�rios Palestinos e a Jord�nia, em busca de retomar um "processo de paz" para a cria��o de um Estado palestino.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que abandonou os planos de viajar para Israel e condenou a incapacidade do Ocidente de deter a guerra em Gaza.
Por outro lado, o Ex�rcito israelense anunciou nesta quarta-feira que atacou infraestruturas militares na S�ria, em resposta aos disparos contra o seu territ�rio na ter�a-feira. Oito soldados s�rios morreram, segundo a imprensa oficial s�ria.
As tens�es tamb�m s�o muito fortes na Cisjord�nia ocupada e na fronteira de Israel com o L�bano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o Ex�rcito israelense e o Hezbollah.
O l�der do movimento pr�-iraniano Hezbollah se reuniu com l�deres do Hamas e da Jihad Isl�mica para discutir formas de apoiar estes movimentos palestinos na sua guerra contra Israel, informou o grupo liban�s nesta quarta-feira.
FRANJA DE GAZA