(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MIST�RIO

Os v�rus mortais que desapareceram sem deixar vest�gios

A hist�ria de como novas amea�as virais emergem j� � familiar, mas o que ocorre no final da exist�ncia de um v�rus est� s� agora come�ando a ganhar interesse. Por que alguns v�rus desaparecem? E o que acontece com eles?


23/09/2020 16:19 - atualizado 23/09/2020 18:11

Além do Sars, apenas dois outros vírus foram levados à extinção propositalmente: varíola e peste bovina(foto: Science Photo Library)
Al�m do Sars, apenas dois outros v�rus foram levados � extin��o propositalmente: var�ola e peste bovina (foto: Science Photo Library)

Era o ano 1002. O rei ingl�s Etelredo II - n�o t�o carinhosamente lembrado como Etelredo, o Despreparado - estava em guerra. Por mais de um s�culo, os ex�rcitos vikings estavam explorando a terra em busca de um novo lar, sob o comando de l�deres com pelos faciais bem tratados e nomes evocativos, como Sueno Barba-Bifurcada.




At� aquele momento, os vikings haviam achado a resist�ncia inglesa tentadoramente fraca. Mas Etelredo decidiu se posicionar. Em 13 de novembro, ele ordenou que todos os dinamarqueses no pa�s fossem presos e mortos.

Centenas morreram, e o incidente entrou para a hist�ria como o massacre do Dia de S�o Brice. O ato brutal de Etelredo provou ser em v�o e, posteriormente, a maior parte da Inglaterra foi governada pelo filho do Barba-Bifurcada.

Mas o que foi um dia ruim para ser um viking na Inglaterra foi um presente para os arque�logos modernos. Mais de mil anos depois, 37 esqueletos - que se acredita pertencerem a algumas das v�timas executadas - foram descobertos no terreno do St. John's College em Oxford. Enterrado com eles, havia um segredo.

Quando os cientistas analisaram o DNA dos restos mortais no in�cio deste ano, eles descobriram que um dos homens tinha sido duplamente infelizes. Ele n�o foi apenas assassinado com viol�ncia - na �poca, ele sofria de var�ola.

E houve outra surpresa. Este n�o era o v�rus da var�ola com o qual estamos familiarizados na hist�ria recente - o tipo que foi notoriamente levado � extin��o na d�cada de 1970 por um programa de vacina��o.

Em vez disso, ele pertencia a uma cepa notavelmente diferente, que antes era desconhecida, e que desapareceu silenciosamente h� s�culos. Parece que a var�ola foi erradicada duas vezes.

Como o v�rus 'some'?

A esta altura, a hist�ria de como novas amea�as virais emergem deve ser familiar - o contato pr�ximo com animais infectados, o v�rus saltando entre as esp�cies, o "paciente zero" que o pega primeiro, os super-disseminadores que o carregam pelo mundo.

Mas o que ocorre no final da exist�ncia de um v�rus est� s� agora come�ando a ganhar interesse. Por que alguns v�rus desaparecem? E o que acontece com eles?

� medida que a amea�a representada por essas formas de vida min�sculas e primitivas fica cada vez mais forte, os cientistas est�o correndo para descobrir exatamente isso.

Um dos v�rus que mais recentemente desapareceram foi o causador da Sars. O mundo tomou conhecimento de sua exist�ncia pela primeira vez em 10 de fevereiro de 2003, depois que o escrit�rio de Pequim da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recebeu um e-mail descrevendo "uma estranha doen�a contagiosa" que matou 100 pessoas no espa�o de uma semana.


Um programa global de vacinação levou a varíola à extinção na natureza, embora o vírus ainda exista em dois laboratórios seguros(foto: Alamy)
Um programa global de vacina��o levou a var�ola � extin��o na natureza, embora o v�rus ainda exista em dois laborat�rios seguros (foto: Alamy)

Os primeiros casos ocorreram em Guangdong, uma Prov�ncia costeira no sudeste da China conhecida por seus muitos restaurantes que servem carnes ex�ticas.

Na �poca, os mercados locais fervilhavam de guaxinins, texugos, musangs, pombas, coelhos, fais�es, veados e cobras, que muitas vezes eram mortos no local, a poucos metros de onde as pessoas comiam. Era comum encontrar animais decapitados e estripados. Mesmo nos primeiros dias da epidemia, era claro como o Sars havia surgido.

Dois anos depois, o v�rus infectou pelo menos 8.096 pessoas, 774 das quais morreram. Mas poderia ter sido muito pior.

Como seu parente pr�ximo, o Sars-Cov-2, que causa a COVID-19, o Sars tinha muitas das qualidades necess�rias para dominar o mundo - era um v�rus de RNA, o que significa que era capaz de evoluir rapidamente e se espalhava por meio de got�culas expelidas ao respirar, que s�o dif�ceis de evitar.

Na �poca, muitos especialistas temiam que o v�rus pudesse causar uma devasta��o no mesmo n�vel da crise do HIV, ou at� mesmo a pandemia de gripe de 1918, que infectou um ter�o da popula��o mundial e matou 50 milh�es.

Em vez disso, o Sars desapareceu t�o abruptamente quanto chegou. Em janeiro de 2004, havia apenas um punhado de casos - e no final do m�s, a �ltima infec��o natural suspeita foi anunciada.

Estranhamente, embora "paciente zero" descreva a primeira pessoa conhecida a ser infectada com um v�rus, n�o h� r�tulo equivalente para a �ltima pessoa a peg�-lo na natureza. Mas isso provavelmente se aplicaria a um homem de 40 anos com o sobrenome de "Liu", da cidade de Guangzhou, no sul do pa�s. Houve outro surto alguns meses depois, quando, acredita-se, o v�rus escapou de um laborat�rio de pesquisa de Pequim - duas vezes.

Ent�o, o que aconteceu?

Resumindo, tivemos sorte. De acordo com Sarah Cobey, epidemiologista da Universidade de Chicago, o v�rus da Sars foi levado � extin��o por uma combina��o de rastreamento de contatos sofisticado e as peculiaridades do pr�prio v�rus.

Quando os pacientes com Sars adoeciam, ficavam muito doentes. O v�rus tinha uma taxa de mortalidade incrivelmente alta - quase um em cada cinco pacientes morria - mas isso significava que era relativamente f�cil identificar aqueles que estavam infectados e coloc�-los em quarentena.

N�o houve propaga��o extra de pessoas sem sintomas e, como b�nus, a Sars demorava um tempo relativamente longo para incubar antes de se tornar contagiosa, o que deu aos rastreadores de contato mais tempo para encontrar algu�m que pudesse estar infectado antes que pudesse transmiti-lo.


Foi necessário um esforço global de vigilância e medidas de controle para eliminar a Sars(foto: Reuters)
Foi necess�rio um esfor�o global de vigil�ncia e medidas de controle para eliminar a Sars (foto: Reuters)

"Mas tamb�m os governos e as institui��es agiram muito rapidamente", diz Cobey.

O caso de Liu Jianlun, que contraiu o v�rus antes de ele ser devidamente identificado, mostra qu�o diferente a pandemia de Sars poderia ter ocorrido.

O especialista em medicina respirat�ria de 64 anos foi infectado ap�s tratar um paciente no hospital onde trabalhava na Prov�ncia de Guangdong. Em 21 de fevereiro de 2003, Jianlun viajou para Hong Kong para comparecer a um casamento e se hospedou em um quarto no nono andar do Metr�pole Hotel.

Embora estivesse com febre e leves sintomas respirat�rios por cinco dias, ele estava bem o suficiente para fazer alguns passeios tur�sticos com um parente.

Mas no dia seguinte seus sintomas pioraram, ent�o ele caminhou at� um hospital pr�ximo e pediu para ser colocado em isolamento. Na �poca, ele j� havia infectado involuntariamente 23 pessoas, incluindo h�spedes do Canad�, Cingapura e Vietn�, que ent�o carregaram o v�rus de volta para seus pr�prios pa�ses, onde novos surtos o espalharam.

No final, a OMS estimou que cerca de 4 mil casos puderam ser rastreados at� Jianlun, que tamb�m sucumbiu ao v�rus. Sem o esfor�o global para eliminar a Sars e as caracter�sticas do v�rus que tornaram isso mais f�cil, n�o h� d�vida de que a pandemia poderia ter sa�do de controle.

Infelizmente, essa situa��o � extremamente incomum. Al�m da Sars, apenas dois outros v�rus foram levados � extin��o propositalmente - a var�ola e a peste bovina. "N�o � trivial. � realmente muito dif�cil quando voc� tem um v�rus que est� bem adaptado", diz Stanley Perlman, microbiologista da Universidade de Iowa.

A guerra contra esses dois v�rus foi vencida com vacinas, que tamb�m t�m como objetivo eliminar a poliomielite - os casos diminu�ram 99% desde os anos 1980 - e possivelmente o sarampo, embora recentemente esses esfor�os tenham sido prejudicados pela guerra, o movimento antivacina e a COVID-19.

Ent�o, o que dizer dos outros v�rus que atormentaram a humanidade nos �ltimos anos? O ebola vai desaparecer? E para onde foi a gripe su�na?

Infelizmente, � improv�vel que alguns v�rus sejam extintos, porque n�o somos o �nico hospedeiro.

Em humanos, os surtos de ebola acabam o tempo todo. Houve pelo menos 26 em toda a �frica desde que o v�rus foi descoberto em 1976, e esses s�o apenas os que causaram casos suficientes para serem detectados pelas autoridades de sa�de.

Eles tendem a ocorrer quando o v�rus passa de um animal - geralmente um morcego - para um humano, que ent�o infecta outros humanos. Enquanto houver morcegos, o ebola talvez sempre esteja conosco, independentemente de haver uma �nica pessoa infectada em qualquer parte do planeta.

Na Guin�, uma an�lise de Emma Glennon e colegas da Universidade de Cambridge descobriu que tipos sutilmente diferentes de ebola provavelmente passaram de um animal para uma pessoa aproximadamente 118 vezes diferentes, muitas vezes sem que ningu�m percebesse.

Na verdade, a quantidade de varia��o gen�tica entre as cepas respons�veis %u200B%u200Bpor diferentes surtos sugere que esses eventos de "transbordamento" s�o alarmantemente comuns.

Embora o d�cimo surto de ebola que assolou a Rep�blica Democr�tica do Congo tenha sido declarado oficialmente encerrado em 25 de junho deste ano - e n�o h� evid�ncias de que a cepa que o causou tenha persistido em humanos -, naquele momento outro j� havia come�ado.

O 11º surto est� atualmente confinado ao noroeste do pa�s e acredita-se que seja causado por um novo tipo de ebola, que foi adquirido de um animal totalmente independente de todos os outros.

Tarefa quase imposs�vel

As autoridades de sa�de locais e a OMS enfrentam v�rios outros desafios quando se trata de combater o ebola. A falta de financiamento dificultou a vigil�ncia dos casos de ebola, ao passo que a presen�a de grupos armados nas �reas afetadas est� tornando isso inseguro para os profissionais de sa�de.

Tamb�m h� relut�ncia entre alguns em procurar tratamento para o ebola, com as pessoas preferindo permanecer em suas comunidades. Das seis esp�cies de ebola, h� apenas uma vacina para uma delas - o tipo que matou 11 mil pessoas na �frica Ocidental entre 2013 e 2016.

Mesmo com um esfor�o herc�leo para erradicar o v�rus das popula��es humanas, ele ainda continuar� circulando em seu hospedeiro original - os morcegos.

Isso significa que a �nica maneira de levar o v�rus � extin��o � elimin�-lo na natureza, o que � uma tarefa quase imposs�vel.

Da mesma forma, acredita-se que o Mers, que atingiu as manchetes mundiais em 2012 quando surgiu pela primeira vez ap�s infectar humanos a partir de camelos, foi passado para outras pessoas em centenas de ocasi�es diferentes.

"A Sars foi embora porque n�o h� outro hospedeiro �bvio", diz Perlman. Acredita-se que a Sars saltou para os humanos por meio de um musang, um mam�fero da selva que mora em �rvores e � considerado uma iguaria na China.

Perlman aponta que o v�rus n�o pode simplesmente recuar de volta para esta esp�cie, porque eles n�o s�o comumente infectados - o animal que o passou a um humano foi provavelmente um dos poucos que foram infectados e pode ter contra�do diretamente de um morcego.

O mesmo n�o pode ser dito sobre o novo coronav�rus, que, mais uma vez, acredita-se que tenha pertencido originalmente a morcegos antes de ter brevemente passado para outro animal - possivelmente pangolins - e eventualmente humanos.

"Com a COVID-19, o reservat�rio agora somos n�s", diz Perlman. Na verdade, o Sars-Cov-2 se tornou um v�rus t�o humano que os cientistas come�aram a se perguntar se ele se espalhar� ao contr�rio - dos humanos para a vida selvagem, em uma esp�cie de "transbordamento reverso". Isso o tornaria ainda mais dif�cil erradicar.


A poliomielite foi recentemente anunciada como erradicada na África após um longo programa de vacinação(foto: Getty Images)
A poliomielite foi recentemente anunciada como erradicada na �frica ap�s um longo programa de vacina��o (foto: Getty Images)

Isso nos leva a outro cen�rio poss�vel, que envolve v�rus que existem continuamente nas pessoas. Embora possam ficar na nossa esp�cie para sempre, acontece que linhagens individuais de v�rus desaparecem com not�vel regularidade.

Veja a gripe, da qual existem dois tipos principais.

Em primeiro lugar, h� a influenza A, que infecta muitos outros animais, bem como humanos - principalmente p�ssaros aqu�ticos, de patos e gansos a animais selvagens raros da Ant�rtica, como o petrel gigante - mas est� sempre conosco de uma forma ou de outra. Esse tipo � respons�vel pela maioria dos casos de gripe sazonal - e tamb�m causa pandemias.

Depois, h� a influenza B, que infecta apenas humanos e - estranhamente - focas, e nunca causa pandemias.

Durante anos, pensou-se que as cepas de influenza A com as quais vivemos est�o em constante evolu��o para serem mais capazes de nos infectar. Mas as pesquisas cient�ficas mais recentes mostram que esse n�o � o caso.

Acontece que qualquer pessoa que morreu antes de 1893 nunca ter� sido infectada com nenhuma das cepas de influenza A que existem hoje. Isso porque todos os v�rus da gripe que existiam em humanos at� cerca de 120 anos atr�s foram extintos.

A cepa que causou a pandemia de 1918 tamb�m desapareceu, assim como a que levou ao surto de gripe avi�ria em 1957, que matou cerca de 116 mil pessoas nos Estados Unidos, e o tipo de gripe que circulava em 2009, antes do surgimento da gripe su�na.

As cepas de gripe estabelecidas tendem a continuar evoluindo por muitos caminhos diferentes - ent�o, a grande maioria ser� extinta abruptamente. A cada poucas d�cadas, um novo tipo de gripe ir� evoluir para substitu�-los, geralmente feito de uma combina��o de v�rus da gripe antigos e novos, rec�m-chegados de animais.


Os vírus detectam erros em seu código genético à medida que se espalham, portanto, em alguns casos, é possível simplesmente esperar que eles desapareçam(foto: Reuters)
Os v�rus detectam erros em seu c�digo gen�tico � medida que se espalham, portanto, em alguns casos, � poss�vel simplesmente esperar que eles desapare�am (foto: Reuters)

"� realmente interessante porque se voc� estiver focado em qualquer cepa em particular - ou melhor, em qualquer sequ�ncia gen�tica particular que est� se replicando - h� uma taxa de extin��o muito, muito alta", diz Cobey. "As cepas est�o morrendo a cada dois anos agora. � complicado, mas estamos vendo uma rotatividade muito alta."

Curiosamente, em vez de se adaptar aos humanos ao longo do tempo, parece que o H1N1 - o tipo que causou a pandemia de gripe e a gripe su�na de 1918 e agora desapareceu - vinha acumulando muta��es silenciosamente que eram in�teis ou at� mesmo ativamente prejudiciais � sua pr�pria sobreviv�ncia.

Agora, alguns cientistas est�o sugerindo que acelerar esse processo pode nos permitir usar a r�pida evolu��o dos v�rus humanos end�micos a nosso favor.

A ideia j� existe h� algum tempo como uma forma de nos livrarmos da gripe e resfriados - mas recentemente tamb�m foi sugerida como um m�todo de combate � COVID-19.

Muta��es demais

No centro do plano est� a estrutura dos "v�rus de RNA" - um grupo que inclui muitos dos pat�genos mais intrat�veis %u200B%u200Bda humanidade, incluindo HIV, gripe, coronav�rus e ebola. Seu material gen�tico � feito de RNA em oposi��o a DNA, o que significa que quando eles sequestram a m�quina de seu hospedeiro para se copiarem, eles n�o incluem uma etapa de "revis�o" em que verificam se h� erros.

Isso geralmente � considerado uma coisa ruim para os humanos, porque essas muta��es significam que existe uma quantidade extraordin�ria de diversidade gen�tica entre os v�rus de RNA, permitindo que eles evoluam rapidamente - ent�o, quaisquer vacinas ou medicamentos que os visem se tornam obsoletos rapidamente.

"Embora gostemos de pensar nas cepas de gripe como uma sequ�ncia unit�ria, na verdade, o que elas representam � uma s�rie de sequ�ncias gen�ticas diferentes", diz Lipton. No curto prazo, essa peculiaridade torna mais dif�cil erradicar a gripe, porque nessa s�rie podem estar v�rus que nosso sistema imunol�gico n�o reconhece e, portanto, s�o capazes de se infiltrar em nosso corpo sem serem notados.

Mas essa taxa impressionante de muta��o � uma faca de dois gumes. Acima de uma certa taxa, as muta��es tornam-se prejudiciais, levando a cepas de v�rus carregadas de falhas gen�ticas que impedem sua dissemina��o. Eventualmente, isso pode levar � sua extin��o.

Acelerar a evolu��o viral artificialmente com drogas que os estimulam a sofrer muta��es a uma taxa ainda maior do que o normal pode trazer alguns benef�cios.

Primeiro, pode enfraquecer o v�rus o suficiente para reduzir a quantidade que circula dentro de cada paciente. Isso pode tornar mais f�cil o tratamento em pessoas com doen�as graves.

J� existem algumas evid�ncias de que isso pode funcionar - ensaios cl�nicos nos EUA e no Jap�o descobriram que o medicamento indutor de muta��o "favipiravir" � eficaz contra a cepa de gripe H1N1. A virologista Elena Govorkova, do St. Jude Children's Hospital em Memphis, Tennessee, e sua equipe mostraram que a droga parece tornar o v�rus da gripe menos infeccioso.

Em segundo lugar, certas cepas de v�rus, como os tipos de COVID-19 - dos quais j� existem pelo menos seis - podem acumular muta��es suficientes que s�o prejudiciais a si mesmas para que desapare�am por completo. Na �ndia, j� h� evid�ncias de que isso pode estar acontecendo naturalmente.

O v�rus est� sofrendo muta��es em um ritmo vertiginoso e foi sugerido que ele poderia estar se dirigindo em dire��o a um penhasco evolutivo sozinho.

No entanto, por mais que tentemos, alguns cientistas est�o c�ticos de que algum dia seremos capazes de dizer que qualquer v�rus se foi para sempre.

"O termo 'extinto' talvez seja enganoso", diz Ian Lipkin, epidemiologista da Columbia University, em Nova York. "Os v�rus podem estar presentes em muitos locais - eles podem se esconder nas pessoas, eles podem se esconder em materiais que s�o armazenados em freezers, eles podem se esconder na vida selvagem e em animais dom�sticos - � realmente imposs�vel dizer se um v�rus foi extinto."

Ele aponta que os frascos de var�ola ainda existem em freezers em pelo menos dois locais - e h� um debate em andamento sobre se devemos lev�-los � extin��o de forma mais definitiva.

Como a maioria dos programas de vacina��o terminou na d�cada de 1970, muitos est�o preocupados com o fato de que esses raros estoques de var�ola podem ter o potencial de desencadear outra grande pandemia global.

Isso sem mencionar a amea�a latente dos v�rus sint�ticos - em 2017, uma equipe de cientistas canadenses ressuscitou o v�rus do "horsepox", um parente pr�ximo da var�ola, que poderia ou n�o estar extinto.

Como acontece com muitos outros v�rus, ningu�m sabe ao certo se ele morreu, mas os cientistas foram capazes de recri�-lo usando registros de seu c�digo gen�tico e fragmentos de DNA.

Claro, isso n�o significa que nossos esfor�os de erradica��o sejam in�teis. Na verdade, Cobey pensa agora, mais do que nunca, que devemos nos concentrar em reduzir a quantidade de pat�genos humanos.

"Espero que este seja um per�odo em que possamos refletir sobre que tipo de doen�as queremos trabalhar para erradicar", diz ela. "Existem muitos pat�genos por a� - a maioria das pessoas n�o reconhece quantos."

Quem sabe, talvez a COVID-19 inspire uma nova revolu��o cient�fica, e o conceito de pegar v�rios resfriados ou gripes a cada ano se tornar� t�o estranho quanto ter que se preocupar com a var�ola.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site da BBC Future.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)