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Estado de Minas BUENOS AIRES

Ultradireitista Javier Milei se elege presidente da Argentina


20/11/2023 07:01
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O economista de ultradireita Javier Milei venceu, no domingo (19), o segundo turno das elei��es presidenciais da Argentina, um triunfo contundente que gera incertezas neste pa�s mergulhado em sua pior crise econ�mica em duas d�cadas.

O libert�rio Milei obteve 55% dos votos contra 44% para o ministro da Economia, o peronista Sergio Massa, segundo os resultados parciais oficiais.

"Hoje come�a a reconstru��o da Argentina. O modelo da decad�ncia chegou ao fim. N�o h� volta atr�s. Chega do modelo empobrecedor da casta, hoje abra�amos a liberdade para voltarmos a ser uma pot�ncia mundial", disse Milei em seu primeiro discurso para uma multid�o entusiasmada.

Com uma infla��o de 143% ao ano e 40% da popula��o na pobreza, os argentinos preferiram as promessas de mudan�a e o discurso contra a classe pol�tica do candidato antissistema Milei, de 53 anos.

"Esta � a mudan�a que n�s, jovens, queremos. N�o tenho medo de Milei. Tenho medo de que meu pai n�o possa pagar o aluguel. E o peso argentino n�o vale nada", disse Juan Ignacio G�mez, de 17 anos.

"Estamos cansados do peronismo. Milei � um desconhecido, mas melhor um louco que um ladr�o", afirmou Nacho Larra�aga, de 50 anos.

Milhares de pessoas se deslocaram para o Obelisco de Buenos Aires para comemorar a vit�ria de Milei com bandeiras amarelas e imagens de le�o, s�mbolo do presidente eleito e de seu partido, A Liberdade Avan�a.

A cientista pol�tica Laura Goyburu considerou que a vit�ria de Milei representa "o in�cio de um novo ciclo pol�tico argentino".

"� bastante dif�cil antecipar como v�o se reconfigurar as alian�as nos pr�ximos meses porque o que aconteceu hoje foi um terremoto, especialmente para o peronismo kirchnerista", apontou.

A Argentina � governada desde 2003 pelo peronismo de centro esquerda de N�stor e Cristina Kirchner, salvo por um intervalo de quatro anos de governo do direitista Mauricio Macri (2015-2019).

Diante de Milei, a multid�o cantou "Cristina vai ser presa", em alus�o � condena��o, no ano passado, da ex-presidente a seis anos de pris�o por corrup��o.

Kirchner n�o pode ser presa porque tem imunidade por ser vice-presidente e presidente do Senado, mas vai perder esta condi��o em 10 de dezembro, quando Milei for empossado.

O chefe de diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, felicitou Milei e afirmou que espera trabalhar com o presidente eleito nas "prioridades compartilhadas".

O presidente do Brasil, Luiz In�cio Lula da Silva, desejou "boa sorte e �xito" ao novo governo da Argentina, assim como os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Col�mbia, Gustavo Petro, entre outros l�deres latino-americanos.

O governo da China tamb�m felicitou Milei e afirmou que deseja "trabalhar com a Argentina para prosseguir a amizade entre os dois pa�ses para uma coopera��o na qual todos ganham". Durante a campanha, o pol�tico ultraliberal chegou a afirmar que desejava romper as rela��es com Pequim.

Em seu discurso, Milei agradeceu o apoio que recebeu no segundo turno de Macri e da ex-candidata Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudan�a, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno eleitoral, em 22 de outubro.

O �ndice de participa��o no pleito foi de 76% em um universo de 35,8 milh�es de eleitores.

- Dolariza��o? -

A Argentina enfrenta a pior conjuntura econ�mica nas �ltimas duas d�cadas e Milei planeja enfrentar a crise de imediato.

"N�o h� espa�o para o gradualismo, n�o h� espa�o para a tibieza, nem para meias-tintas", afirmou. "Temos problemas monumentais: a infla��o, a estagna��o, a falta de emprego genu�no, a inseguran�a, a pobreza e a indig�ncia. Problemas que s� t�m solu��o se voltarmos a abra�ar as ideias da liberdade", disse em seu discurso.

Para recuperar a terceira maior economia da Am�rica Latina, Milei prop�e medidas dr�sticas como a dolariza��o e o fechamento do Banco Central, para acabar com a infla��o e a emiss�o de moeda.

"Acho que vai aproveitar os primeiros meses para fazer as reformas que havia proposto. Muito provavelmente, tentar� tomar muitas decis�es nos pr�ximos meses", avaliou Goyburu.

Milei, que sempre trabalhou no setor privado, criou seu partido em 2021, quando foi eleito deputado.

Embora tenha tido uma vota��o expressiva nas elei��es parlamentares parciais de outubro, seu partido, A Liberdade Avan�a, tem apenas sete dos 72 senadores e 38 dos 257 deputados.

A Argentina tem um acordo de cr�dito desde 2018 com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) de 44 bilh�es de d�lares (quase 215 bilh�es de reais na cota��o atual), negociado pelo ent�o presidente Macri, e aplica desde 2019 um sistema de controle cambial.

Esse acordo contempla um compromisso de reduzir o d�ficit fiscal para 0,9% do PIB em 2024, o que Milei considera insuficiente.

- Choro -

No comando de campanha de Massa, a tristeza tomou conta dos militantes, muitos com l�grimas nos olhos.

Camila Velaron, de 20 anos, foi uma das apoiadoras peronistas que caiu no choro. "Vamos voltar em quatro anos com tudo feito merda e reconstruindo os peda�os do pa�s que ele vai deixar", disse a jovem, que juntamente com um grupo de amigas vestia uma camiseta com o lema "Todes unides venceremos", em alus�o aos direitos coletivos feministas e LGBT.

Milei nega que exista uma brecha salarial entre homens e mulheres e rejeita o consenso de 30.000 desaparecidos na �ltima ditadura (1976-1983), estabelecido por organiza��es de defesa dos direitos humanos. Ele estima que o n�mero real seja de menos de um ter�o.

Al�m disso, afirma que as mudan�as clim�ticas n�o s�o causadas pelas atividades humanas.


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