Depois de sofrer com sintomas graves de covid-19, como febre alta e quedas de oxigena��o no sangue que o obrigaram a receber oxig�nio suplementar e a ser levado de helic�ptero ao hospital militar Walter Reed h� quatro dias, o presidente americano Donald Trump parece convencido de que j� venceu a batalha contra a doen�a.
Nesta segunda-feira (05/10), ele anunciou via Twitter que seria liberado da interna��o no fim do dia e escreveu: "N�o sintam medo da covid-19. N�o a deixem dominar suas vidas".
I will be leaving the great Walter Reed Medical Center today at 6:30 P.M. Feeling really good! Dont be afraid of Covid. Dont let it dominate your life. We have developed, under the Trump Administration, some really great drugs & knowledge. I feel better than I did 20 years ago!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 5, 2020
O post do presidente � enviado a uma popula��o severamente atingida pela pandemia e que j� perdeu quase 210 mil pessoas para o novo coronav�rus, quatro vezes mais mortes do que a Guerra do Vietn� provocou.
"Ou n�o sinta medo do coronav�rus se voc� � o presidente dos Estados Unidos com acesso aos melhores cuidados, rem�dios e tratamentos experimentais", comentou Dana Bash, correspondente de pol�tica da CNN em Washington D.C.
Em seu tratamento at� o momento, Trump recebeu dois tipos de anticorpos monoclonais experimentais, o antiviral remdesivir e o corticoide dexametasona, usado apenas em casos graves de covid-19. Ele tamb�m precisou de oxig�nio suplementar.
O time de profissionais da sa�de respons�veis pela aten��o a Trump contava com 13 m�dicos e enfermeiros, liderados por Sean Conley, um m�dico oficial da Marinha respons�vel pela aten��o prim�ria ao presidente.
Al�m das drogas experimentais a que teve acesso e da possibilidade de ser levado de helic�ptero ao hospital depois de dois incidentes de queda de satura��o sangu�nea na sexta-feira (02/10), Trump ficou instalado em um espa�oso apartamento do hospital, com v�rios ambientes, e equipado com cama de casal, mesa de jantar, poltronas de couro e escrivaninha para trabalho.
Nada parecido com o leito composto por maca e aparador, apartado dos demais por paredes de len��is, em grandes enfermarias hospitalares, que boa parte dos 7,3 milh�es de pacientes com covid-19 nos EUA precisou enfrentar.
Ao jornal The Washington Post, Jeanne Marrazzo, especialista em doen�as infecciosas da Universidade do Alabama, afirmou que a situa��o privilegiada do presidente e de outros pacientes com alto status social "refletem as desigualdades inerentes ao nosso sistema de sa�de".
"Sabemos que os VIPs (Very Important People, ou Pessoas Muito Importantes, na sigla em ingl�s) recebem atendimento extraordin�rio nosso sistema de sa�de j� distingue as pessoas consideradas merecedoras do mais alto n�vel de atendimento, e esse � o fato e a realidade em nossa sociedade", afirmou.
Desinforma��o sobre o estado do presidente
Desde que anunciou o diagn�stico, na madrugada de sexta-feira (02/10) as reais condi��es de sa�de do presidente Trump s�o um mist�rio. Isso porque diferentes fontes da Casa Branca deram vers�es conflitantes sobre o estado de sa�de do mandat�rio ou afirmaram coisas que as imagens de Trump n�o corroboravam.
Ainda na sexta, quando ele foi levado ao hospital, a Casa Branca informou que a medida era resultado de uma "abund�ncia de precau��es".
Conley, o m�dico do presidente, afirmou que Trump estava bem disposto. Os sintomas seriam leves. No entanto, em um v�deo em que falava � na��o na sexta, minutos antes de tomar o helic�ptero para o hospital, Trump aparecia diante das c�meras visivelmente abatido, p�lido e cansado, o que contrariava a narrativa oficial.
No s�bado de manh�, Conley se recusou a informar sobre febre ou necessidade de oxig�nio suplementar para Trump e afirmou que o presidente estava "indo muito bem".
Em uma entrevista confusa e tensa, disse que o diagn�stico havia sido dado 72 horas antes daquele momento, adiantando em quase 36 horas a descoberta da enfermidade em rela��o ao an�ncio do teste positivo de Trump para covid-19. Horas mais tarde, em nota, o m�dico afirmou que se confundiu nas datas e queria falar em "dia 3" e n�o em "72 horas".
Diante das palavras dos profissionais m�dicos, Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca, procurou os rep�rteres para dizer exatamente o contr�rio do que tinha sido dito por Conley minutos antes.
Segundo Meadows, "os sinais vitais do presidente nas �ltimas 24 horas eram preocupantes" e o caminho para uma recupera��o completa ainda n�o estava pavimentado, as pr�ximas 48 horas "seriam cr�ticas". Meadows pretendia fazer as declara��es � imprensa sem se identificar, para n�o enfurecer Trump, que havia orientado sua equipe a n�o abrir detalhes sobre seu real estado. Mas uma c�mera de TV ligada transmitiu ao vivo as palavras de Meadows via internet.

Isso for�ou o m�dico Conley a rever suas afirma��es.
Na manh� de domingo, ele admitiu que o presidente teve "febre alta" e ao menos duas quedas de satura��o, com necessidade de oxig�nio extra. E anunciou que Trump havia iniciado o tratamento com o cortic�ide dexametasona, usado apenas em casos graves j� que atua como um imunossupressor e pode piorar a condi��o de pacientes com sintomas leves.
De acordo com o m�dico, sua inten��o inicial n�o era compartilhar informa��o falsa, mas disseminar uma atitude "otimista" em rela��o ao progn�stico de seu paciente. Ele, no entanto, se recusou a informar as condi��es dos pulm�es do presidente e se ele teria desenvolvido pneumonia em decorr�ncia do v�rus.
Visivelmente mais disposto pelos v�deos que compartilhou e pela frequ�ncia com que fazia postagens em suas redes sociais, Trump chegou a dar uma volta de carro no entorno do hospital no fim da tarde de domingo, para acenar para seus apoiadores que faziam vig�lia no local.
A melhora do presidente veio acompanhada da press�o dele para ser liberado do hospital e retomar sua campanha � reelei��o, a 29 dias do pleito. Al�m de um alegado t�dio, Trump viu surgirem duas pesquisas nacionais no domingo que mostravam uma amplia��o da margem de vantagem de seu rival Joe Biden sobre ele, de sete para dez pontos percentuais.
� nesse contexto que a alta acontece nesta segunda. Segundo Conley, Trump pode voltar para a Casa Branca porque n�o apresentou febre nas �ltimas 72 horas e estava mantendo bons n�veis de oxigena��o.
Mas o m�dico afirmou que o presidente ser� acompanhado 24 horas por dia por uma equipe de sa�de em sua resid�ncia oficial. E apelou para uma lei de prote��o de informa��es dos pacientes para n�o comentar outros detalhes sobre a situa��o do presidente. Para os americanos, ficam as palavras de Trump ("me sinto melhor do que h� 20 anos"), e a expectativa do que ver�o nos pr�ximos dias.

Mais de 10 pessoas pr�ximas infectadas
A primeira-dama, Melania Trump, tamb�m recebeu diagn�stico positivo na �ltima quinta.
Ela continua na Casa Branca e, segundo os m�dicos do casal, est� "indo muito bem".
Nos �ltimos dias, mais de 10 pessoas pr�ximas ao presidente foram diagnosticadas com covid-19. Entre elas est�o o assistente pessoal de Trump, Nick Luna, seu coordenador de campanha, Bill Stepien, e seu conselheiro de campanha, o ex-governador Chris Christie.
Nesta segunda (05/10), a secret�ria de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, informou pelo Twitter tamb�m ter testado positivo para a doen�a.
O candidato democrata � presid�ncia dos EUA, Joe Biden, foi testado duas vezes desde o an�ncio de Trump, com diagn�stico negativo em ambas as ocasi�es. Eles estiveram juntos na �ltima ter�a (29/09), no primeiro debate da corrida presidencial.

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