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Estado de Minas

Ap�s campanha contr�ria de apoiadores de Bolsonaro, Renato Feder diz ter recusado convite para o MEC

O secret�rio de Educa��o do Paran� era o principal nome cotado para o cargo, ap�s Carlos Alberto Decotelli pedir demiss�o em meio a uma s�rie de pol�micas envolvendo seu curr�culo. Mas seu nome foi alvo de forte obje��o de integrantes da base do governo.


05/07/2020 18:10 - atualizado 05/07/2020 18:31

Livro de coautoria de Feder defende legalização das drogas e redução das Forças Armadas
Livro de coautoria de Feder defende legaliza��o das drogas e redu��o das For�as Armadas (foto: Governo do Estado do Parana)

O secret�rio de Educa��o do Paran�, Renato Feder, disse neste domingo ter recusado um convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o Minist�rio da Educa��o (MEC).

O empres�rio era o principal nome cotado para o cargo, ap�s Carlos Alberto Decotelli pedir demiss�o em meio a uma s�rie de pol�micas envolvendo seu curr�culo acad�mico e profissional, mas seu nome foi alvo de uma campanha contr�ria por parte de apoiadores do presidente.

Feder disse neste domingo em sua conta no Twitter ter recebido na noite da �ltima quinta-feira uma liga��o do presidente no qual foi convidado para ser ministro da Educa��o e ter ficado honrado com isso, porque tal gesto "coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educa��o do Paran�".

Em seguida, afirmou: "Agrade�o ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apre�o, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paran�, desejo sorte ao presidente e uma boa gest�o no Minist�rio da Educa��o".

Feder chegou a ser cogitado para assumir a pasta ap�s a sa�da de Abraham Weintraub, em meados de junho.

Mas, em publica��o no dia 25 de junho, o Blog do Camarotti, do portal G1, afirmou que a indica��o n�o foi adiante na �poca por causa da rela��o pr�xima que ele teve com o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), advers�rio pol�tico de Bolsonaro. Em 2016, Feder doou R$ 120 mil para a campanha de Doria � prefeitura da capital paulista.

Bolsonaro acabou anunciando Decotelli como novo ministro da Educa��o, decis�o que teve o aval da ala militar do governo. Ele pediu demiss�o ap�s revela��es de que havia inclu�do uma s�rie de informa��es falsas no curr�culo.

Com a queda de Decotelli, o nome de Feder voltou a ganhar for�a. Mas a proximidade com D�ria e algumas posi��es defendidas por ele em um livro, entre elas a legaliza��o das drogas, como mostrou a BBC News Brasil, levaram a uma campanha contra sua nomea��o.

"Renato Feder defende legaliza��o de drogas?", questionou Bernardo K�ster, diretor de opini�o do Brasil Sem Medo, que se descreve como o "maior jornal conservador do Brasil". "J� deu n�?"

K�ster � um seguidor do fil�sofo Olavo de Carvalho, que atua como um guru intelectual de Bolsonaro, de seus filhos e de integrantes do governo que fazem parte da chamada "ala ideol�gica" do Planalto.

Feder foi alvo de forte objeção de integrantes da base do governo Bolsonaro
Feder foi alvo de forte obje��o de integrantes da base do governo Bolsonaro (foto: Reuters)

Por sua vez, Olavo de Carvalho negou que tivesse alguma obje��o a Feder. "N�o conhe�o o novo ministro da Educa��o. N�o escrevi nem disse uma palavra a favor ou contra ele. Se me atribuem alguma, � mentira grossa", disse o fil�sofo.

Segundo o jornal O Globo, evang�licos que est�o na base de apoio do presidente, entre eles o pastor Silas Malafaia, tamb�m fizeram obje��o ao nome de Feder.

Em uma sequ�ncia de tu�tes, antes de anunciar que n�o assumiria o MEC, o secret�rio disse que muitas informa��es falsas foram divulgadas sobre ele nos �ltimos dias e se defendeu.

"N�o sou vinculado a qualquer institui��o educacional privada e a nenhuma ONG. � falso que tenha havido divulga��o de livros com ideologia de g�nero no Paran�. N�o existe nenhum material com esse conte�do aprovado ou distribu�do pela Secretaria. N�o sou, nem nunca fui filiado a partido pol�tico, mas respeito � pol�tica como institui��o leg�tima de discuss�o e resolu��o das quest�es da sociedade", afirmou.

Feder tamb�m disse que a obra publicada por ele n�o reflete suas opini�es atuais. "Escrevi um livro quando tinha 26 anos de idade. Hoje, mais maduro e experiente, mudei de opini�o sobre as ideias contidas nele. Acredito que todos podem e devem evoluir em rela��o ao que pensavam na juventude. Gostaria de ser avaliado pelo que eu penso e fa�o hoje, como um gestor p�blico, ao inv�s de um livro escrito quinze anos atr�s."

Horas depois, ele disse que n�o aceitaria o cargo.

Quem � Renato Feder?

O empres�rio Renato Feder, paulista de Mogi das Cruzes, ocupa desde janeiro de 2019 o cargo de secret�rio de Educa��o do Paran�, a convite do governador Ratinho Junior (PSD).

Mestre em Economia pela Universidade de S�o Paulo (USP) e graduado em Administra��o pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV), segundo curr�culo informado no site do governo do Paran�, Feder fez carreira no setor de tecnologia.

Destacou-se como executivo depois de assumir, nos anos 2000, a sociedade na Multilaser, � �poca uma pequena empresa de reciclagem de cartuchos para impressoras herdada pelo amigo de inf�ncia de Feder, Alexandre Ostrowiecki.

Sob o comando dos dois, de acordo com reportagem publicada em mar�o de 2018 pela revista Isto� Dinheiro, a companhia tornou-se uma bilion�ria da tecnologia, com faturamento superior a R$ 2 bilh�es e escrit�rio na Brigadeiro Faria Lima. Antes, Feder havia passado pela construtora Promon e pela consultoria de cr�dito Serasa.

Foi tamb�m em parceria autoral com Ostrowiecki que Feder publicou, em 2007, o livro Carregando o Elefante - Como Livrar-se do Peso que Impede os Brasileiros de Decolar, em que os dois autores defendem um plano detalhado de "desconstru��o do Estado", que definem como um processo profundo de elimina��o do Estado "em todas as atividades que hoje ele faz mas que poderiam ser repassadas � iniciativa privada, como a educa��o", mantendo o princ�pio de governo pequeno.

O livro defende que a iniciativa privada � "intrinsecamente mais eficiente na gest�o de qualquer coisa".

Na secretaria do Paraná, Feder tem investido em programa de aulas não presenciais durante a pandemia
Na secretaria do Paran�, Feder tem investido em programa de aulas n�o presenciais durante a pandemia (foto: Ag�ncia Estadual de Not�cias Paran�)

Ao assumir o cargo no Paran�, Feder trouxe consigo para o primeiro escal�o da Secretaria nomes que vieram da iniciativa privada, especialmente da �rea de tecnologia, voltados a acelerar a transforma��o digital na educa��o p�blica, de acordo com o site da Secretaria do Estado.

O governo do Paran� tamb�m informa que ele foi professor da Educa��o de Jovens e Adultos, lecionou matem�tica por dez anos, al�m de ter sido diretor de escola por oito anos. Tamb�m foi assessor volunt�rio da Secretaria da Educa��o do Estado de S�o Paulo.

"Assim como � melhor que uma empresa privada frite hamb�rgueres do que o governo, o mesmo ocorre no caso de uma escola", afirma o livro de Feder e Ostrowieck.

No caso da prote��o �s pessoas contra a mis�ria absoluta, por exemplo, o livro defende que o ideal � passar o m�ximo dessa tarefa para organiza��es n�o governamentais e "deixar para o governo apenas casos emergenciais".

Na sa�de, o livro tamb�m defende privatizar todos hospitais e postos de sa�de, cabendo � assist�ncia social pagar planos de fam�lias que comprovarem incapacidade de faz�-lo.

Para a Previd�ncia, a proposta � "abolir completamente a previd�ncia, tanto do setor p�blico quanto do setor privado. Cada pessoa decide se quer ou n�o realizar plano privado de previd�ncia social".

Cita como exemplo positivo o Chile, apontado como "na��o com uma s�rie de caracter�sticas semelhantes com as do Brasil e que est� rapidamente se livrando do status de pa�s pobre".

Educa��o privada e mais ricos nas melhores escolas

No cap�tulo do livro sobre Educa��o, Feder cita problemas atuais, como o mau desempenho dos alunos brasileiros em portugu�s e matem�tica e a inefici�ncia dos gastos, e questiona: "� o Estado a entidade certa para operar dezenas de milhares de escolas? Ser� que o controle p�blico � a melhor forma de gerir um col�gio, escolher material did�tico, pagar professores e cuidar da manuten��o? No caso da maioria das na��es do planeta, a resposta ainda � sim, apesar de que esse quadro pode estar mudando".

"Em quase todos os pa�ses", prossegue o texto, "o governo opera um sistema p�blico e gratuito de educa��o. No entanto, uma s�rie de casos de sucesso inquestion�vel est� mudando a vis�o dos especialistas a respeito da melhor estrutura educacional e apontando as vantagens dos sistemas de vouchers", afirma, referindo-se ao sistema em que "o Estado paga, os pais escolhem, as escolas competem, o n�vel de ensino sobe e todos saem ganhando".

O texto, no entanto, pondera que os vouchers s�o controversos e malvistos pelo "establishment do ensino", porque, de modo geral, "contorna o poder dos sindicatos dos professores".

Entre as propostas para a educa��o apresentadas no livro est�o "privatizar todas as escolas e universidades p�blicas, implantando o sistema de vouchers. Para cada aluno matriculado o governo paga uma bolsa diretamente � escola. Cada escola pode optar se receber� apenas a verba do governo ou se cobrar� uma taxa extra", resume.

O economista Carlos Alberto Decotelli perdeu o cargo após seu currículo ter sido questionado
O economista Carlos Alberto Decotelli perdeu o cargo ap�s seu curr�culo ter sido questionado (foto: Pal�cio do Planalto)

"� primeira vista, a quest�o do pre�o pode parecer um pouco cruel, uma vez que, na pr�tica, deixar� as fam�lias mais carentes de fora das melhores escolas. No entanto, n�o podemos nos esquecer que isso j� ocorre hoje em dia, com o agravante de que as escolas de base hoje s�o de p�ssima qualidade". O foco da proposta, defende, � permitir que "todos tenham acesso a escolas de n�vel pelo menos aceit�vel".

A proposta dos vouchers tamb�m tem a simpatia do ministro da Economia, Paulo Guedes. No Chile, onde o programa de vouchers foi implementado nacionalmente durante os anos 80, a principal cr�tica � de que o modelo aumentou a desigualdade.

No modelo de governo m�nimo previsto no livro, o papel do Minist�rio da Educa��o, pasta que agora Feder poder� passar a comandar, seria chefiar o programa nacional de vouchers e o sistema de testes e ranqueamento das escolas e universidades.

� respons�vel por garantir que toda fam�lia tenha um voucher adequado e que as crian�as estejam na escola. Cuida tamb�m de tornar p�blica e transparente a qualidade dos cursos no Brasil.

O livro tamb�m defende bandeiras que conflitam com a agenda do presidente Jair Bolsonaro, como a legaliza��o das drogas ("legalizar todas as drogas hoje proibidas, desde que consumidas em locais pr�-determinados e que seja proibido fazer propaganda") e reduzir fortemente as For�as Armadas.


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