Israel segue atacando Gaza depois de bombardear t�neis do Hamas

O Ex�rcito israelense continua bombardeando a Faixa de Gaza neste s�bado (28), depois de combates terrestres entre soldados e milicianos do movimento islamita palestino Hamas e de bombardeios noturnos de intensidade sem precedentes desde o in�cio da guerra, que destru�ram centenas de edif�cios em uma noite.

No 22� dia do conflito, que provocou milhares de mortos, o territ�rio palestino de Gaza, sitiado por Israel e onde 2,4 milh�es de habitantes vivem na pobreza, privados de tudo, est� agora isolado do mundo devido ao corte das comunica��es e de Internet.

"As bombas ca�am de todos os lados: da marinha, da artilharia e dos avi�es", disse � AFP Alaa Mahdi, morador do campo de refugiados de Shati, na parte norte da Faixa.

"A quem est�o atingindo? A resist�ncia? N�o, as pobres pessoas", acrescentou este homem de 54 anos, que afirma que o efeito das bombas em Shati � "pior que o de um terremoto".

A ONU diz temer uma "avalanche de sofrimento humano" na Faixa de Gaza, onde o Ex�rcito israelense promove uma devastadora campanha de bombardeios desde 7 de outubro, em retalia��o � ofensiva sem precedentes que os milicianos do Hamas lan�aram em territ�rio israelense e que deixou 1.400 mortos, a maioria civis de todas as idades. Entre os mortos est�o mais de 300 militares.

O Minist�rio da Sa�de do Hamas, que governa Gaza, afirmou no seu �ltimo relat�rio neste s�bado que 7.703 pessoas, principalmente civis, morreram nos bombardeios israelenses. Segundo o Hamas, mais de 3.500 crian�as est�o entre os mortos.

Neste s�bado, o porta-voz do servi�o de Defesa Civil de Gaza informou que centenas de edif�cios e casas foram "completamente destru�dos" apenas nos bombardeios israelenses da madrugada.

O Ex�rcito de Israel disse ter atingido "150 alvos subterr�neos" no norte da Faixa de Gaza, onde afirma que o Hamas conduz suas opera��es a partir de uma gigantesca rede de t�neis.

O Ex�rcito afirmou ter matado "v�rios terroristas do Hamas", incluindo um dos respons�veis pela organiza��o da ofensiva de 7 de outubro.

Segundo jornalistas da AFP em Gaza, os bombardeios israelenses por avia��o e artilharia continuaram neste s�bado.

Durante a noite, o Hamas relatou intensos confrontos entre os seus combatentes e soldados israelenses, que atacaram Beit Hanun, no norte da Faixa, e Al Bureij, no centro.

Os militares israelenses confirmaram que as suas for�as haviam operado "dentro de Gaza", tal como fizeram nas duas noites anteriores. Em resposta, o Hamas disparou foguetes contra v�rias cidades de Israel.

"Continuaremos bombardeando por via a�rea e mar�tima", disse o porta-voz do Ex�rcito, Daniel Hagari. "A elimina��o (dos l�deres do Hamas) os enfraquece", acrescentou, observando que o Ex�rcito n�o reportou v�timas durante as opera��es noturnas.

- Fam�lias dos ref�ns, preocupadas -

A perspectiva de uma ofensiva terrestre israelense em Gaza preocupa a comunidade internacional, que teme que o conflito desencadeie um conflito regional. O Ir�, patrocinador do Hamas e do movimento liban�s Hezbollah, emitiu v�rios avisos sobre isso aos Estados Unidos, o mais fiel aliado de Israel.

"Israel deve parar imediatamente com esta loucura", acrescentou neste s�bado o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em uma mensagem na rede social X.

Depois dos �ltimos bombardeios israelenses e de "uma noite de imensa ang�stia", as fam�lias dos ref�ns detidos pelo Hamas, na sua maioria israelenses, disseram estar "preocupadas" com o seu destino e exigiram explica��es ao governo de Benjamin Netanyahu.

Segundo o Ex�rcito de Israel, 229 ref�ns - israelenses, de dupla nacionalidade ou estrangeiros - foram capturados em 7 de outubro pelo Hamas e levados � for�a para Gaza. Desde ent�o, os islamitas libertaram quatro mulheres cativas.

Um alto funcion�rio do Hamas, Musa Abu Marzuk, em visita a Moscou, disse neste s�bado que est�o tentando localizar oito ref�ns com dupla nacionalidade, russa e israelense, para libert�-los.

O mesmo respons�vel disse, no entanto, que n�o houve progressos nas negocia��es para a liberta��o dos outros ref�ns, entre os quais mencionou civis e soldados.

- Corte de comunica��es -

Os bombardeios noturnos coincidiram com um apag�o de comunica��es e Internet na Faixa de Gaza.

O Crescente Vermelho palestino e v�rias ONGs e ag�ncias da ONU afirmaram ter perdido contato com as suas equipes.

As opera��es humanit�rias e a atividade hospitalar "n�o podem continuar sem comunica��es", advertiu Lynn Hastings, coordenadora do gabinete de assuntos humanit�rios da ONU.

Al�m disso, esta situa��o "tamb�m impede que as ambul�ncias cheguem aos feridos", afirmou o diretor da Organiza��o Mundial da Sa�de, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Este bloqueio de informa��o cria o risco de encobrir atrocidades em massa e de contribuir para a impunidade das viola��es dos direitos humanos", afirmou a Human Rights Watch.

O enclave palestino est� sujeito a um bloqueio terrestre, mar�timo e a�reo israelense h� 16 anos, ao qual se soma, desde 9 de outubro, um "cerco total" por parte do Estado hebreu. O porta-voz militar Hagari esclareceu que neste s�bado ser� permitida a entrada de alimentos, rem�dios e �gua para a popula��o de Gaza.

Desde 21 de outubro, apenas 84 caminh�es de ajuda humanit�ria chegaram a Gaza vindos do vizinho Egito, segundo a ONU, que estima que seriam necess�rios pelo menos cem por dia.

Ao mesmo tempo, a tens�o atinge o seu ponto mais alto na Cisjord�nia, um territ�rio palestino ocupado por Israel desde 1967. Mais de uma centena de palestinos morreram ali pelas m�os de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro.