O presidente Jair Bolsonaro abriu nesta ter�a-feira (22/09) a 75� Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas com um discurso em que defendeu a gest�o ambiental do pa�s e o combate brasileiro � pandemia de coronav�rus.
� a segunda vez que Bolsonaro fala na cerim�nia sob forte press�o internacional por causa do avan�o do desmatamento. Em seu discurso, o mandat�rio deve dizer que o Brasil garantiu a alimenta��o de 1 bilh�o de pessoas ao redor do mundo gra�as ao agroneg�cio nacional, este sim o verdadeiro alvo das cr�ticas ambientais de outros pa�ses, segundo a interpreta��o do governo.
O discurso de Bolsonaro transmitido na Assembleia Geral da ONU foi gravado na semana passada. Por causa da pandemia de covid-19, esta � a primeira vez em seus 75 anos que a ONU n�o ver� os discursos dos chefes de Estado ao vivo e presencialmente em sua sede em Nova York (EUA).
O primeiro a falar no evento foi o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, que criticou o populismo e o nacionalismo em sua fala, al�m de defender a coopera��o internacional para lidar com a pandemia de covid-19, entre outros problemas globais.
Bolsonaro foi o primeiro l�der nacional a discursar. Em sua fala, abordou a medidas adotadas durante a pandemia, como o aux�lio emergencial, e pol�ticas de seu governo contra o desmatamento, entre outros temas.
Leia abaixo a �ntegra da fala de quase 15 minutos.
Senhor presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir;
Senhor secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, a quem tenho a satisfa��o de cumprimentar em nossa l�ngua-m�e;
Chefes de Estado, de governo e de delega��o;
Senhoras e senhores,
� uma honra abrir esta assembleia com os representantes de na��es soberanas, num momento em que o mundo necessita da verdade para superar seus desafios.
A COVID-19 ganhou o centro de todas as aten��es ao longo deste ano e, em primeiro lugar, quero lamentar cada morte ocorrida.
Desde o princ�pio, alertei, em meu Pa�s, que t�nhamos dois problemas para resolver: o v�rus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade.
Por decis�o judicial, todas as medidas de isolamento e restri��es de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da Federa��o. Ao Presidente, coube o envio de recursos e meios a todo o Pa�s.
Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira tamb�m politizou o v�rus, disseminando o p�nico entre a popula��o. Sob o lema "fique em casa" e "a economia a gente v� depois", quase trouxeram o caos social ao pa�s.
Nosso governo, de forma arrojada, implementou v�rias medidas econ�micas que evitaram o mal maior:
- Concedeu aux�lio emergencial em parcelas que somam aproximadamente 1000 d�lares para 65 milh�es de pessoas, o maior programa de assist�ncia aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo;
- Destinou mais de 100 bilh�es de d�lares para a��es de sa�de, socorro a pequenas e microempresas, assim como compensou a perda de arrecada��o dos estados e munic�pios;
- Assistiu a mais de 200 mil fam�lias ind�genas com produtos aliment�cios e preven��o � COVID;
- Estimulou, ouvindo profissionais de sa�de, o tratamento precoce da doen�a;
- Destinou 400 milh�es de d�lares para pesquisa, desenvolvimento e produ��o da vacina de Oxford no Brasil;
N�o faltaram, nos hospitais, os meios para atender aos pacientes de COVID.
A pandemia deixa a grande li��o de que n�o podemos depender apenas de umas poucas na��es para produ��o de insumos e meios essenciais para nossa sobreviv�ncia. Somente o insumo da produ��o de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no in�cio da pandemia. Nesta linha, o Brasil est� aberto para o desenvolvimento de tecnologia de ponta e inova��o, a exemplo da ind�stria 4.0, da intelig�ncia artificial, nanotecnologia e da tecnologia 5G, com quaisquer parceiros que respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e pela prote��o de dados.
No Brasil, apesar da crise mundial, a produ��o rural n�o parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu, como sempre, alimentos para mais de 1 bilh�o de pessoas.
O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado.
Nossos caminhoneiros, mar�timos, portu�rios e aerovi�rios mantiveram ativo todo o fluxo log�stico para distribui��o interna e exporta��o.
Nosso agroneg�cio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legisla��o ambiental do planeta.
Mesmo assim, somos v�timas de uma das mais brutais campanhas de desinforma��o sobre a Amaz�nia e o Pantanal.
A Amaz�nia brasileira � sabidamente riqu�ssima. Isso explica o apoio de institui��es internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associa��es brasileiras, aproveitadoras e impatri�ticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o pr�prio Brasil.
Somos l�deres em conserva��o de florestas tropicais. Temos a matriz energ�tica mais limpa e diversificada do mundo.
Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos respons�veis por apenas 3% da emiss�o de carbono.
Garantimos a seguran�a alimentar a um sexto da popula��o mundial, mesmo preservando 66% de nossa vegeta��o nativa e usando apenas 27% do nosso territ�rio para a pecu�ria e agricultura. N�meros que nenhum outro pa�s possui.
O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos.
E, por isso, h� tanto interesse em propagar desinforma��es sobre o nosso meio ambiente.
Estamos abertos para o mundo naquilo que melhor temos para oferecer, nossos produtos do campo. Nunca exportamos tanto. O mundo cada vez mais depende do Brasil para se alimentar.
Nossa floresta � �mida e n�o permite a propaga��o do fogo em seu interior. Os inc�ndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o �ndio queimam seus ro�ados em busca de sua sobreviv�ncia, em �reas j� desmatadas.
Os focos criminosos s�o combatidos com rigor e determina��o. Mantenho minha pol�tica de toler�ncia zero com o crime ambiental. Juntamente com o Congresso Nacional, buscamos a regulariza��o fundi�ria, visando identificar os autores desses crimes.
Lembro que a Regi�o Amaz�nica � maior que toda a Europa Ocidental. Da� a dificuldade em combater, n�o s� os focos de inc�ndio, mas tamb�m a extra��o ilegal de madeira e a biopirataria. Por isso, estamos ampliando e aperfei�oando o emprego de tecnologias e aprimorando as opera��es interag�ncias, contando, inclusive, com a participa��o das For�as Armadas.
O nosso Pantanal, com �rea maior que muitos pa�ses europeus, assim como a Calif�rnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas s�o consequ�ncias inevit�veis da alta temperatura local, somada ao ac�mulo de massa org�nica em decomposi��o.
A nossa preocupa��o com o meio ambiente vai al�m das nossas florestas. Nosso Programa Nacional de Combate ao Lixo no Mar, um dos primeiros a serem lan�ados no mundo, cria uma estrat�gia para os nossos 8.500 quil�metros de costa.
Nessa linha, o Brasil se esfor�ou na COP25 em Madri para regulamentar os artigos do Acordo de Paris que permitiriam o estabelecimento efetivo do mercado de carbono internacional. Infelizmente, fomos vencidos pelo protecionismo.
Em 2019, o Brasil foi v�tima de um criminoso derramamento de �leo venezuelano, vendido sem controle, acarretando severos danos ao meio ambiente e s�rios preju�zos nas atividades de pesca e turismo.
O Brasil considera importante respeitar a liberdade de navega��o estabelecida na Conven��o das Na��es Unidas sobre o Direito do Mar.
Entretanto, as regras de prote��o ambiental devem ser respeitadas e os crimes devem ser apurados com agilidade, para que agress�es como a ocorrida contra o Brasil n�o venham a atingir outros pa�ses.
N�o � s� na preserva��o ambiental que o pa�s se destaca. No campo humanit�rio e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo refer�ncia internacional pelo compromisso e pela dedica��o no apoio prestado aos refugiados venezuelanos, que chegam ao Brasil a partir da fronteira no estado de Roraima.
A Opera��o Acolhida, encabe�ada pelo Minist�rio da Defesa, recebeu quase 400 mil venezuelanos deslocados devido � grave crise pol�tico-econ�mica gerada pela ditadura bolivariana.
Com a participa��o de mais de 4 mil militares, a For�a Tarefa Log�stica-Humanit�ria busca acolher, abrigar e interiorizar as fam�lias que chegam � fronteira.
Como um membro fundador da ONU, o Brasil est� comprometido com os princ�pios basilares da Carta das Na��es Unidas: paz e seguran�a internacional, coopera��o entre as na��es, respeito aos direitos humanos e �s liberdades fundamentais de todos. Neste momento em que a organiza��o completa 75 anos, temos a oportunidade de renovar nosso compromisso e fidelidade a esses ideais. A paz n�o pode estar dissociada da seguran�a.
A coopera��o entre os povos n�o pode estar dissociada da liberdade. O Brasil tem os princ�pios da paz, coopera��o e preval�ncia dos direitos humanos inscritos em sua pr�pria Constitui��o, e tradicionalmente contribui, na pr�tica, para a consecu��o desses objetivos.
O Brasil j� participou de mais de 50 opera��es de paz e miss�es similares, tendo contribu�do com mais de 55 mil militares, policiais e civis, com participa��o marcante em Suez, Angola, Timor Leste, Haiti, L�bano e Congo.
O Brasil teve duas militares premiadas pela ONU na Miss�o da Republica Centro-Africana pelo trabalho contra a viol�ncia sexual.
Seguimos comprometidos com a conclus�o dos acordos comerciais firmados entre o MERCOSUL e a Uni�o Europeia e com a Associa��o Europeia de Livre Com�rcio. Esses acordos possuem importantes cl�usulas que refor�am nossos compromissos com a prote��o ambiental.
Em meu governo, o Brasil, finalmente, abandona uma tradi��o protecionista e passa a ter na abertura comercial a ferramenta indispens�vel de crescimento e transforma��o.
Reafirmo nosso apoio � reforma da Organiza��o Mundial do Com�rcio que deve prover disciplinas adaptadas �s novas realidades internacionais.
Estamos igualmente pr�ximos do in�cio do processo oficial de acess�o do Brasil � OCDE. Por isso, j� adotamos as pr�ticas mundiais mais elevadas em todas as �reas, desde a regula��o financeira at� os dom�nios da seguran�a digital e da prote��o ambiental.
No meu primeiro ano de governo, conclu�mos a reforma da previd�ncia e, recentemente, apresentamos ao Congresso Nacional duas novas reformas: a do sistema tribut�rio e a administrativa.
Novos marcos regulat�rios em setores-chave, como o saneamento e o g�s natural, tamb�m est�o sendo implementados. Eles atrair�o novos investimentos, estimular�o a economia e gerar�o renda e emprego.
O Brasil foi, em 2019, o quarto maior destino de investimentos diretos em todo o mundo. E, no primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia, verificamos um aumento do ingresso de investimentos, em compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. Isso comprova a confian�a do mundo em nosso governo.
O Brasil tem trabalhado para, em coordena��o com seus parceiros sul-atl�nticos, revitalizar a Zona de Paz e Coopera��o do Atl�ntico Sul.
O Brasil est� preocupado e repudia o terrorismo em todo o mundo.
Na Am�rica Latina, continuamos trabalhando pela preserva��o e promo��o da ordem democr�tica como base de sustenta��o indispens�vel para o progresso econ�mico que desejamos.
A LIBERDADE � O BEM MAIOR DA HUMANIDADE.
Fa�o um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate � cristofobia.
Tamb�m quero reafirmar minha solidariedade e apoio ao povo do L�bano pelas recentes adversidades sofridas.
Cremos que o momento � prop�cio para trabalharmos pela abertura de novos horizontes, muito mais otimistas para o futuro do Oriente M�dio.
Os acordos de paz entre Israel e os Emirados �rabes Unidos, e entre Israel e o Bahrein, tr�s pa�ses amigos do Brasil, com os quais ampliamos imensamente nossas rela��es durante o meu governo, constitui excelente not�cia.
O Brasil sa�da tamb�m o Plano de Paz e Prosperidade lan�ado pelo Presidente Donald Trump, com uma vis�o promissora para, ap�s mais de sete d�cadas de esfor�os, retomar o caminho da t�o desejada solu��o do conflito israelense-palestino.
A nova pol�tica do Brasil de aproxima��o simult�nea a Israel e aos pa�ses �rabes converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperan�a para aquela regi�o.
O Brasil � um pa�s crist�o e conservador e tem na fam�lia sua base.
Deus aben�oe a todos!
E o meu muito obrigado!
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