Em 11 de setembro de 2005, Israel concluiu a retirada unilateral, determinada pelo governo chefiado ent�o por Ariel Sharon, de suas tropas e dos 8.000 colonos que viviam na Faixa de Gaza.
As imagens de israelenses saindo de suas moradias, inconsol�veis, de soldados chorando ao lado daqueles a quem expulsavam ap�s 32 anos de presen�a civil no territ�rio, de retroescavadeiras destruindo casas e palestinos incendiando sinagogas ficaram gravadas na mem�ria coletiva dos israelenses.
Dezoito anos depois, Zevouloun Kalfa, personalidade da col�nia Atzmona, lembra daquela �poca com saudade.
"Ped�amos carona para ir a Shejayya (um dos principais bairros de Gaza), sem armas, sem nada, apenas para fazer compras ou ir ao dentista", recorda o israelense de 61 anos, lamentando que seus antigos "vizinhos de Gaza" tenham permitido "que o Hamas pusesse �dio na mamadeira de seus filhos".
Para ele, a coloniza��o e a domina��o dos palestinos n�o existe. No m�ximo, admite um sentimento surgido do "palavr�rio e das promessas de Oslo", os acordos diplom�ticos de 1993, que deviam levar � cria��o de um Estado palestino na Cisjord�nia e em Gaza.
Nenhuma autoridade israelense mencionou que a poss�vel incurs�o terrestre na Faixa de Gaza teria como objetivo voltar a ocupar militarmente, menos ainda de forma civil, o territ�rio palestino.
Mas para Kalfa, que atualmente administra o kibutz Saad, fronteiri�o com Gaza e atingido pelo ataque do Hamas, em 7 de outubro, que desencadeou uma guerra sangrenta entre Israel e o movimento islamita palestino, "n�o pode ser mais perigoso que nossas fam�lias estejam em Gaza do que perto de Gaza".
Na sa�da do kibutz Saad, Yitzhak Amitai, rabino e figura da coloniza��o em Gaza, armado e vestindo uniforme, apesar da idade, tamb�m faz um "convite a vir cobrir, com a ajuda de Deus", o retorno pr�ximo de sua fam�lia a Gaza.
- "Prontos" -
Elad, um soldado de 50 anos que cresceu em Gaza e hoje mora em uma col�nia da Cisjord�nia ocupada, diz que luta para "voltar a Gaza, onde h� praias melhores que as de Israel".
Zevouloun Kalfa se mostra mais prudente sobre o cen�rio hipot�tico de uma volta a Gaza, embora acrescente que a tomada, em 1967, de Jerusal�m oriental, ap�s a guerra dos Seis Dias, n�o fazia parte dos planos de Israel na �poca.
"Temos filhos e netos que sonham voltar para l� um dia. O governo decide, estamos prontos", afirma.
"Como dissemos j� em 2014 (durante a �ltima incurs�o armada israelense), a �nica solu��o � uma incurs�o terrestre, uma limpeza completa do Hamas e o restabelecimento da autoridade israelense" no territ�rio palestino de 2,4 milh�es de habitantes, acrescenta o israelense.
Este argumento est� ganhando for�a em uma opini�o p�blica israelense traumatizada com os �ltimos acontecimentos - mais de 1.400 pessoas morreram do lado israelense desde o in�cio da guerra - e que apoia maci�amente, segundo as pesquisas, at� mesmo dentro da esquerda, a continua��o da ofensiva contra o Hamas at� sua destrui��o.
Segundo o movimento islamita palestino, desde o in�cio dos bombardeios que os israelenses lan�aram em repres�lia, mais de 6.500 palestinos morreram, a grande maioria civis.
Esta inclina��o das opini�es pol�ticas para a direita, enquanto o governo do premi� israelense, Benjamin Netanyahu, j� era considerado antes da guerra um dos mais � direita da Hist�ria de Israel, est� revitalizando os nost�lgicos de Gush Katif, nome dado ao bloco de assentamentos na Faixa de Gaza.
Na entrada de Jerusal�m, cerca de 15 cartazes proclamam "Voltamos a Gaza" e fazem refer�ncia a uma plataforma de arrecada��o de fundos para a coloniza��o.
O popular cantor israelense Hanan Ben Ari incentivou as tropas em frente a uma base militar, cantando "Voltamos a Gush Katif" e "Estamos criando a praia de Nova na praia de Gaza", nome da festa rave que terminou no massacre de mais de 260 pessoas em 7 de outubro.
A m�sica e a hashtag "praia Nova" viralizaram.
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