Bullrich, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, disputado no domingo, anunciou que vai apoiar "a mudan�a" representada pelo ultradireitista Milei, com quem manteve duros embates na campanha presidencial.
"Temos diferen�as com Milei, por isso competimos. No entanto, enfrentamos o dilema da mudan�a, ou da continuidade mafiosa. A maioria escolheu a mudan�a, n�s a representamos", disse Bullrich durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira. Ela liderou a coaliz�o de centro Juntos pela Mudan�a, movimento do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), advers�rio tradicional do peronismo.
O an�ncio solit�rio de Bullrich exp�s as profundas diferen�as dentro da coaliz�o. A ex-candidata, que obteve quase 24% dos votos (6,2 milh�es) no primeiro turno, esclareceu que n�o falava em nome de sua forma��o, o Partido Proposta Republicana (PRO, direita), nem da Juntos pela Mudan�a, integrada tamb�m pelos social-democratas da Uni�o C�vica Radical e da Coaliz�o C�vica.
"Ratificamos nossa defesa at� o fim dos valores de mudan�a e liberdade. A urg�ncia do tempo nos pede para n�o sermos neutros diante da continuidade do kirchnerismo atrav�s de Massa", apontou a ex-candidata, ap�s se reunir com Milei.
Massa � ministro da Economia do governo do presidente Alberto Fern�ndez, cuja vice � a ex-presidente Cristina Kirchner. Massa ficou em primeiro lugar no primeiro turno das presidenciais, com quase 37% dos votos.
Milei, um economista de 53 anos, que prop�e o "anarco-capitalismo" e condena o que chama de "casta pol�tica ladra", era o favorito apontado pelas pesquisas.
�s v�speras da vota��o, se disse pronto para vencer a elei��o no primeiro turno. Mas seu desempenho (30%), quase id�ntico ao das prim�rias de agosto, o deixou em segundo lugar.
Massa, ao contr�rio, cresceu 15 pontos em rela��o � sua vota��o nas prim�rias.
- 'Nem acordo, nem pacto' -
Ao lado de seu companheiro de chapa, o radical Luis Petri, a ex-candidata destacou que seu apoio a Milei n�o significa um pacto em um eventual governo.
"Demos por encerrados certos enfrentamentos. N�s n�o falamos sobre o governo. N�o estamos em um acordo, nem em um pacto com Javier Milei. Falamos sobre nossa postura frente � sociedade que votou em n�s e que quer nos ouvir", acrescentou.
Durante a campanha, Milei acusou Bullrich de "p�r bombas em jardins de inf�ncia", durante sua milit�ncia na juventude peronista nos conturbados anos 1970. A ex-candidata o denunciou criminalmente por essas declara��es.
Mas, em busca de apoio para o segundo turno, Milei prop�s esta semana integrar Bullrich em um hipot�tico governo seu. Tamb�m disse que ofereceria um cargo � Frente de Esquerda.
O analista pol�tico Sergio de Piero, da Universidade de Buenos Aires, avaliou que a posi��o de Bullrich era "esperada, mas incompreens�vel".
"Confunde os eleitores de Bullrich. Ser� preciso ver se aceitam votar em Milei. Mas, acima de tudo, desconcerta os pr�prios eleitores de Milei. � preciso ver se v�o aceitar esta guinada. Agora, � outro Milei", declarou � AFP.
- 'Nenhum dos dois' -
A Juntos pela Mudan�a ainda n�o anunciou uma posi��o comum com vistas ao segundo turno das presidenciais, mas a Uni�o C�vica Radical decidiu n�o apoiar nenhum dos dois candidatos.
"Nenhum dos dois garante um futuro de progresso para a Argentina", manifestaram-se seus dirigentes em um comunicado.
A coaliz�o Juntos pela Mudan�a conta com nove dos 23 governadores, al�m do prefeito da cidade de Buenos Aires.
Nas elei��es de domingo, nas quais tamb�m foi renovado parcialmente o Congresso, nenhuma for�a pol�tica obteve a maioria parlamentar.
A Juntos pela Mudan�a ficou em segundo lugar, com 24 senadores e 93 deputados, atr�s da governista Uni�o pela P�tria (peronismo de centro esquerda), com 72 senadores e 108 deputados.
A Liberdade Avan�a, de Milei, que tinha tr�s deputados, eleitos h� dois anos, agora tem um total de 38 representantes na C�mara baixa e oito assentos no Senado.
BUENOS AIRES