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Estado de Minas CI�NCIA

Como caranguejos de sangue azul podem ajudar no desenvolvimento da vacina contra COVID-19 e morrer por isso

Os caranguejos-ferradura est�o entre as criaturas mais antigas do mundo. Seu sangue azul � usado para testar se vacinas s�o seguras


postado em 10/07/2020 17:15 / atualizado em 10/07/2020 20:13


Um litro de sangue azul pode ser vendido por até US$ 15 mil (cerca de R$ 80 mil, na cotação atual).(foto: Getty Images)
Um litro de sangue azul pode ser vendido por at� US$ 15 mil (cerca de R$ 80 mil, na cota��o atual). (foto: Getty Images)

Encontrar uma vacina para a COVID-19, doen�a causada pelo novo coronav�rus, seria uma �tima not�cia para todos — menos para o caranguejo-ferradura.

Isso porque a descoberta de uma vacina global significaria um grande aumento na demanda pelos crust�ceos.

Os caranguejos-ferradura est�o entre as criaturas mais antigas do mundo. Eles sobreviveram aos dinossauros e acredita-se que estejam no planeta h� pelo menos 450 milh�es de anos.

O sangue desses "f�sseis vivos" � usado para testar se as vacinas s�o seguras.

Cerca de 200 grupos de pesquisa em todo o mundo est�o trabalhando em vacinas, e 18 prot�tipo est�o sendo testados em pessoas em ensaios cl�nicos.

A maioria dos especialistas acredita que uma vacina para COVID-19 provavelmente estar� amplamente dispon�vel em meados de 2021.


Uma vez que suas conchas são perfuradas perto do coração, cerca de 30% do sangue é colhido(foto: Getty Images)
Uma vez que suas conchas s�o perfuradas perto do cora��o, cerca de 30% do sangue � colhido (foto: Getty Images)

Colheita de sangue

Os cientistas t�m extra�do o sangue azul da ferradura desde os anos 1970, para testar se equipamentos m�dicos e rem�dios intravenosos s�o est�reis para uso.

A presen�a de bact�rias nocivas no equipamento pode matar, mas o sangue do caranguejo-ferradura � hipersens�vel a toxinas bacterianas.

Ele � usado para testar a contamina��o durante a fabrica��o de qualquer coisa que possa entrar no corpo humano, desde vacinas e gotas intravenosas a dispositivos m�dicos implantados.

Grande neg�cio

Todos os anos, cerca de meio milh�o de caranguejos-ferradura do Atl�ntico s�o capturados para uso biom�dico, de acordo com a Comiss�o de Pesca Marinha dos Estados do Atl�ntico.

O sangue na ferradura � um dos l�quidos mais caros do mundo: um litro de sangue azul pode ser vendido por at� US$ 15 mil (cerca de R$ 80 mil, na cota��o atual).

Por que o sangue � azul?

A cor azul vem do cobre presente no sangue do animal — no sangue humano, os �tomos de ferro desempenham a mesma fun��o, gerando a cor vermelha.

Mas n�o � a cor do sangue do caranguejo-ferradura que interessa aos cientistas.

Al�m do cobre, o sangue cont�m um produto qu�mico especial que ret�m as bact�rias por meio da coagula��o.

Ele pode detectar a presen�a de bact�rias, mesmo em quantidades extremamente baixas, e o agente de coagula��o � usado para fazer os testes — o teste Limulus Amebocyte Lysate (LAL) das esp�cies americanas, e o teste Tachypleus Amebocyte Lysate (TAL) das esp�cies asi�ticas.

O que acontece com os caranguejos depois?

Uma vez que suas conchas s�o perfuradas perto do cora��o, cerca de 30% do sangue � colhido.

Depois, os caranguejos s�o devolvidos � natureza.

Mas estudos mostram que entre 10% e 30% morrem nesse processo, e as f�meas sobreviventes t�m mais dificuldade para procriar.


Estudos mostram que entre 10% e 30% morrem nesse processo(foto: Getty Images)
Estudos mostram que entre 10% e 30% morrem nesse processo (foto: Getty Images)

Existe alternativa?

Atualmente, existem quatro esp�cies de caranguejos-ferradura no mundo.

Todos as quatro est�o amea�adas por causa do excesso de pesca para uso na ind�stria biom�dica e de seu uso como isca de peixe, mas tamb�m devido � polui��o.

Os cientistas argumentam que a demanda por testes LAL e TAL deve aumentar � medida que a popula��o global aumenta e as pessoas vivem por mais tempo.

Movimentos conservacionistas reivindicam testes sint�ticos como uma abordagem mais �tica para detectar toxinas, mas as empresas farmac�uticas dizem que alternativas sint�ticas devem provar que podem detectar toxinas no mundo real, n�o apenas as cepas fabricadas e usadas at� agora em seus testes.

Em junho, a Food and Drug Administration (FDA), ag�ncia sanit�ria dos Estados Unidos que decide o que torna os medicamentos seguros, disse que n�o pode provar que essas alternativas sint�ticas s�o efetivamente capazes de detectar toxinas.

"Existem pelo menos 30 empresas trabalhando com vacinas, ent�o cada uma delas precisa passar por muitos testes de esterilidade", afirmou Barbara Brummer, da The Nature Conservancy, ONG internacional de conserva��o da biodiversidade, em Nova Jersey, estado americano onde muitos caranguejos s�o retirados da natureza.

Portanto, as empresas que desejam vender medicamentos, incluindo vacinas para COVID-19, v�o precisar usar cada vez mais sangue dos caranguejo-ferradura para realizar os testes.


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