Extremista de direita Javier Milei se elege presidente da Argentina

Os argentinos elegeram, neste domingo (19), o l�der libert�rio e de extrema direita Javier Milei como seu pr�ximo presidente, reconheceu seu rival, o ministro da Economia peronista Sergio Massa, em um discurso antes da publica��o dos resultados oficiais.

Com uma infla��o de tr�s d�gitos e no meio da pior crise econ�mica em duas d�cadas, 55,9% dos argentinos preferiram a plataforma de mudan�a do candidato antissistema Milei, contra 44% que votaram em Massa, segundo os resultados oficiais parciais.

"Os resultados n�o s�o o que esper�vamos. Me comuniquei com Javier Milei para parabeniz�-lo e desejar-lhe sorte porque � o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os pr�ximos quatro anos", disse Massa em discurso aos militantes em seu comit� de campanha.

"A partir de amanh� [segunda-feira], a responsabilidade de dar certezas � do novo presidente eleito e esperamos que assim o seja", disse Massa.

O peronista acrescentou que ser�o iniciados "mecanismos de transi��o democr�ticos, para que os argentinos nos pr�ximos 19 dias n�o tenham nem d�vidas nem incertezas a respeito do normal funcionamento econ�mico, social, pol�tico e institucional".

O presidente Luiz In�cio Lula da Silva desejou "boa sorte e �xito" ao novo governo argentino, em mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), sem mencionar o presidente eleito.

"Desejo boa sorte e �xito ao novo governo. A Argentina � um grande pa�s e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estar� � disposi��o para trabalhar junto com nossos irm�os argentinos", escreveu Lula.

O comando de campanha de Milei em Buenos Aires ficou lotado de seguidores que cantavam seu lema, "a casta tem medo", em alus�o � classe pol�tica, e tamb�m "Argentina sem Cristina", em refer�ncia � vice-presidente Cristina Kirchner, e "que saiam todos, que n�o fique nenhum".

A posse de Milei, um economista de 53 anos, ser� em 10 de dezembro, para um mandato de quatro anos.

O �ndice de participa��o no pleito foi de 76% em um universo de 35,8 milh�es de eleitores.

- 'Esperando os golpes' -

Com uma infla��o de 143% em termos anuais e a pobreza que afeta 40% da popula��o, a Argentina enfrenta a pior conjuntura econ�mica nas �ltimas duas d�cadas.

"Independentemente do que aconte�a, n�o vemos um bom futuro. Estamos esperando os golpes. N�o acontece como nas outras elei��es, em que votei com convic��o, agora voto sem convic��o", disse � AFP Mariano Delfino, eleitor de 36 anos, na periferia de Buenos Aires.

Para recuperar a terceira maior economia da Am�rica Latina, Milei prop�e medidas dr�sticas como a dolariza��o e o fechamento do Banco Central, para acabar com a infla��o e a emiss�o de moeda.

"As medidas de Milei seriam todas r�pidas e simult�neas", prev� o economista V�ctor Beker, da Universidade de Belgrano, que destacou que o libert�rio vai aproveitar tanto a lua de mel com o eleitorado como o per�odo de recesso do Parlamento pela temporada de ver�o.

A Argentina tem um acordo de cr�dito desde 2018 com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) de 44 bilh�es de d�lares (quase 215 bilh�es de reais na cota��o atual), negociado pelo ent�o presidente Macri, e aplica desde 2019 um sistema de controle cambial.

Esse acordo contempla um compromisso de reduzir o d�ficit fiscal para 0,9% do PIB em 2024, o que Milei considera insuficiente.

Contudo, "cortar o gasto social � complicado, porque tem impacto sobre a pobreza", alertou a economista Mar�a Laura Alzua, da Universidade de La Plata, que calcula que os subs�dios para os servi�os de energia el�trica, g�s e transportes representam 2% do PIB.