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Os ind�cios que apontam que o novo coronav�rus circulava no Brasil antes do primeiro diagn�stico oficial

An�lises feitas por pesquisadores da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que havia casos do novo coronav�rus no Brasil antes de fevereiro


postado em 21/05/2020 05:00 / atualizado em 21/05/2020 07:11


Primeiro diagnóstico de Sars-Cov-2 no Brasil ainda é considerado incerto e estudos apontam que vírus chegou ao país antes do primeiro caso confirmado(foto: Getty Images)
Primeiro diagn�stico de Sars-Cov-2 no Brasil ainda � considerado incerto e estudos apontam que v�rus chegou ao pa�s antes do primeiro caso confirmado (foto: Getty Images)

O novo coronav�rus circula no Brasil antes do primeiro diagn�stico oficial. A afirma��o consta em an�lises feitas pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e � refor�ada por descobertas recentes feitas no Brasil e no mundo em rela��o ao Sars-Cov-2, nome oficial do v�rus.

O primeiro diagn�stico oficial do novo coronav�rus no pa�s foi em 26 de fevereiro. O paciente, um empres�rio de 61 anos, havia retornado recentemente da It�lia, que come�ava a enfrentar uma explos�o de casos de covid-19.

Era per�odo p�s-Carnaval quando o primeiro caso foi confirmado. A partir de ent�o, o Brasil entrou na rota do novo coronav�rus, que j� circulava em diversos pa�ses. Na �poca, o pa�s com mais casos no mundo era a China, onde foram feitos os primeiros registros.

An�lises feitas por pesquisadores da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que havia casos do novo coronav�rus no Brasil antes de fevereiro. Esses levantamentos apontam que na quarta semana epidemiol�gica, entre 19 e 25 de janeiro, havia ao menos um caso de Sars-Cov-2 no pa�s.

J� a transmiss�o comunit�ria — quando n�o � poss�vel identificar a origem da infec��o —, confirmada oficialmente em 13 de mar�o, teria come�ado no Brasil na primeira semana de fevereiro, segundo estudos feitos no IOC/Fiocruz.

Esses levantamentos trazem informa��es importantes sobre a trajet�ria do novo coronav�rus no Brasil. Com base nesses dados, � poss�vel compreender que o v�rus j� circulava pelo pa�s antes do Carnaval, per�odo em que h� muitas aglomera��es e pode ter facilitado ainda mais a propaga��o do Sars-Cov-2. Al�m disso, mostram que houve mortes por covid-19 antes do primeiro �bito confirmado no pa�s, em 17 de mar�o.

Essas apura��es feitas por pesquisadores tiveram como base registros sobre S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave (SRAG) no pa�s.

Uma apura��o do Minist�rio da Sa�de, por meio de secretarias estaduais, refor�a a tese de que havia pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 no Brasil antes de 26 de fevereiro. Isso porque a pasta divulgou recentemente que quase 40 casos, antes do primeiro diagn�stico oficial, est�o sendo investigados no pa�s.

Descobrir os primeiros casos no Brasil � considerado importante para que seja poss�vel avaliar a trajet�ria do v�rus no pa�s, analisar casos de subnotifica��es e estudar as caracter�sticas do Sars-Cov-2 por aqui.


Descoberta na França sobre paciente com o vírus no fim de dezembro causou repercussão em todo o mundo(foto: Getty Images)
Descoberta na Fran�a sobre paciente com o v�rus no fim de dezembro causou repercuss�o em todo o mundo (foto: Getty Images)

Oficialmente, o primeiro caso do Brasil ainda � o do paciente diagnosticado em 26 de fevereiro. Por�m, h�, ao menos, tr�s pontos que indicam que o Sars-Cov-2 chegou ao Brasil antes do primeiro diagn�stico oficial: os registros de SRAG, as descobertas recentes sobre a origem do coronav�rus em outros pa�ses e notifica��es suspeitas encaminhadas ao Minist�rio da Sa�de.

Os registros de SRAG

Em anos anteriores, o Infogripe, sistema da Fiocruz, registrou uma m�dia de 250 casos em fevereiro. Por�m neste ano, no mesmo per�odo, os registros de SRAG tiveram aumento hist�rico em todo o Brasil, principalmente em meados de fevereiro. Apenas na semana de 23 a 29 do m�s, 662 pessoas foram internadas no pa�s com sintomas como febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respirat�ria. As notifica��es s�o referentes a hospitais p�blicos e privados.

A SRAG, hoje altamente associada � covid-19, tamb�m pode ser causada por outros v�rus como influenza, adenov�rus ou os coronav�rus sazonais que j� circulavam anteriormente. No entanto, especialistas apontam que n�o h� nenhum indicativo de que os v�rus conhecidos em anos anteriores circularam mais intensamente, entre janeiro e fevereiro, neste ano.

Especialistas da Fiocruz fizeram an�lises moleculares retrospectivas em amostras de SRAG e encontraram um caso de Sars-Cov-2 na quarta semana epidemiol�gica, um m�s antes do primeiro diagn�stico oficial.

Al�m disso, an�lises feitas por meio do MonitoraCovid-19, plataforma do sistema do Instituto de Comunica��o e Informa��o Cient�fica e Tecnol�gica em Sa�de (Icict/Fiocruz), apontou que, desde a sexta semana epidemiol�gica, entre 2 e 8 de fevereiro, h� aumento sustentado nos n�meros de SRAG no pa�s.

Os ind�cios apontam que desde o in�cio de fevereiro h� transmiss�o comunit�ria do novo coronav�rus no pa�s.


Primeiros casos do novo coronavírus foram descobertos em Wuhan, na China. Origem do vírus ainda é incerta e é alvo de pesquisas(foto: Getty Images)
Primeiros casos do novo coronav�rus foram descobertos em Wuhan, na China. Origem do v�rus ainda � incerta e � alvo de pesquisas (foto: Getty Images)

Os dados referentes a registros de SRAG no pa�s refor�am as informa��es do primeiro estudo que apurou o in�cio da transmiss�o comunit�ria do Sars-Cov-2 no Brasil. O estudo usou uma metodologia estat�stica de infer�ncia, a partir de �bitos por SRAG que foram registrados antes do primeiro caso confirmado. O levantamento mostrou que a dissemina��o comunit�ria do novo coronav�rus come�ou de duas a quatro semanas antes dos primeiros diagn�sticos.

O estudo para apurar a transmiss�o do coronav�rus no Brasil foi feito pelo IOC/Fiocruz em parceria com a Fiocruz-Bahia, Universidade Federal do Esp�rito Santo e Universidade da Rep�blica (Udelar), no Uruguai. O trabalho, que ainda passar� por revis�o dos pares, foi publicado na revista Mem�rias do Instituto Oswaldo Cruz.

Para chegar a um levantamento sobre o in�cio da transmiss�o comunit�ria no Brasil, os pesquisadores analisaram o crescimento exponencial de n�meros de mortes por SRAG. O dado � considerado pelos especialistas como a informa��o mais confi�vel sobre o progresso da epidemia, em raz�o dos poucos testes feitos inicialmente e do grande n�mero de pacientes assintom�ticos — entre os mais jovens, a aus�ncia de sintomas pode ser comum em 70% deles.

Assim, consideraram que o tempo m�dio entre a infec��o e o �bito por covid-19 � de, aproximadamente, tr�s semanas. Os estudiosos consideraram tamb�m que a taxa de mortalidade da doen�a � de, aproximadamente, 1%. Desta forma, aplicaram um m�todo estat�stico para avaliar o in�cio da pandemia, a partir do n�mero acumulado de mortes. Esse levantamento apontou que a transmiss�o comunit�ria no Brasil, assim como em outros pa�ses, come�ou semanas antes do primeiro diagn�stico oficial.

A chegada do v�rus em outros pa�ses

Diversos levantamentos mostram que, assim como a pesquisa que analisou o cen�rio no Brasil, a transmiss�o comunit�ria do Sars-Cov-2 em regi�es da Europa e nos Estados Unidos come�aram at� quatro semanas antes dos primeiros diagn�sticos.

Enquanto o Brasil e outros pa�ses ainda tomavam as medidas iniciais, como monitorar os viajantes que vinham do exterior, o v�rus j� estava sendo transmitido em seus territ�rios.


Gráfico da Fiocruz mostra a quantos dias o número de casos dobra no país(foto: Monitora Covid-19 Fiocruz)
Gr�fico da Fiocruz mostra a quantos dias o n�mero de casos dobra no pa�s (foto: Monitora Covid-19 Fiocruz)

A circula��o do Sars-Cov-2 teve in�cio antes de orienta��es como a restri��o de viagens a�reas e o distanciamento social, segundo o estudo liderado pelo IOC/Fiocruz. No Brasil, por exemplo, essas medidas mais duras, para evitar a propaga��o do v�rus, foram adotadas somente ap�s a confirma��o da transmiss�o comunit�ria em diferentes Estados.

Pesquisadores que participaram do estudo ressaltam que o "per�odo bastante longo de transmiss�o comunit�ria oculta" refor�a a dimens�o do desafio de rastrear a dissemina��o do novo coronav�rus. Em raz�o disso, apontam que seria fundamental que medidas de controle fossem tomadas desde os primeiros diagn�sticos de casos importados.

Pelo mundo, diversos pa�ses investigam casos anteriores aos primeiros diagn�sticos conhecidos at� ent�o.

Os primeiros registros do novo coronav�rus foram relatados pela China � Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) em 31 de dezembro. Casos anteriores no pa�s asi�tico s�o investigados. O principal objetivo � descobrir o primeiro paciente infectado pelo novo coronav�rus em Wuhan, cidade que enfrentou o primeiro surto de Sars-Cov-2 no mundo. Por meio dessa descoberta, cientistas poder�o chegar � origem do v�rus e como se deu a primeira transmiss�o para humanos.

Assim como o primeiro epicentro do novo coronav�rus, os Estados Unidos, que hoje � a regi�o com mais casos e mortes por covid-19 no mundo, tamb�m investigam pacientes que tiveram o v�rus em per�odo anterior ao conhecido atualmente.

Em meados de abril, aut�psias de dois pacientes que morreram na Calif�rnia nos dias 6 e 17 de fevereiro revelaram que eles haviam sido infectados pelo Sars-Cov-2. O fato fez com que o pa�s alterasse seus dados sobre a covid-19, pois at� ent�o a primeira morte havia sido confirmada em 26 de fevereiro, no Estado de Washington.

Entre os casos antigos descobertos recentemente, uma situa��o na Fran�a, no in�cio de maio, causou surpresa em todo o mundo. O primeiro registro do novo coronav�rus havia sido confirmado em meados de janeiro no pa�s. No entanto, uma descoberta recente mudou o que se sabia da trajet�ria do v�rus na regi�o.

Novas an�lises em exames de um homem de 43 anos, feitos em 27 de dezembro passado, apontaram que ele havia sido infectado pelo Sars-Cov-2. O paciente, na �poca diagnosticado com pneumonia, tem 43 anos e mora em Bobigny, nos arredores de Paris.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

O homem se recuperou ap�s fazer o tratamento para pneumonia, ainda no fim de dezembro. Depois de descobrir que havia contra�do o novo coronav�rus, ele disse que n�o sabia como pode ter sido infectado pelo v�rus. Ele n�o havia viajado recentemente a outros pa�ses. O fato demonstrou que o v�rus chegara � Europa antes do que se imaginava.

Ap�s o caso na Fran�a, a OMS relatou que � poss�vel que outros casos iniciais venham � tona em outras regi�es. O porta-voz da organiza��o, Christian Lidmeier, pediu que os pa�ses verifiquem os registros de casos semelhantes, para esclarecer sobre a trajet�ria do v�rus em todo o mundo.

Os casos investigados no Brasil

Na semana passada, o Minist�rio da Sa�de divulgou que analisa 39 casos suspeitos do novo coronav�rus que teriam surgido antes do primeiro diagn�stico no pa�s.

O secret�rio substituto de Vigil�ncia em Sa�de, Eduardo Mac�rio, disse que 25 desses casos foram em S�o Paulo e os outros est�o em oito Estados. Os registros foram identificados no sistema de informa��o nacional.

Mac�rio disse que foram enviados of�cios aos Estados para que eles apurem as informa��es. A pasta n�o descarta que algumas dessas datas tenham sofrido erros no registro. Os casos suspeitos ainda est�o sendo apurados pelas secretarias estaduais.

No in�cio de abril, um erro do Minist�rio da Sa�de causou grande repercuss�o. Na �poca, foi anunciado que fora descoberto que uma mulher morreu em decorr�ncia do novo coronav�rus em 23 de janeiro, em Minas Gerais. No entanto, posteriormente, o ent�o ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, informou que houve falha de digita��o e que o �bito ocorrera em mar�o. Ao corrigir a informa��o, Mandetta citou que somente apura��es futuras podem identificar o in�cio do v�rus no Brasil. Ele, por�m, n�o descartou que o Sars-Cov-2 tenha come�ado a circular no Brasil desde janeiro ou dezembro.



(foto: BBC)
(foto: BBC)

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(foto: BBC)


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