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Estado de Minas ASSISTENCIALISMO

Guinada social de Bolsonaro tende a desidratar 'mem�ria do lulismo', diz antrop�loga

Segundo Rosana Pinheiro-Machado, lan�amento do Renda Brasil d� musculatura � reelei��o de presidente


14/08/2020 12:34 - atualizado 14/08/2020 18:09


Segundo Rosana Pinheiro-Machado, lançamento do Renda Brasil dá musculatura à reeleição de presidente(foto: Getty Images)
Segundo Rosana Pinheiro-Machado, lan�amento do Renda Brasil d� musculatura � reelei��o de presidente (foto: Getty Images)

O avan�o de Jair Bolsonaro sobre a �rea social, foco dos governos petistas, com o lan�amento de um novo programa de transfer�ncia de renda, tende a desidratar ainda mais a "mem�ria do lulismo" entre as camadas mais pobres da popula��o ao mesmo tempo em que d� musculatura � sua reelei��o.

Essa � a opini�o da antrop�loga Rosana Pinheiro-Machado, professora do Departamento de Ci�ncias Sociais e Pol�ticas da Universidade de Bath, no Reino Unido, e autora do livro Amanh� vai ser maior (Editora Planeta, 192 pp, 2019), em que investiga o per�odo que vai das Jornadas de Junho de 2013 at� a vit�ria de Bolsonaro nas elei��es presidenciais de 2018.

Pinheiro-Machado � um estudiosa do bolsonarismo e vem pesquisando, desde as �ltimas elei��es, como moradores de periferias do Sudeste e Sul do Brasil, antes eleitores do PT, se converteram a apoiadores de Bolsonaro.

Segundo ela, h� um trip� que sustenta o bolsonarismo, formado por "punitivismo, fam�lia e assist�ncia social".

"O punitivismo se refere � abordagem de Bolsonaro sobre seguran�a p�blica. J� a fam�lia s�o os valores e costumes conservadores, que se aliam � base religiosa. Por fim, a assist�ncia social se manifesta nas pol�ticas de transfer�ncia de renda", diz ela � BBC News Brasil.

Pinheiro-Machado acrescenta que o �ltimo eixo, o da assist�ncia social, que nunca foi o forte do atual governo, ganha for�a agora, com a concess�o do aux�lio emergencial e o lan�amento do plano Renda Brasil.

"O lulismo j� havia perdendo mem�ria nas camadas mais pobres da popula��o e isso deve se acentuar ainda mais agora", assinala ela.

"O dinheiro do aux�lio emergencial, por exemplo, j� muda a vida de muitas pessoas - e dinheiro significa autonomia", acrescenta.

Ela ressalva, no entanto, que esse fen�meno � regionalizado e n�o pode ser observado de forma homog�nea entre todas as periferias do Brasil. As zonas mais carentes do Nordeste, onde o lulismo � mais forte, precisam ser acompanhadas com mais aten��o, acrescenta.

Contexto da pandemia

Anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em junho, o Renda Brasil � um programa de renda m�nima permanente, com a unifica��o de v�rios programas sociais, incluindo o Bolsa Fam�lia.

De acordo com Guedes, devem ser inclu�dos no programa os 38 milh�es de benefici�rios do aux�lio emergencial, de tr�s parcelas de R$ 600, pago em raz�o da pandemia de COVID-19.

"Aprendemos durante toda essa crise que havia 38 milh�es de brasileiros invis�veis e que tamb�m merecem ser inclu�dos no mercado de trabalho", disse ele na ocasi�o, durante reuni�o ministerial coordenada por Bolsonaro.

A mais nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na sexta-feira (14/08), sustenta a an�lise de Pinheiro-Machado. A sondagem mostra que a aprova��o a Bolsonaro subiu e � a melhor desde o in�cio do mandato.

Segundo o levantamento, 37% dos brasileiros consideram o governo �timo ou bom, frente a 32% do anterior, realizado em 23 e 24 de junho.

Houve uma queda ainda maior na rejei��o ao governo. Anteriormente, consideravam ruim e p�ssimo 44% dos entrevistados. Agora, s�o 34%. J� 27% consideram o governo regular, ante 23% em junho.

Foram entrevistadas 2.065 pessoas por telefone nos dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro da pesquisa � de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Mas mesmo no Nordeste, um reduto oposicionista, a rejei��o a Bolsonaro caiu de 52% para 35%. Ali, ele tem sua pior avalia��o: somente 33% consideram seu governo �timo e bom, alta de seis pontos em rela��o a junho.

A correla��o com a distribui��o do aux�lio de R$ 600 � sugerida, ainda que n�o direta.

No Nordeste, onde vive quase um ter�o da popula��o brasileira, 45% dos moradores recorreram ao benef�cio.


Desde prisão de Fabrício Queiroz, Bolsonaro tem adotado um tom diferente(foto: Facebook)
Desde pris�o de Fabr�cio Queiroz, Bolsonaro tem adotado um tom diferente (foto: Facebook)

Mudan�a de tom

Pinheiro-Machado tamb�m faz coro com outros especialistas de que Bolsonaro "mudou de tom" recentemente.

Desde a pris�o de Fabr�cio Queiroz, ex-assessor de seu filho Fl�vio Bolsonaro, investigado no caso das "rachadinhas" e elo entre o gabinete do hoje senador e mil�cias no Rio de Janeiro, o presidente vem diminuindo as apari��es p�blicas e incitando menos os apoiadores radicais.

Al�m disso, tamb�m vem estreitando la�os com os partidos do chamado "centr�o", distribuindo cargos e verbas em troca de apoio.

Reelei��o


Manejo da pandemia pode prejudicar planos de reeleição de Bolsonaro(foto: Anadolu Agency/Getty)
Manejo da pandemia pode prejudicar planos de reelei��o de Bolsonaro (foto: Anadolu Agency/Getty)

Na vis�o de Pinheiro-Machado, Bolsonaro caminha para fortalecer suas chances de reelei��o, ao ter o apoio das massas via programas sociais e das elites, com a agenda liberal de Paulo Guedes.

Por�m, o manejo da pandemia de coronav�rus pode frustrar seus planos, ressalva.

"Tudo vai depender de como ser� a gest�o da crise daqui para frente. Se continuar morrendo muita gente, aos milhares, isso pode se tornar um calcanhar de Aquiles para Bolsonaro e prejudicar sua reelei��o", conclui.


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